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Atrasos contínuos comprometem exportações de café

Fonte: BE News
 
Segundo boletim produzido pela ElloX Digital com o Cecafé, 77% das embarcações no complexo tiveram alteração de escala em janeiro
 
O Porto de Santos (SP) foi responsável por 75,3% das exportações de café do Brasil em janeiro deste ano, conforme o último relatório mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Contudo, o complexo portuário enfrenta dificuldades logísticas que impactam diretamente a receita do setor. De acordo com o Boletim Detention Zero (DTZ), produzido pela startup ElloX Digital em colaboração com o próprio Cecafé, 77% das embarcações, ou 122 de 158 navios programados, sofreram atrasos ou alterações de escala.
 
Para se ter uma ideia do impacto, das 672.113 sacas de café (equivalentes a 2.037 contêineres) que não foram embarcadas nos portos brasileiros, 461.704 sacas (69% do total) estavam no Porto de Santos. Esse volume representou uma perda potencial de US$ 226,05 milhões (R$ 1,361 bilhão), com prejuízos logísticos de R$ 6,134 milhões apenas em janeiro e R$ 57,7 milhões acumulados desde junho de 2024.
 
O Porto de Santos permaneceu constantemente acima de 70% de alterações de escala durante todo o ano passado. O índice atingiu seu ponto mais alto em agosto, quando 86% dos navios (110 embarcações) sofreram alterações. Já o mês de outubro registrou o menor percentual, com 74% das embarcações (125) impactadas. Em janeiro deste ano houve queda de 7% em relação ao mês anterior. Em dezembro de 2024, o índice foi de 84% (132 navios).
 
O processo de embarque nos portos inicia com a abertura do gate, uma janela de tempo em que os caminhões podem acessar o terminal para descarregar mercadorias. A eficácia desse procedimento é crucial: se a abertura do gate for adiada, os contêineres não são carregados no prazo, o que gera atrasos no cronograma e custos extras de armazenagem e penalidades de detention (taxas por devolução tardia de contêineres). Em janeiro, 40 navios não tiveram os gates abertos no Porto de Santos, impedindo o embarque das cargas programadas. Apenas 9% dos embarques ultrapassaram quatro dias de gate aberto. A maior parte (50%) ficou entre três e quatro dias, e 41% duraram menos de dois dias, prejudicando a eficiência das operações. Sete embarcações enfrentaram atrasos superiores a um mês, com duas delas aguardando até 40 dias para completar as operações.
 
Competitividade
 
As frequentes mudanças de escala e os prolongados atrasos causam um impacto também na competitividade do café brasileiro no mercado internacional. Com o aumento dos custos logísticos e a redução das receitas de exportação, produtores e exportadores enfrentam desafios crescentes para manter a rentabilidade.
 
Segundo Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé, “do volume total acumulado de 1,8 milhão de sacas que estava represado nos portos até dezembro de 2024, cerca de 1,2 milhão foi embarcado no mês passado”, o que justifica o volume robusto de 3,9 milhões de sacas exportadas pelo Brasil em janeiro. Ele observa que “o café que estava parado nos portos até dezembro vem saindo aos poucos, pois o Brasil está em período de entressafra e com menor oferta disponível”. Heron ainda destaca que “o país bateu um recorde anual de 50,5 milhões de sacas exportadas em 2024”.
 
Apesar de algumas melhorias pontuais, Heron ressalta que “o cenário logístico, apesar de apresentar melhoras em janeiro por conta da oferta reduzida, permanece desafiador, com muitos entraves e despesas adicionais elevadas, não previstas”. Ele acredita que “essa pseudo sensação de melhoria deve permanecer até a chegada da nova safra”. O diretor técnico também acrescenta que, embora haja investimentos anunciados nos portos, “o reflexo dessas medidas será sentido somente mais à frente”, e que o agronegócio nacional precisa de “ações céleres e urgentes” para evitar a continuidade dos prejuízos logísticos.
 
Heron destaca que “o esgotamento da infraestrutura nos portos é uma realidade que afeta diversas cargas conteinerizadas”. Ele também elogia os esforços dos terminais portuários e a busca por diálogo entre os agentes privados do comércio exterior e as autoridades públicas, afirmando que “é importante reconhecer a obstinada busca pelo diálogo, tanto dos agentes privados quanto das lideranças públicas, como as autoridades portuárias, o Ministério de Portos e Aeroportos e a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), que demonstram crescente interesse em informações reais, como os dados apurados pelo Cecafé, para entenderem os desafios e buscarem soluções”.
 
Santos segue como principal porta de saída do café
 
Principal via de exportação de café do Brasil, manteve uma participação importante no comércio exterior do produto em janeiro deste ano, apesar dos constantes desafios logísticos. Segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o complexo portuário foi responsável por 75,3% das exportações de café em volume embarcado no mês, uma leve redução em relação aos 76,5% registrados no mesmo período de 2024.
 
Em termos absolutos, o volume de sacas de 60 kg embarcadas por Santos caiu de 3.093.261 sacas em janeiro do ano passado para 2.995.689 sacas em janeiro de 2025, uma redução de 3,1%. No entanto, o volume de café despachado pelo porto aumentou, passando de 2.749.148 sacas para 2.803.483 sacas, um avanço de 2%.
 
O resultado geral das exportações brasileiras de café também apresentou uma leve queda, passando de 4.042.546 sacas em janeiro de 2024 para 3.976.765 sacas no mesmo mês deste ano, o que representa uma diminuição de 1,6%.
 

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