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A matemática da logística portuária

Fonte: A Tribuna On-line
 
Estudo da Escola Politécnica da USP usou modelos computadorizados para melhorar escoamento de fertilizantes
 
Melhorar a logística portuária é um desafio constante para quem trabalha no setor. Pois estudo realizado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), em conjunto com a Fundação Vanzolini, trouxe a matemática para otimizar o escoamento de fertilizantes no Porto de Santos.
 
Segundo o professor do Departamento de Engenharia de Produção da Poli-USP, Daniel de Oliveira Mota, um computador faz vários sorteios e contas para replicar o que acontece na vida real, levando em conta todos os gargalos na cadeia logística. Com isso, ele chegou a resultados – que incluem restrições na movimentação - para que o processo flua de forma mais eficiente possível.
 
“O objetivo é atender o maior volume de fertilizante ao longo de um ano. Esse modelo estará sujeito a restrições. Por exemplo: não atender mais que um trem a cada dois dias; o trem só pode descarregar a uma taxa de 200 toneladas por hora; ou a armazenagem do material desse vagão não pode superar a capacidade de 50 mil toneladas. Então, a gente vai colocando restrições, por meio de constantes ou equações, para que, no final, quando execute o modelo, ele dê um resultado que faça sentido”.
 
O modelo batizado como modelo “estocástico-numérico” se utiliza de estatísticas e dados históricos. “Não preciso de uma maquete de trem, que leve duas horas para descarregar, se tenho uma variável que contabiliza o tempo e sinaliza que vai demorar duas horas para descarregar. É o que chamamos de validação, ou seja, o que acontece no modelo reflete o que acontece de fato”.
 
O professor comandou um levantamento que levou quatro meses, entre janeiro e abril de 2023, analisando a região de Outeirinhos, no Porto de Santos. A pesquisa elaborou cálculos que, mediante alguns parâmetros e restrições, fossem compatíveis com a realidade de operações na área.
 
“Existe um desafio logístico muito grande, porque tenho ferrovia passando dentro de um terminal, para descarregar em outro terminal, bloqueando caminhão e passagem eventual de pedestres. Ao mesmo tempo, uma fila de caminhões. No momento em que o trem passa, o caminhão precisa esperar, e isso gera perda de produtividade. Então, há toda uma rede de restrições que a gente precisou modelar, sob o ponto de vista matemático”, afirma Mota.
 
Segundo ele, foram feitos modelos, estatísticas, equações e simulações para entender como funciona essa operação, levando em conta o não-prejuízo de outros players. “Envolveu entre seis e oito pessoas, o que, para um trabalho intensivo desses, é uma equipe grande. Foram profissionais em formação e outros mais experientes, o que ajudou bastante. os modelos que a gente trabalha são modelos que estão na categoria dos modelos matemáticos numéricos, ou seja, são simulações”, descreve.
 
Trabalho conjunto
 
Daniel Mota ressalta que os resultados completos do trabalho estarão acessíveis para consulta pública em breve. Ele ressalta, ainda, um aspecto importante: o entendimento de que as empresas que atuam na área podem trabalhar juntas, com melhorias logísticas que atendam a todas elas.
 
“A região de Outeirinhos aguenta mais um produto? O que a gente percebeu com o modelo, mesmo sujeito a uma série de condicionantes, é que sim. Se tiver um padrão de operação (entre as empresas), não interfere tanto. Não interferindo, se consegue operar de maneira sinérgica. Fica a lição de que essas empresas têm que conversar mais. Embora na ponta da cadeia de suprimentos sejam competidores, da porta para dentro, são sujeitas às mesmas restrições”, complementa.
 

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