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Segurança digital: como lidar com ciberataques

Fonte: A Tribuna On-line / Ricardo Pupo Larguesa*
 
Os portos brasileiros devem adotar programa de melhoria contínua em segurança da informação
 
A recente paralisação de alguns dos principais portos australianos devido a um novo ataque cibernético reacendeu a discussão sobre a segurança cibernética nos portos ao redor do mundo, incluindo o Brasil. Este incidente, ocorrido apenas alguns meses após o ataque ao Porto de Nagoya no Japão, enfatiza a vulnerabilidade das infraestruturas portuárias globais frente às ameaças digitais.
 
A DP World Australia, responsável por quase 40% do fluxo de mercadorias na Austrália, enfrentou um ataque que deixou cerca de 30 mil contêineres imobilizados. Mesmo com sistemas de TI avançados, a empresa teve que lidar com a realidade de que a tecnologia, por si só, não é suficiente para prevenir ou mitigar ataques cibernéticos.
 
Este cenário serve como um lembrete para os portos brasileiros, onde a tecnologia tem sido enfatizada na proteção contra ataques cibernéticos. Embora a infraestrutura tecnológica seja importante, a Austrália nos mostra que a verdadeira linha de frente na guerra cibernética é, muitas vezes, o fator humano.
 
No Brasil, com sua vasta costa e numerosos portos, a conscientização e a preparação dos colaboradores devem ser priorizadas. Os ataques em Nagoya e na Austrália destacaram a engenharia social como uma ferramenta comum dos cibercriminosos. Em resposta, os portos brasileiros precisam investir mais na educação e no treinamento de seus funcionários em práticas de segurança cibernética, indo além do tradicional enfoque na tecnologia.
 
A formação contínua dos colaboradores em identificar e prevenir táticas como phishing e ataques de força bruta é indispensável. Essa abordagem deve ser integrada a uma cultura de segurança da informação, onde políticas claras e treinamentos regulares tornam-se parte do dia a dia de todos os colaboradores, não apenas dos profissionais de TI.
 
Além disso, os portos brasileiros devem adotar um programa de melhoria contínua em segurança da informação, com auditorias regulares e ajustes nas políticas de segurança para se adaptarem às ameaças em constante evolução. Isso inclui a busca permanente por inovações tecnológicas que possam fortalecer a segurança das operações portuárias.
 
A segurança cibernética nos portos é um desafio contínuo, que exige uma abordagem multifacetada e a participação ativa de todos os envolvidos. Enquanto o Brasil continua a fortalecer suas defesas tecnológicas, a lição da Austrália é clara: o investimento na formação e na conscientização dos colaboradores é tão importante quanto a infraestrutura tecnológica. Juntos, esses elementos formam a base de uma estratégia robusta de cibersegurança, fundamental para proteger nossos portos nessa era digital.
 
*Ricardo Pupo Larguesa, engenheiro de computação, sócio-fundador da T2S, professor e pesquisador na Fatec Rubens Lara
 

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