Artigos e Entrevistas
O que aprendi no Panamá?
Fonte: A Tribuna On-line / Maxwell Rodrigues*
Muitas coincidências que podemos compartilhar e aprender!
O Panamá é um país que liga as Américas Central e do Sul. O Canal do Panamá, uma reconhecida proeza de engenharia, corta o centro do país, ligando os oceanos Atlântico e Pacífico e criando uma importante rota de navegação. Na Cidade do Panamá, capital da nação, arranha-céus modernos, cassinos e casas noturnas contrastam com as construções coloniais do Distrito de Casco Viejo e com a floresta tropical do Parque Natural Metropolitano.
Economicamente, o Panamá usufrui do canal de navegação e os panamenhos usam o canal para gerar negócios que impulsionam o desenvolvimento do país. Não é somente um local onde se movimenta embarcação de um lado para o outro, mas sim onde empresas internacionais, empresas de transporte, manufatura, hotelaria, turismo, serviços e setor bancário aprenderam a gerar dividendos e muito lucro também.
O canal panamenho é uma mina de ouro, gerando milhões e milhões de dólares em lucro. Segundo projeções, a demanda continuará crescendo. Tanto o Canal do Panamá quanto o Porto de Santos são equipamentos que transformam a realidade onde estão instalados e contribuem para o desenvolvimento do país. Nesse ponto, pude perceber uma similaridade muito grande entre os dois.
Para poder utilizar o equipamento logístico, é necessário pagar uma taxa de utilização (pedágio) às autoridades panamenhas que controlam o fluxo de navios. A receita média anual é de US$ 2 bilhões ao ano. O valor do pedágio é calculado com base no valor da carga transportada. O custo médio da passagem de um navio fica em torno de US$ 143 mil (podendo chegar a US$ 250 mil, dependendo do tamanho da embarcação). Por tonelada de carga movimentada, em média, o custo é de US$ 8,73.
Enquanto isso, aqui no Brasil, um estudo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta que os custos totais para exportar granéis pelos portos do Arco Norte podem cair até 35% se empresas e produtores utilizarem rotas marítimas pelo Oceano Pacífico. O recuo ocorreria mesmo com o pagamento da taxa de utilização do Canal do Panamá. Nesse caso, acende-se a luz amarela para o Porto de Santos, que tem como uma das principais cargas movimentadas os granéis.
A análise da Conab mostra o Canal do Panamá como importante alternativa para melhorar a competitividade dos produtos agrícolas brasileiros, uma vez que pode representar menor tempo de navegação, com decorrente redução do frete, custos operacionais, combustível e emissões, entre outros, bem como possibilitar a abertura de novos mercados, em especial os de origem asiática.
Mas as coincidências não param por aí: visitei Casco Viejo, um centro histórico completamente revitalizado, e por lá não se registram roubos há quase 10 anos. Trata-se de um local seguro e amplamente visitado por turistas. O segredo? Houve investimento em segurança e uma forte expansão da alta gastronomia local. Esses dois fatores atraíram turistas do mundo todo e conseguiram aumentar o tíquete médio de gastos naquela localidade. Com a maior frequência, as empresas por lá instaladas geram empregos e consomem de toda infraestrutura para funcionarem. Um ciclo virtuoso no qual todos ganham. O local é lindo e vale a pena ser visitado.
Por fim, pude perceber também que o Panamá possui histórico de muita corrupção e desigualdade social. Condições depreciativas que se espalham por toda a América Latina.
O evento em que estive, o TOC Americas 2023, mostrou as novas tendências mundiais e os terminais e empresas brasileiras presentes foram brindados com muito conhecimento. Uma pena que, por maior que seja o setor portuário, muitos no Brasil ainda insistem em falar de si para si mesmos. Uma presença cada vez maior do setor em eventos internacionais é extremamente importante para que possamos entender o caminho pelo qual o mundo navega.
*Maxwell Rodrigues, executivo e apresentador do Porto 360°
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