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Atrasos no abastecimento no Porto de Santos geram reclamações de prejuízo de R$ 28 milhões; Petrobras nega

Fonte: G1 Santos
 
Levantamento foi realizado pelo Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado (Sindamar), que alega falta de programação e combustíveis. A Petrobras, por sua vez, diz que a operação está normal.
 
Os atrasos no abastecimento de combustíveis em navios cargueiros no Porto de Santos, o maior da América do Sul, causaram, segundo os armadores, prejuízos que ultrapassam US$ 5 milhões, o equivalente a R$ 28 milhões nos últimos três anos, considerando o valor do dólar em R$ 5,60. A alegação do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado (Sindamar) é negada pela Petrobras.
 
O Sindamar representa os armadores, que são empresas proprietárias, sócias ou afretadoras de uma embarcação. De acordo com o diretor-executivo da entidade, José Roque, um dia com o navio parado, esperando por abastecimento, pode custar de R$ 140 mil a R$ 560 mil, a depender do navio.
 
Roque apontou que o prejuízo dos armadores associados ao sindicato foi calculado a partir dos seguintes pontos:
 
1. Número de horas que o navio ficou inoperante
 
2. Tipo da embarcação
 
3. Pagamento de infraestrutura durante a espera
 
4. Nos casos em que precisam mudar de berço, é necessário custear praticagem, rebocadores, mais combustível e infraestrutura terrestre
 
5. Penalidades por permanecerem atracados no terminal por mais tempo do que o estipulado
 
6. Escalas extras, como desviar a rota apenas para abastecer em outros portos. (Esta ação, de acordo com o diretor-executivo, pode custar R$ 1,1 milhão - US$ 200 mil.
 
Ainda de acordo com o sindicalista, o valor ultrapassa R$ 28 milhões porque nem todas as empresas associadas ao Sindamar concordam em relatar os problemas de abastecimento.
 
"Estes atrasos acabam refletindo nas operações do porto, visto que os navios permanecem atracados, sujeitos a aplicação de penalidades por parte dos terminais e a fila na barra de Santos aumenta", afirmou ele.
 
Mais de 24h de espera
 
No último dia 9, conforme divulgado pelo sindicato, um navio, que estava atracado na Ilha Barnabé, esperou 27 horas para terminar de ser abastecido. Neste caso, o prejuízo foi de R$ 168 mil (US$ 30 mil) pela embarcação ter ficado parada neste período e R$ 33,6 mil (US$ 6 mil) de atracação em dobro.
 
➡ 2h: A embarcação estava pronta para receber o combustível
 
➡ 9h: A barcaça chegou no navio
 
➡ 13h: A primeira parte do abastecimento começou
 
➡ 16h: Terminou
 
➡ 20h: A barcaça saiu do costado
 
➡ 23h10: A segunda barcaça chegou
 
➡ 5h, do dia 10: A barcaça saiu
 
Totalizando 27 horas de inoperância e mais de R$ 200 mil em prejuízos.
 
"Tal cenário está atrelado ao fato de que alguns clientes não têm conseguido fechar o bunker [óleo diesel marítimo] no Porto de Santos devido à falta de agenda e produto da Petrobras", explicou Roque.
 
O diretor-executivo acrescentou ainda que algumas empresas preferem abastecer nos portos do Rio de Janeiro e Salvador para, ainda de acordo com Roque, "não perder tempo". Ele acredita que o aumento de prestadores deste mesmo serviço podem atender a demanda e acabar com os atrasos.
 
Fiscalização
 
Em nota, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) informou ao g1 que foi acionada pelo Sindamar e, desde então, tem intensificado o contato com a Petrobras. O órgão informou que a empresa alegou não ter constatado problemas no abastecimento de navios no cais santista.
 
"A ANP segue em contato com a Petrobras que, nos termos da Resolução ANP nº 954/2023, por ser produtora de combustíveis, é obrigada a informar quaisquer intercorrências que possam impactar a disponibilidade de produto", dizia a nota.
 
O que diz a Petrobras?
 
A Autoridade Portuária de Santos (APS) afirmou ao g1 que o abastecimento de combustível dos navios é uma relação comercial entre a Transpetro, empresa subsidiária da Petrobras, e o cliente.
 
"O abastecimento a navios no Porto de Santos opera normalmente, com infraestrutura adequada e disponibilidade de combustível dimensionados para o atendimento integral da demanda local", afirmou a Petrobras, em nota.
 
A empresa explicou que o cais santista tem uma frota de sete barcaças, que foi definida através de simulação computacional que considera a volatilidade de mercado e requisitos operacionais necessários. "Esta infraestrutura é o suficiente para atender a demanda do planejamento dos clientes", dizia a nota.
 
A Petrobras acrescentou, ainda, que as operações seguem as regulamentações das autoridades marítimas e práticas de mercado que, de acordo com a instituição, são rigorosamente cumpridas.
 
A responsável destacou que o navio perde a prioridade de abastecimento quando não cumpre a data programada e solicita adiamento. O diretor-executivo do Sindamar disse que a estimativa de chegada da embarcação não deveria ser considerada porque depende de condições climáticas, maré e berços.
 

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