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Passagem de plantão!

Fonte: A Tribuna On-line / Maxwell Rodrigues*
 
Na gestão pública do Brasil, quando falamos nos portos, a passagem de plantão quase nunca ocorre
 
Com o intuito de prestar pronto atendimento de urgência ou emergência a pacientes em unidades de saúde, o médico de plantão possui uma séria de responsabilidades, especialmente se a atuação é feita em hospital, uma vez que, possivelmente, será responsável pelos atendimentos de uma ala inteira no período de plantão.
 
E com esse mesmo intuito é que o presidente de autoridade portuária presta pronto atendimento ao paciente chamado porto, com responsabilidade pelos atendimentos de todas as alas, sejam elas acessos, dragagem, concessões, capacitação e desenvolvimento do negócio, nacionalmente e internacionalmente.
 
Recentemente, o presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, divulgou que a expansão do Porto, por meio do STS10 (terminal para contêineres), não será feita antes da construção de dois viadutos na Alemoa, que devem ficar prontos em 2028. Pomini declarou: “Antes de expandirmos e pensarmos em novos terminais, é preciso que tenhamos vias de acesso adequados”.
 
Já havia declarado anteriormente que, ao longo da minha trajetória de mais de 25 anos no setor portuário, foi a primeira vez que vi um presidente de autoridade portuária com habilidade para diminuir a temperatura dos conflitos e debates. Pomini possui uma habilidade ímpar nesse quesito.
 
Na passagem de um plantão médico, caracterizada pelo intercâmbio de informações, uma equipe encerra um período e inicia outro com a responsabilidade de compilar dados sobre a condição dos pacientes, planejamento de tratamento, assistência prestada, ações executadas e atividades específicas que demandam observação contínua. Sem isso, os médicos não conseguiriam ser eficientes e cuidar dos pacientes.
 
Ocorre que na gestão pública do Brasil, quando falamos nos portos, a passagem de plantão quase nunca ocorre e faz com que aquilo que foi planejado anteriormente não seja concluído pela futura gestão. Até bem pouco tempo, boa parte do setor clamava pela privatização ou desestatização do Porto de Santos. Nem nisso conseguimos consenso.
 
O novo plantonista Pomini assumiu e mudou os planos. Para muitos, de forma acertada. Mas será que o atual plantonista terá tempo de concluir o tratamento do paciente Porto de Santos? Ou, ao passar o plantão para o futuro gestor plantonista, o tratamento irá mudar novamente?
 
Precisamos parar com a idolatria existente aos que estão de plantão e exigir que, na passagem do turno, a transferência entre equipes seja adotada de forma responsável. Transmitindo informações objetivas, claras e concisas sobre os eventos necessários à assistência do negócio direta e/ou indiretamente, além de abordar assuntos de interesse institucional nacional e, principalmente, internacional.
 
Pessoas em cargos públicos estão de plantão em suas posições, prestando serviço à população e sujeitos a mudarem de local ou de cargo. Tudo depende da vontade de cada um ou do partido ao qual estão relacionados.
 
Quando um paciente está em tratamento, os protocolos médicos são obedecidos e garantem que o enfermo possa ser cuidado conforme os métodos testados e aprovados por órgãos e instituições sérias.
 
Não podemos mudar o tratamento do aprofundamento do canal, dos acessos, da expansão necessária, da capacitação na mão de obra, com um mundo tão disruptivo, como se estivéssemos realizando testes em laboratórios. Tampouco podemos passar o plantão da gestão para outros que não sejam médicos, que não entendem ou não estão habilitados, para cuidar de um paciente em estado tão grave como o Porto de Santos.
 
O que mais preocupa hoje não é o tratamento que está sendo dado ao paciente, mas, sim, se ele irá se recuperar a tempo ou se, na passagem de plantão, que ocorre conforme o sabor político em nosso país, os futuros “médicos” darão continuidade no tratamento.
 
Quatro anos pode ser um prazo longo para o tratamento, mas nesse momento é melhor cuidar do que deixar sem cuidados o nosso paciente Porto. Certamente o paciente estará vivo daqui a quatro anos, não é preciso ser nenhum especialista para prever isso. O que fica como questionamento é: como estará o estado de saúde do Porto em um futuro próximo?
 
Nossa sorte é que existem outros especialistas no setor (médicos) que, na passagem de plantão ou no tratamento designado ao paciente, correm para auditar o que está sendo proposto e de que maneira.
 
Pomini pensa certo e planeja adequadamente, mas terá tempo de cuidar do paciente? Ao passar o plantão para o próximo gestor, todo o tratamento planejado será alterado? Que comece o tratamento!
 
*Maxwell Rodrigues, executivo e apresentador do Porto 360°
 

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