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Há 25 anos, portuários pararam a cidade de Santos
Fonte: AssCom Sindaport / Gisele de Oliveira
Fevereiro de 1991. Uma data que marcou a vida de milhares de portuários, suas famílias e toda uma cidade. Há 25 anos, os trabalhadores do Porto de Santos mostraram a força da união e o poder de mobilização. Pararam o cais, acamparam dentro da Codesp, bloquearam a entrada da cidade, tomaram a Praça Mauá, lotaram a avenida Rodrigues Alves, rezaram na Igreja Nossa Senhora da Aparecida, fizeram passeatas e promoveram caravana até Brasília.
Fevereiro de 1991. Uma data que marcou a vida de milhares de portuários, suas famílias e toda uma cidade. Há 25 anos, os trabalhadores do Porto de Santos mostraram a força da união e o poder de mobilização. Pararam o cais, acamparam dentro da Codesp, bloquearam a entrada da cidade, tomaram a Praça Mauá, lotaram a avenida Rodrigues Alves, rezaram na Igreja Nossa Senhora da Aparecida, fizeram passeatas e promoveram caravana até Brasília.
Nosso país era comandado por Fernando Collor de Melo. Embora tido como um milagre para o Brasil, logo mostrou suas garras. Lançou o plano Collor 1 e menos de um depois o Collor 2, que continha em seu texto a Medida Provisória 295, que limitava os reajustes salariais.
A Codesp era comandada por Paulo Peltier de Queiroz Júnior. E as perdas salariais dos portuários ultrapassavam os 150%. Em meio a esse cenário, a Companhia Docas fechou a porta da negociação com a categoria. E os trabalhadores não tiveram outra alternativa a não ser a de deflagrar greve geral.
Porém, no dia 18 de fevereiro o Tribunal Regional do Trabalho, de São Paulo, julgou a paralisação abusiva e determinou que o reajuste da categoria não passaria de 33%. O índice salarial foi negado pelos portuários em assembleia, que decretou a continuidade do movimento grevista.
A partir daí, o que se viu foi o desrespeito e a covardia com os trabalhadores portuários. Durante todo o dia 20 de fevereiro, companheiros das mais diversas funções foram surpreendidos com um telegrama em casa.
No total, 5.372 portuários foram demitidos. No texto, o trabalhador era informado de que não havia cumprido uma decisão judicial e por isso a Codesp estava rescindindo seu contrato de trabalho por justa causa. Ele deveria dirigir-se até a Administração do Pessoal da empresa para a baixa na carteira de trabalho.
Luiz Otávio de Carvalho guarda até hoje o telegrama. Na época, atuava como trabalhador de serviços gerais e recebeu o aviso das mãos de sua mãe. “Cheguei em casa e minha mãe me entregou o telegrama. Quando abri, li, não falei nada, sai de casa e fui para o sindicato”.
Assim como Luiz Otávio, que hoje trabalha no setor financeiro da Codesp, outros portuários não acreditavam no que estavam lendo. O vice-presidente do SINDAPORT, João de Andrade Marques, trabalhava como eletricista, era casado e também guarda na memória aquele fatídico dia. “Foi desesperador. Muitos companheiros recebiam o telegrama e sequer falavam para a família. Imagina, perder o emprego de uma hora pra outra”, indaga.
Uma comoção tomou conta da cidade. Muitas esposas foram para a rua, tomaram a Praça Mauá ao lado dos maridos e outras fizeram vigília na Igreja Nossa Senhora da Aparecida. Portuários que estavam de férias ou afastados por motivo de doença também foram às ruas e juntaram-se aos que tinham recebido o maldito telegrama.
Diante do caos econômico projetado para a cidade e da mobilização dos portuários, a então prefeita Telma de Souza abriu a sede da administração municipal aos trabalhadores para que as negociações com o Governo fossem centralizadas de lá. Uma caravana até Brasília com políticos e lideranças sindicais foi realizada visando sensibilizar o então ministro de Infraestrutura, Ozires Silva, e o ministro da Justiça, Jarbas Passarinho. A comitiva passou dois dias na sede federal.
No dia 28 de fevereiro, a cidade parou. O comércio não abriu, ônibus eram parados no bairro do Saboó, onde grande parte da categoria morava nos prédios do Conjunto Habitacional Athiê Jorge Cury. Toda a cidade ficou unida em prol dos portuários e da reversão das demissões. A então prefeita Telma de Souza decretou calamidade pública.
A notícia da luta santista já tinha se espalhado por todo o país e estava estampada em todos os jornais. O Governo não teve outra alternativa e recuou. Um telefonema do ministro da Justiça Jarbas Passarinho para a prefeita Telma de Souza pôs fim às demissões.
Às 13 horas do dia 1° de março de 1991 todos os portuários voltaram a seus postos na Codesp.
O dia 28 de fevereiro foi eternizado por lei municipal como Dia da Resistência Portuária. O dia que os portuários e toda a comunidade santista pararam a cidade em prol do emprego, de uma vida digna e do respeito ao trabalhador.
Será realizada missa na Paróquia São Tiago, no dia 28/02, domingo, às 10:00 horas, localizada a Rua Itanhaém nº 274, Chico de Paula, Santos (Rua do Colégio Bartolomeu de Gusmão).
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