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Terceira pista da Imigrantes vai custar entre R$ 6 bilhões e R$ 8 bilhões; obras terminam em 2031

Fonte: A Tribuna On-line
 
Em visita ao Grupo Tribuna, o secretário estadual de Parcerias em Investimentos comentou ainda sobre o túnel Santos-Guarujá, investimentos na Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, concessão das travessias de balsas com exigência de frota elétrica entre outros temas
 
Vista como solução logística para evitar o colapso do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), já à beira da saturação devido, principalmente, ao alto fluxo de caminhões com destino ao Porto de Santos, a terceira pista da Rodovia dos Imigrantes, que ligará São Paulo à Baixada Santista, deverá custar entre R$ 6 bilhões e R$ 8 bilhões, com entrega prevista para 2031. Em entrevista concedida durante visita ao Grupo Tribuna, o secretário estadual de Parcerias em Investimentos, Rafael Benini, comentou sobre a obra ligando o Planalto à região, cujo traçado foi divulgado por A Tribuna na última sexta-feira (10), além de falar sobre o túnel imerso Santos-Guarujá, os investimentos na Rodovia Padre Manuel da Nóbrega e o projeto de concessão das travessias de balsas à iniciativa privada, com a exigência de frota elétrica ao futuro administrador do serviço.
 
Qual é a previsão de entrega da terceira pista da Rodovia dos Imigrantes?
 
Na semana que vem, daremos entrada no protocolo para a licença prévia na Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), para fazer as medições de campo, poder finalizar o projeto executivo e obter a licença de instalação até o final do primeiro semestre de 2026. Com isso, a gente vai fechar um aditivo contratual com Ecovias, também nesse prazo, para que as obras comecem ainda no segundo semestre de 2026 e fiquem prontas no começo de 2031.
 
Qual o custo estimado da obra?
 
A gente imagina que a obra da terceira pista custe em torno de R$ 6 bilhões a R$ 8 bilhões.
 
O senhor pode detalhar o projeto e o aumento da capacidade de fluxo de veículos no Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI)?
 
Com a terceira pista, esperamos um aumento de 25% na capacidade do sistema e de 145% no fluxo de veículos comerciais na descida. A pista terá 21,5 quilômetros, sendo 17 quilômetros de túneis — um com 6 quilômetros, o maior do Brasil —, e quatro quilômetros de viadutos. A nova rodovia começará no km 43 da Imigrantes e, na Baixada Santista, será conectada à Cônego Domênico Rangoni no km 265, onde fica a balança.
 
O objetivo é eliminar os congestionamentos na entrada de Santos e nos acessos às duas margens do Porto de Santos. Com isso se dará na prática?
 
Esse ponto de conexão com a Cônego tem a mesma distância para as duas margens do Porto de Santos. Então, o caminhão que for para a Direita (Santos) usará a Via Anchieta e o que for para a Margem Esquerda, a nova pista.
 
Além de mais segura do que as outras rodovias do sistema, com inclinação média de 4%, a Imigrantes 3 será reversível, ou seja, poderá ser usada para a subida ao Planalto. Na prática, quais serão as facilidades?
 
Hoje, na entrada da Rodovia dos Imigrantes, junta o pessoal que vem de Santos, do Litoral Norte e do Litoral Sul, saindo de sete pistas para três pistas na Serra, virando aquele caos. Na reversão, com essa pista na subida, reduz-se o trânsito e aumenta a fluidez, inclusive na Baixada Santista.
 
A concessionária Ecovias fará todos os estudos, os projetos funcional, básico e executivo e a obra. O contrato será alterado?
 
O contrato da Ecovias vai até 2034 e a gente espera que ela entregue a obra antes disso. A gente vai fazer um aditivo para incluir o projeto e obra no contrato para o reequilíbrio econômico-financeiro.
 
Então o contrato da Ecovias será estendido?
 
O governador (Tarcísio de Freotas, Republicanos) já falou que quer colocar dinheiro público nessa obra, então, uma parte será financiada com o orçamento estadual e a outra parte pela Ecovias, com extensão de prazo. Lembrando que o fluxo de tráfego também ajudará a pagar a obra.
 
Uma das premissas do projeto é a redução de impacto ambiental. Como isso se dará na prática?
 
A ideia é justamente ter o menor impacto possível, tanto ambiental quanto social. Por isso a escolha do traçado, com os 17 quilômetros de túnel e o aproveitamento da estrada de serviço que foi usada para a construção da segunda pista da Imigrantes. Inclusive, vamos diminuir o máximo possível as desapropriações, por isso, a gente chega na balança, que já é uma área da rodovia (Cônego).
 
Quantos empregos devem ser gerados nessa obra?
 
