Artigos e Entrevistas

A solução do problema!

Fonte: A Tribuna On-line / Maxwell Rodrigues*
 
Atualmente, reflito rotineiramente se temos solução para os problemas com os quais convivemos por décadas
 
Existe um ditado que diz: “Se seu problema tem solução, então não há com que se preocupar. Se seu problema não tem solução, toda preocupação será em vão”. Atualmente, reflito rotineiramente se temos solução para os problemas com os quais convivemos por décadas. Semana passada, estive no Panamá, um país latino-americano que sofre, assim como o Brasil, com inúmeras dificuldades em questões como segurança publica, mobilidade e corrupção, entre tantas outras questões. Essas questões não são um privilégio do Brasil e outros locais enfrentam os mesmos problemas. A grande questão é entender se temos solução para os problemas que convivemos ou se não há solução e estamos nos preocupando em vão.
 
Vejo vários artigos publicados e lideranças do nosso setor portuário pontuando insistentemente - ou em até em algumas situações implorando - para que a relação do porto com a cidade seja harmoniosa. Já escrevi alguns artigos sobre o tema e continuarei motivado a seguir nesse caminho, principalmente depois da minha visita ao Panamá. E o desanimo já chegou a pouco mais de um quarto dos habitantes da Baixada Santista.
 
Digo isso porque 27% da população se absteve de votar no primeiro turno das eleições municipais do último domingo. Foram 392.057 pessoas.
 
Estranho analisar um país que se politizou tanto nos últimos anos e aparenta estar descrente dos políticos nessa eleição. Talvez estas 392.057 pessoas já não estejam preocupadas, pois tudo até então foi em vão. Assim como tantas reinvindicações feitas ao longo de décadas. Saímos da posição de maior da América Latina para maior do Hemisfério Sul. A gente se acostumou a conviver com a estratégia de entrega de obras e uma propaganda massiva em torno do dinheiro público, mas sem muita efetividade em espaço curto de tempo. Obras que se deterioram, não prosperam ou até mesmo que não têm funcionalidade ou são subutilizadas.
 
Não colocaremos nessa equação a miopia na gestão em que inauguramos obras atrás de obras e esquecemos que a arrecadação continua a mesma para custear tantos novos ativos. O resultado: equipamentos públicos recentemente inaugurados que se depreciam por falta de manutenção.
 
No Panamá, vi de perto o sucesso da relação do porto com a cidade em um ambiente próspero e que retroalimenta a economia. O Canal do Panamá é um local turístico que beneficia a logística mundial e o turismo regional. Segundo a autoridade turística local, cerca de 2,5 milhões de pessoas visitam o Panamá por ano. O lucro anual estimado do canal gira em torno de US$ 1,7 bilhão.
 
A atratividade do canal fez o Panamá entender a relação do porto com a cidade e compreender que o turismo de negócios é fundamental para a expansão de suas atividades. Executivos e turistas são bem recebidos e por lá se criou uma infraestrutura extraordinária para essa finalidade. Surgiu o Casco Viejo, local extremamente seguro e provido de alta gastronomia e arquitetura deslumbrante. Patrimônio tombado - assim como o Centro Histórico de Santos- e devidamente revitalizado com a dinâmica de atrair consumidores do mundo todo, e não só local. Os que visitam Casco Viejo encontram um ambiente incrível para desfrutar com a família ou realizar negócios.
 
Contudo, o local, apesar de ser completamente seguro, convive com muita insegurança ao seu redor. Curioso observar que as ruas onde se é seguro caminhar e “turistar” são de piso vermelho. Quando o turista regular ou de negócios percebe que uma rua não possui o conhecido piso vermelho, automaticamente toma ciência de que pode estar ingressando em um local inseguro. Uma ideia criativa e que se adapta à realidade de tantos outros locais. Assim a segurança pública, que convive com a alta criminalidade em toda a América Latina, delimitou um espaço para garantir que, ao menos onde exista turismo, a segurança esteja garantida.
 
A solução do problema não é resolvê-lo todo de uma vez, e sim ter criatividade e foco no que realmente gera resultado financeiro para a cidade e empregos para a população, não somente para a política. Nessa relação de porto e cidade, o Panamá criou, inovou, protegeu o negócio portuário e o turismo. Gera lucro, emprego e desenvolvimento. E aí? Você faz parte do um quarto da população que desistiu em achar a solução para o problema ou dos três quartos que ainda acreditam que é possível melhorar? Eu acredito... Ainda chegaremos lá!

*Maxwell Rodrigues, executivo e apresentador do Porto 360°
 

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