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Usina no litoral de São Paulo que abastece o Porto de Santos terá estudos para concessão; entenda

Fonte: A Tribuna On-line
 
Empresas foram habilitadas em chamamento público para doarem estudos
 
Duas empresas deverão doar estudos de viabilidade e modelo de concessão do complexo onde fica a Usina Hidrelétrica de Itatinga, em Bertioga, no litoral de São Paulo, em até 60 dias. A MPE Engenharia e Serviços e a Estratégica Engenharia foram habilitadas no chamamento público 03/2024 e autorizadas pela Autoridade Portuária de Santos (APS), responsável pela local.
 
O complexo abrange, além da usina, uma vila, que possui imóveis que já serviram de residência para 70 famílias, uma escola, um cinema, um mercado e uma igreja. Segundo a APS, os estudos apresentados servirão para avaliar uma futura concessão.
 
“Os estudos deverão incluir as estimativas de custos (operacionais e associados) para as alternativas”, informa a administração portuária, em nota. “Os dados a serem apresentados vão nortear a adoção de metas de produção e em quanto tempo poderão ser alcançadas”, explica a gestora do Porto, ressaltando que as doações não obrigam a APS a realizar a concessão ou mesmo utilizar os dados apresentados.
 
A ideia de concessão visa ampliar a infraestrutura, a produção e a distribuição de energia elétrica, construir um parque de hidrogênio verde e transformar a vila em um resort turístico. Inicialmente, a APS prevê investimento de R$ 500 milhões. “Itatinga, de acordo com perspectiva da área técnica da APS, além da geração de energia elétrica é capaz de proporcionar soluções para a diversificação da matriz energética do Porto de Santos, com foco na viabilidade da produção e utilização do hidrogênio verde e outras fontes de energia renováveis, como a energia eólica offshore e solar fotovoltaica”.
 
A usina
 
A Usina de Itatinga é capaz de produzir até 15 megawatts por hora de energia elétrica, abastecendo a sede administrativa do Porto em 99% e mais dez terminais em 35%. O acesso ao local é por lancha, navegando pelo canal de Bertioga. No local, o acesso ocorre por meio de bondes da década de 1920, que fazem um percurso de 7,5 km. A viagem dura cerca de 25 minutos.
 
Abastecimento
 
De acordo com a APS, o aumento da oferta de energia pelo Porto de Santos pode permitir que os navios atracados sejam conectados à rede elétrica terrestre, podendo desligar os motores a diesel enquanto estiverem parados. “Atualmente, as embarcações mantêm os motores auxiliares ligados para fornecer energia elétrica, consumindo combustível, gerando custos operacionais e aumentando as emissões de gases de efeito estufa (GEE)”.
 
Fornecer energia a navios é viável
 
O Porto de Santos recebe, em média, seis mil navios por ano, entre entradas e saídas, e, durante o período de operação, quando estão atracados, queimam óleo diesel e acabam poluindo o meio ambiente com gás carbônico.
 
“O resultado disso é uma cidade altamente carbonizada, com uma carga grande de CO2”, afirma o ex-diretor de Desenvolvimento de Negócios e Regulação da APS, o engenheiro Eduardo Lustoza.
 
Ele diz que “a potência disponibilizada hoje pela Usina de Itatinga não atende 100% dos arrendatários e nem aos navios”. Mas, a expansão da produção energética pode gerar ganho ambiental para a região.
 
Tomadas
 
O engenheiro salienta que a expansão da produção energética da usina sob concessão privada possibilitará que os navios atracados sejam “ligados nas tomadas” se alimentando de energia, evitando assim a queima de diesel.
 
Ele avalia que a Usina de Itatinga tem potencial para, por exemplo, ampliar a capacidade do reservatório de água. “Que os interessados coloquem mais duas turbinas para que a usina tenha disponibilidade de atender 100% dos navios”.
 
Ganho ambiental
 
Eduardo Lustoza lembra que Santos é o único porto do Brasil com uma usina hidrelétrica. “Se nós colocarmos uma empresa especializada no que a gente chama de GTD, geração, transmissão e distribuição de energia, e aumentar a potência, teríamos ganho ambiental para a região, uma cidade menos poluída por CO2”, diz o engenheiro.
 

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