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Guarda Portuária se destaca na segurança do Porto de Santos há mais de um século

Fonte: A Tribuna On-line
 
Por terra ou pelo mar, há mais de 130 anos, a Guarda Portuária é responsável pela segurança pública e fiscalização de todas as áreas do cais santista
 
Com um efetivo de 267 agentes, dos quais 35 são mulheres, tanto em terra quanto no mar, a Guarda Portuária lida com um universo que cresceu muito desde sua criação, em 1893. Naquele ano, o presidente da República, Floriano Peixoto, estabeleceu o regulamento da então Companhia Docas de Santos (CDS) e, com ele, o policiamento interno do Porto de Santos.
 
Os números referentes ao complexo portuário santista são superlativos: 16 quilômetros de extensão de cais, 25 quilômetros de canal de navegação, 45 quilômetros de vias públicas, 55 terminais, 66 berços de atracação, 100 quilômetros de linhas férreas e 55 quilômetros de dutovias. São, em média, 12 mil carretas por dia com variadas cargas.
 
“A maioria dos nossos integrantes atua na parte terrestre, por conta dos acessos e da parte do policiamento das vias públicas nas margens Direita (Santos) e Esquerda (Guarujá), além da Usina de Itatinga, em Bertioga. No mar, temos o patrulhamento marítimo”, detalha o superintendente da Guarda Portuária, Wagner Pinheiro de Almeida. Há 15 viaturas operacionais, sendo uma do canil, duas lanchas (para o próximo ano, há previsão de mais um par, uma delas blindada), dois caminhões de combate a incêndio e dez motocicletas.
 
A Guarda Portuária possui variadas atribuições: o controle de acesso ao Porto (em 16 postos de fiscalização); a atuação como Autoridade de Trânsito nas vias do Porto; o patrulhamento marítimo ao longo do canal de acesso e na área de fundeio, atuando com foco na segurança portuária e na fiscalização de operações dos navios; prevenção e combate a incêndios; credenciamento de empresas, pessoas e veículos que acessam o Porto Público; desenvolvimento de ações de inteligência, com uso de drones, e o policiamento ostensivo de todo o complexo portuário.
 
“A grande missão da Guarda Portuária é garantir o comércio exterior: que a carga entre e saia do Porto com fluidez e segurança. Essa parte da fluidez consome a maioria da energia da corporação. Depois, vem a parte de trânsito, que é reflexo da primeira, e a parte policial vem lá embaixo, muito pelo fato de estarmos prevenindo”, lista Almeida.
 
Câmeras e drones
 
A tecnologia está presente no Centro de Controle, Comunicação, Operação e Monitoramento (CCCOM), inaugurado em 2007. São 800 câmeras, sendo 600 próprias e outras compartilhadas de terminais e da Prefeitura de Santos por meio de acordo de cooperação técnica. Também foi feito igual acordo com a Ecovias, concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), e será assinado outro em breve com a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
 
“Há também uma no fly zone (espaço em que não se voa) para (verificação de) drones no Porto de Santos, o mesmo que acontece nos aeroportos e presídios. A Aeronáutica só autoriza o voo se a Autoridade Portuária o fizer. Já foi um avanço muito grande. Também estamos adquirindo um sistema de identificação e bloqueio de sinal de drones”, detalha o superintendente.
 
Futuro e legislação
 
O futuro da Guarda Portuária, segundo o superintendente, passa diretamente por uma legislação mais compatível com a realidade do tamanho do Porto de Santos. Almeida lembra que o Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) está atuando na revisão de uma portaria que rege o trabalho da corporação nos complexos portuários de todo o Brasil.
 
“As diferenças entre um porto e outro são muito grandes, mas há, no momento, apenas uma legislação trazendo diretrizes para todos os complexos portuários. Aqui, precisaria de uns 400 homens para dar conta de tudo, enquanto há portos em que existem locais para apenas dois navios, com uma entrada e uma saída e sem vias públicas. Essas diferenças acabam atrapalhando Santos”, comenta.
 
Vale recordar que o concurso promovido em junho para várias funções incluiu 67 vagas para guarda portuário. Enquanto isso não acontece, Almeida comemora os dados.
 
“O Porto de Santos representa 20% da área insular do município de Santos. É um número grande. Se for pegar os registros de ocorrência de todas as delegacias de Santos e das duas de Guarujá e somar tudo, o complexo portuário representa apenas 1,29% das ocorrências criminais. Sinal que o trabalho está sendo bem feito”.
 
Com nova sede, corporação terá "quartel-general"
 
A construção do túnel Santos-Guarujá fará com que a Guarda Portuária tenha uma nova sede, dentro do complexo da Autoridade Portuária de Santos (APS), na Margem Direita. O motivo é que imóveis que abrigam instalações da corporação serão demolidos em razão da obra. O novo local já está definido, segundo o superintendente Wagner Pinheiro de Almeida.
 
“Vai ser feita onde era o galpão da Mecânica, que está vazio. Ele sofreu uma descontaminação do solo e praticamente já está reservado para esta nova sede da Guarda Portuária. Já foi feito todo o projeto arquitetônico, vai ser contratada uma empresa para um projeto básico e, na sequência, haverá a execução da obra. A gente ainda precisa determinar o custo”, revela.
 
