Artigos e Entrevistas
Desafios do sistema portuário
Fonte: A Tribuna On-line / Roberto Teller*
O sistema portuário brasileiro enfrenta hoje um desafio crítico
O sistema portuário brasileiro enfrenta hoje um desafio crítico: a ocupação acima dos limites recomendados, especialmente no Porto de Santos, o maior e mais importante do País. Essa sobrecarga impacta diretamente a eficiência operacional, gerando custos logísticos elevados e atrasos que prejudicam a competitividade do Brasil no comércio internacional. O crescimento sustentado da demanda por infraestrutura portuária exige soluções estruturantes e de longo prazo.
Nesse cenário, os Recintos Especiais para Despacho Aduaneiro de Exportação (Redex) desempenham papel essencial. Esses recintos permitem que as mercadorias sejam armazenadas e liberadas para embarque ainda no interior do País, descongestionando os portos e otimizando o fluxo logístico. No entanto, apesar da importância dos Redex, sua expansão ainda enfrenta entraves burocráticos e regulatórios que dificultam sua plena utilização como alternativa eficiente ao gargalo portuário.
Os Terminais Retroportuários Alfandegados (TRAs) também desempenham papel essencial no suporte ao escoamento de cargas, proporcionando maior fluidez ao sistema e reduzindo a pressão sobre os terminais portuários molhados. A eficiência logística também depende diretamente das transportadoras, que enfrentam desafios como infraestrutura deficiente e custos elevados de operação.
O Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) tem trabalhado ativamente para mitigar esses desafios. As licitações em curso para novas áreas portuárias são uma iniciativa fundamental para ampliar a capacidade do sistema e atrair investimentos privados. Nesse contexto, é importante reconhecer o excelente trabalho realizado pelo ministro Silvio Costa Filho, bem como pela secretária-executiva, Mariana Pescatori, e pelo secretário nacional de Portos, Alex Sandro de Ávila. Sob essa liderança, avanços importantes estão sendo conquistados para modernizar e tornar mais eficiente a infraestrutura portuária nacional.
O Porto de Santos, que opera constantemente próximo do limite de sua capacidade, é um exemplo claro da necessidade urgente de expansão e modernização. Projetos de novos terminais e aprimoramento da acessibilidade terrestre são fundamentais para que o Brasil mantenha sua posição estratégica no comércio global, mas suas implantações tendem a ser demoradas. Devido a todas as licenças e autorizações, os novos terminais levam entre cinco e oito anos para poder operar e isso certamente agravará a ocupação de todo sistema portuário nacional e, em particular, o de Santos.
A matriz rodoviária brasileira continua sendo predominante no transporte de cargas, o que expõe o País a desafios como a deficiência na infraestrutura, altos custos logísticos e vulnerabilidade a crises, como observado durante a pandemia. Os problemas na matriz logística se agravaram nesse período e continuam impactando o setor mesmo após a pandemia, com dificuldades na reestruturação das cadeias de suprimento e aumento dos custos operacionais. A terceira via de acesso ao Porto de Santos será ainda um novo e difícil desafio, uma vez que, quando for implantada, provavelmente devido ao crescimento orgânico do Porto, deverá estar ainda defasada em relação às reais necessidades do crescimento projetado para os próximos anos.
O desafio agora é garantir que essas iniciativas se traduzam em soluções eficazes a curto e longo prazo. O fortalecimento dos terminais molhados, Redex, TRAs, armazéns gerais e transportes, bem como a celeridade nas licitações e o planejamento estratégico para expansão portuária devem continuar sendo prioridades. É uma necessidade para que o comércio exterior brasileiro supere os gargalos atuais e alcance um novo patamar de eficiência e competitividade.
*Roberto Teller, consultor sênior de infraestrutura na Alvarez & Marsal
*Roberto Teller, consultor sênior de infraestrutura na Alvarez & Marsal
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