Estimo mais de 1 mil empregos gerados na fase de construção.
 
A terceira pista terá cobrança de pedágio? A conexão no km 43 da Imigrantes é um pouquinho depois da interligação, vai ter outro pedágio?
 
(O usuário) já vai pagar o pedágio antes de pegar essa nova pista. Então, não.
 
A via beneficiará o transporte rodoviário de produtos trazidos do Interior para exportação no Porto de Santos?
 
O principal benefício é trazer os grãos, mas principalmente, o café, por causa da ligação da Rodovia Fernão Dias com o Rodoanel Mário Covas, saindo no Sistema Anchieta-Imigrantes. Poderemos escoar os produtos de Minas Gerais para o Porto de Santos sem precisar atravessar São Paulo, sem entrar na Rodovia Dutra.
 
O Ministério de Portos e Aeroportos planeja licitar o túnel Santos-Guarujá no fim do ano e o Governo do Estado deseja fazer isso em fevereiro. O projeto está em análise no Tribunal de Contas da União (TCU). Como São Paulo pretende antecipar o cronograma?
 
Pretendemos mostrar ao TCU que o projeto está conforme e, com isso, ganhar a permissão para soltar o processo por aqui (São Paulo). Afinal, quem vai administrar, fiscalizar e regular o túnel, dentro do nosso acordo com o Governo Federal, é o Estado de São Paulo. Isso agilizaria bastante.
 
Estado e proprietários de imóveis do Macuco, em Santos, chegaram a um consenso sobre uma solução chamada de ‘superquadra’, visando desapropriar o menos possível, e evitar transtornos durante as obras de acesso ao túnel. O que acontece se o TCU rejeitar esse traçado?
 
A coisa mais importante tanto para o Estado quanto para a Baixada Santista era ter a ligação para a passagem do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). O TCU não pode rejeitar questões técnicas, do Executivo, e sim questionar se os valores estão corretos.
 
Havia sido estipulado um valor de R$ 10,8 mil o metro quadrado do imóvel, que englobaria o valor de mercado imobiliário mais indenização por desapropriação. Esse valor está mantido?
 
Não, o valor ficou um pouco menos do que isso, por volta de R$ 6 mil a R$ 7 mil o metro quadrado. A gente expandiu a área de pesquisa para chegar a um preço mais justo para a população.
 
O Estado tem a intenção de arcar com as indenizações, caso o concessionário não possa cumprir com essa obrigação?
 
Nós colocamos a obrigação dentro do projeto para que o privado tenha o incentivo de fazer as desapropriações o mais rápido possível, começar as obras e receber a remuneração o mais rápido possível. É um alinhamento de interesses importantes.
 
Quando o Consórcio Litoral, novo concessionário do Lote Litoral, iniciará as obras na Rodovia Padre Manuel da Nóbrega, que englobam duplicação e ciclovias no trecho de Bertioga a Santos e ciclovias nos trechos Itanhaém-Peruíbe e Peruíbe-Miracatu?
 
A concessionária acabou de assumir e está providenciando o projeto executivo e o licenciamento ambiental. A gente espera que as obras comecem no segundo semestre desse ano.
 
As travessias litorâneas terão balsas elétricas no processo de concessão?
 
Fizemos a audiência e a consulta pública e, agora, a gente espera publicar o edital no segundo trimestre e fazer o leilão no terceiro para o novo concessionário assumir no quarto. A ideia é substituir todas as balsas existentes por elétricas, em até cinco anos, nas travessias Santos-Guarujá, Guarujá-Bertioga, Cananeia-Ilha Comprida e São Sebastião-Ilhabela. A empresa terá cinco anos para fazer essa troca e investir nas adequações dos atracadouros, que terão dispositivos de eletricidade para o carregamento das embarcações quando estiverem paradas, durante os embarques de veículos. São quase 100 balsas que serão substituídas, aumentando inclusive a disponibilidade. Na travessia Santos-Guarujá, onde pretendemos manter sete balsas operando, mesmo com o túnel, a disponibilidade por hora de operação aumentará 40%.
 
As embarcações elétricas também reduzem os impactos ambientais, correto?
 
Haverá menor emissão de CO2 particulado, menor contaminação do leito, com a eliminação de uso de combustível. Para a população, diminui a exposição ao material particulado, à fumaça, barulho.
 
Qual é o custo-benefício em comparação às balsas tradicionais?
 
A balsa elétrica, na verdade custa a mesma coisa do que reformar as antigas. Além, disso, tem um custo menor de operação no longo prazo, porque, hoje, 80% do custo da balsa é diesel. Resumindo, a balsa elétrica traz redução de custo, aumento de eficiência, redução de poluição sonora e de gás carbônico.
 

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