Notícias
Tecon Santos 10: oportunidade de expansão ou risco de gargalos?
Fonte: BE News
Novo terminal de contêineres vai a leilão ainda este ano, mas especialistas alertam sobre infraestrutura deficitária
Representantes das principais empresas do segmento de contêineres debateram o principal projeto de arrendamento portuário da história do Brasil: o futuro terminal de contêineres do Porto de Santos, o Tecon Santos 10, que vai a leilão ainda este ano.
Durante o último painel do Santos Export, fórum regional de Logística, Infraestrutura e Transportes, realizado nesta quarta-feira, os painelistas discutiram a modelagem do arrendamento e as melhorias na infraestrutura necessárias para que o terminal opere com sua capacidade total.
Projetado para movimentar até 3,5 milhões de TEU por ano e ampliar a capacidade de movimentação de contêineres no Porto de Santos, a operação do Tecon Santos 10 depende da melhoria nos acessos para evitar gargalos no sistema rodoviário.
O diretor de Operações Portuárias da Santos Brasil, Bruno Stupello, salientou que as melhorias nos acessos rodoviários ainda não foram bem endereçadas no edital do projeto.
“O Tecon 10 é um projeto mais de longo prazo. O Tecon Santos, com capacidade de 2,6 milhões de TEU, já atende 4 mil caminhões. Estamos falando de um terminal potencialmente com 1 milhão de TEU a mais de capacidade e, com isso, um aumento proporcional no número de caminhões. É uma questão que foi repetida diversas vezes porque é uma preocupação muito grande”, comentou.
Os estudos para o arrendamento do projeto foram realizados pela Infra S.A.. Atualmente, o Tecon Santos 10 encontra-se em fase de audiências públicas, com a primeira tendo sido realizada nesta semana. Segundo o órgão do Governo Federal, a modelagem ainda não foi totalmente finalizada.
“A questão concorrencial ainda não está definida, estudos ainda estão sendo realizados. No primeiro momento, optou-se por retirar empresas armadoras de Santos, e depois se decidiu que elas poderiam entrar, mas sem participação de consórcios, ou seja, sozinhas. Neste momento, essa questão está sendo reavaliada, e o ideal é que a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) responda, até por ser a responsável pelo leilão”, afirmou Bruno Picinin Fernandes, da diretoria de Mercado e Inovações da Infra S.A..
A gerente sênior de Relações Institucionais da DP World, Luciana Guerise, afirmou que a atual modelagem não contempla, em sua opinião, a necessidade de melhorias nos acessos, como a dragagem de aprofundamento para 17 metros, permitindo ao porto receber os maiores navios do mundo, além de novas ligações rodoviárias da capital até o complexo santista. Essas melhorias estão atualmente previstas na terceira pista da Rodovia dos Imigrantes, projetada para 2030.
“A gente precisa acionar esses projetos para que eles sejam mais céleres. E, para isso acontecer, são duas questões: questão ambiental e vontade política. A vontade política já está evidente para a concepção do projeto, precisa achar essa vontade para os acessos”, pontuou.
A crítica aos acessos também foi feita pelo head de Public Affairs do Grupo Maersk para a América Latina, Danilo Veras. “Nós estamos falando de incluir o dobro de área no Porto de Santos, mas não se sabe ainda se tem os acessos adequados. Discutimos aqui que ainda não há solução para a falta de acessos, que é o problema desde o início de toda essa discussão”, disse.
O diretor de Investimentos em Terminais da TiL (Terminal Investment Limited), Patrício Júnior, declarou que o leilão do Tecon Santos 10 deve atrair muitos interessados entre as empresas que operam contêineres, pois uma concorrência ampla agrega valor ao processo.
“Quanto mais pessoas fizerem bids (ofertas), melhor será o preço, e mais o governo ganha. Tem muita competição entre todos, e só existe discussão porque há muita competição. O Brasil Export é o melhor local para produzir espaços para discussões como essa”, destacou.



Comentários (0)
Compartilhe
Voltar