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A decadência da infraestrutura de transportes

Fonte: O Estado de S. Paulo
 
A compressão dos investimentos em transportes tornou-se uma das características do governo Bolsonaro
 
 
Classificada entre as 30 piores das 141 malhas rodoviárias nacionais analisadas pelo Fórum Econômico Mundial, a brasileira pode cair ainda mais na classificação. Sem recursos públicos para investimentos em expansão ou modernização, os 55 mil quilômetros de rodovias federais receberão neste ano apenas serviços básicos de manutenção.
 
O problema não se resume às estradas. Nunca, ao longo deste século, o setor de infraestrutura de transportes sob controle da União recebeu tão poucos investimentos como em 2021, como mostrou reportagem do Estado (7/5). O pior é que, por vários motivos, não tem havido investimentos privados para compensar a penúria de recursos públicos.
 
É muito pouco o que sobrou para investimentos em transportes – rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos – depois dos estranhos acertos entre parlamentares e o governo para fechar o Orçamento da União para este ano. Foram destinados R$ 7,4 bilhões.
 
Esse valor corresponde a menos de um quinto (apenas 17,7%) do valor destinado para a mesma finalidade em 2012, quando, em valores corrigidos, foram previstos investimentos de R$ 41,8 bilhões em logística. O que será investido neste ano corresponde a menos da metade (em valores reais) do que foi investido há 20 anos.
 
A compressão dos investimentos em transportes tornou-se uma das características do governo Bolsonaro. Eles caíram de R$ 11,1 bilhões em 2018 (ainda no governo Temer) para R$ 10,1 bilhões em 2019 (governo Bolsonaro). Subiram discretamente em 2020, para R$ 10,6 bilhões, sem repor as perdas dos anos anteriores. E estão caindo novamente neste ano.
 
“Essa redução drástica é uma aposta pouco inteligente do ponto de vista do investimento”, diz o diretor executivo da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Bruno Batista, ao comentar esses números.
 
Só o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) necessita de mais de R$ 6 bilhões paras serviços básicos na malha rodoviária. É quase todo o valor disponível para transportes.
 
As concessões para a iniciativa privada da responsabilidade por boa parte da infraestrutura hoje sob controle público são indispensáveis. Mas o processo é lento. Enquanto elas não se concretizam, o País conviverá com a precarização do setor de transportes.
 

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