Pinheiro considera a nova sede como a realização de um sonho, porque, atualmente, a Guarda Portuária está espalhada em vários locais. “Isso dificulta chamar o pessoal para uma reunião preliminar ou mesmo para passar as experiências das ocorrências na troca de turno. Hoje, isso não acontece da forma que gostaríamos em razão de, fisicamente, o supervisor estar na Central (na Avenida Rodrigues Alves) e a viatura, no Centro de Santos, na General Câmara, no nosso centro operacional”, explica.
 
Departamentos e esportes
 
O espaço reunirá o Centro de Controle, Comunicação, Operação e Monitoramento (CCCOM), o Centro de Controle de Operações de Segurança (CCOS), a Superintendência, o local para credenciamento para acesso ao Porto de Santos, o Centro de Operações de Segurança da Margem Direita (COS MD) - que tem as viaturas e a o setor operacional - e o canil - este último está hoje na Margem Esquerda.
 
“Vai ser um quartel-general da Guarda Portuária, com academia e espaço para a prática de esportes. Temos muitos guardas que praticam jiu-jitsu ou algum tipo de arte marcial. A ideia é reunir tudo em um único local - os setores operacional e social - para que todos possam, ao acabar seu trabalho, praticar uma atividade física ou artes marciais, como um lugar de convívio. O fato de todos iniciarem e terminarem o turno juntos, com todas as informações do que aconteceu no período anterior, será um ganho imensurável para a corporação”, completa o superintendente.
 
Os únicos departamentos que não irão integrar a nova sede serão o de Guarujá, pela necessidade de existir um centro no local, e o patrulhamento marítimo, pois está junto ao mar, na Ponta da Praia, em Santos.
 
Cães ajudam no patrulhamento
 
O Parque Valongo, construído em área do Porto cedida à Prefeitura de Santos e inaugurado no início deste mês, segue tendo o apoio da Guarda Portuária na vigilância.
 
“É uma atuação conjunta entre Guarda Portuária, Guarda Municipal e Polícia Militar. Temos feito diversas reuniões porque, em uma área que antes não tinha nada, passou a ter toda uma movimentação de pessoas. A gente faz um planejamento para atuar no Parque Valongo, independentemente se está ou não acontecendo um evento. E, pelo que soubemos, já tem programação agendada até o final do ano, uma colada na outra”, afirma o superintendente da Guarda Portuária, Wagner Pinheiro de Almeida.
 
Embora dentro do Parque Valongo não haja tanta atuação por parte da Guarda Portuária e, sim, mais nos acessos - do público e de serviço - e nas proximidades, há uma equipe da corporação nas dependências, que abrigam a Festa Inverno. Dois agentes, com seus respectivos cães - ambos da raça Pastor Belga Malinois -, circulavam pelas imediações. Os animais integram o canil da corporação, que fica na Margem Esquerda do Porto de Santos.
 
O cão Boomer, que era conduzido por Cleiton Santos da Silva, é o que chamava mais a atenção das crianças. Inicialmente meio assustados, os pequenos demoravam alguns minutos para se convencer que o animal era dócil, depois das palavras do guarda portuário, e posaria tranquilamente para fotos. O cachorro tem 7 anos e ainda levantava a pata direita dianteira para deixar o registro ainda mais divertido. Ao fundo, o cão Hulk, conduzido por Luiz Roberto Bettoni Filho, observava todo o movimento. No total, a Guarda Portuária tem quatro cães. Além dos dois que a reportagem teve contato, há outro Pastor Belga Malinois e um Border Collie.
 
O superintendente da corporação explica que os animais têm os papeis de fiscalização, como da grande quantidade de suprimentos entregues a navios de cruzeiro e de carga, e socioeducativo, com apresentações em escolas e entidades.
 
“Temos pessoal especializado em adestrar esses cães. A principal atuação deles é na parte preventiva, principalmente no consumo de bordo. Eles fazem toda atuação no cais público, com rondas preventivas, como as viaturas normais também fazem essa parte preventiva. Apoiam bastante também a Polícia Federal e a Alfândega, em caso de alguma suspeita sobre a qual já tem algum dado de inteligência ou análise de risco que foi feita em alguma carga específica, quando há o acionamento”.
 
Câmeras térmicas vão monitorar canal de acesso
 
A Guarda Portuária prevê, ainda neste ano, a instalação de 20 câmeras térmicas para monitoramento de todo o canal de acesso do Porto de Santos. O equipamento possibilita, principalmente à noite, identificar qualquer ponto de calor ao alcance dele. É especialmente voltado para pessoas que estejam escondidas. Atualmente, um dos dois drones que a corporação possui é integrado com a câmera dotada dessa tecnologia.
 
“É um salto de tecnologia absurdo. Já está em processo de compra. A ideia é colocar, de forma estratégica, para que a gente contemple tudo. Inicialmente são essas 20 que vão possibilitar esse monitoramento técnico de toda a extensão do canal do Porto”, afirma o superintendente da Guarda Portuária, Wagner Pinheiro de Almeida.
 
A burocracia é grande para adquirir as câmeras. Tanto que o processo já dura um ano e meio. Não apenas por serem importadas, mas também porque dependem de autorização do Exército. O motivo é que elas são consideradas equipamentos de defesa. “Estamos em uma fase bem avançada, já para colher o fruto. Já conseguimos autorização do Exército. Não é qualquer um que consegue, pois tem que ter diversas documentações”, garante.
 

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