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"Não temos vergonha de buscar soluções que outros portos divulgam”, diz presidente da Portos

Fonte: A Tribuna On-line
 
Luiz Fernando Garcia da Silva fala sobre projetos para Paranaguá e Antonina e relação com o Porto de Santos
 
Quatro horas de navegação - 400 km de distância - separam o Porto de Santos dos que ficam no Paraná (Paranaguá e Antonina). Um complexo portuário puxando o desenvolvimento do outro, o que é bom para a economia do País. É o que pensa o presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia da Silva, que fala sobre isso e muito mais para A Tribuna. Ele também é presidente da Associação Brasileira das Entidades Portuárias e Hidroviárias (Abeph).
 
Qual a situação dos portos de Paranaguá e Antonina no cenário brasileiro?
 
Ao longo dos últimos quatro anos, desde janeiro de 2019, observamos uma perspectiva de crescimento, não só em volume, mas também na eficiência das movimentações portuárias ocorridas no Paraná. Os números deram um salto: se antes a movimentação era de 51 milhões de toneladas, agora a expectativa é de chegarmos ao fim de 2023 com mais 60 milhões de toneladas. É uma movimentação muito expressiva, mas não só no seu crescimento de volume, como também no custo-benefício ao usuário. As eficiências operacionais têm sido reconhecidas e gerado valor, não só ao porto, mas também àqueles que se utilizam dos portos paranaenses. Somos por quatro vezes a melhor gestão portuária no Brasil, segundo o Ministério da Infraestrutura, motivo de orgulho e que reforça o compromisso do estado com a eficiência e governança, não só nessa empresa, como em outras empresas públicas do Paraná. Falando dos portos paranaenses em específico, o título é motivo de orgulho, principalmente em saber que investimos pesado na capacitação dos nossos funcionários: mais de 75% de todos os colaboradores do porto passaram por algum processo desse tipo ao longo desses quase cinco anos. São investimentos em informatização e inteligência processual, sempre buscando a excelência.
 
Como estão os processos de arrendamento de áreas do Porto de Paranaguá?
 
Fomos o primeiro porto do país a conquistar a delegação de competência. Ou seja, em agosto de 2019, o Ministério da Infraestrutura nos concedeu essa autorização. Até o final de 2022, éramos ainda o único porto com essa capacidade e os nossos processos de arrendamento continuam em um ritmo muito interessante. A ideia é seguir até o final do ano de 2024 com todas as áreas regulares, ou seja, não havendo mais nenhum contrato de transição, nem liminar, garantindo a permanência ou eficácia dos contratos de arrendamento. Licitamos três áreas e uma quarta já está com edital marcado para 13 de dezembro. Temos mais duas áreas que, nesse mês de outubro, serão entregues ao TCU, mais duas áreas prontas para serem abertas às consultas públicas. Com isso, regularizamos e procedemos todos os arrendamentos possíveis, garantindo, assim, eficiência nos terminais e na logística do porto paranaense.
 
Como é a relação dos portos do Paraná com Santos? O que pode melhorar?
 
Somos portos concorrentes, quatro horas de navegação nos separam, ao todo são 400 quilômetros de distância. Somos portos competitivos, somos portos que nos estimulamos. A eficiência do Porto de Santos obrigatoriamente nos leva a buscar uma melhor eficiência, da mesma forma que, quando o Paraná evolui, Santos busca seu caminho, sempre com as melhores práticas. Acho que isso é propositivo. Quem ganha com isso são os usuários: os maiores portos do País buscando sempre evolução para garantir sua eficiência, garantir movimento de carga adequado, qualidade boa e num nível de preço e de competitividade bem interessante.
 
O que Paranaguá está fazendo que Santos poderia aplicar? E Antonina?
 
São realidades diferentes, por mais que tenhamos uma mesma legislação e, por vezes, busquemos processos semelhantes. Somos portos completamente diferentes e nem sempre o que desenvolvemos aqui é adequado para Santos. Da mesma forma aquilo que Santos desenvolve pode não ser adequado ou na sua plenitude atender os portos do Paraná. Quando são boas práticas colocadas no mercado, todos buscam as melhores alternativas e referências. Aqui não temos vergonha de buscar soluções que outros portos divulgam. Não só Santos, como Itaqui, Suape, Rio de Janeiro trazem novidades, e também buscamos trazer aqui.
 
Quais as perspectivas dos portos de Paranaguá e Antonina para o cenário nacional em curto, médio e longo prazo?
 
Estamos falando em torno de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões de investimento nos próximos cinco anos nos portos paranaenses. Além de tudo, somamos uma concessão de plano estadual rodoviário, são mais de 3 mil km de rodovias a serem concedidas em seis lotes, dois já leiloados. São R$ 60 bilhões de investimento nos próximos sete anos no segmento rodoviário do Paraná.
 
E o modal ferroviário?
 
No ferroviário, temos a proposta da nova Ferroeste - mais de R$ 30 bilhões de investimento -, além da condição da Malha Sul, que em 2027 terá seu contrato extinto, seja um encaminhamento do Ministério dos Transportes por uma renovação ou seja pela decisão de nova licitação. O fato é que teremos também nessa Malha Sul um volume de investimento para os próximos 10 anos e, com isso, o Paraná precisa se preparar. Os portos paranaenses precisam atender esse volume de cargas que vai chegar. Por isto, o porto iniciou processo de contratação da maior obra portuária pública do país, o Moegão. Nesse momento, são R$ 600 milhões investidos numa estrutura ferroviária adequada, não só para atender a demanda atual e melhorar sua logística operacional atual, mas também prevendo atender essas demandas para os próximos 20 anos.
 
Quais outras prioridades?
 
Além do plano nacional de concessão do canal de acesso, também buscamos atingir a cota de 15,5 metros de calado para que o Porto de Paranaguá seja um dos principais hubs logísticos da América do Sul. Outro ponto importante é a concessão do canal de acesso e as licitações que estão trazendo não só investimentos em terminais, mas também em novos berços. Temos o PAR50 já licitado, com contrato assinado recentemente, que prevê a obra que vai agregar mais dois berços para movimentação de líquidos. O PAR09, a ser leiloado em 13 de dezembro, também traz, dentro das suas obrigações, a construção de píeres offshore, mais um pier com dois berços para os navios atracarem. Além do PAR14 e PAR15, que terão em sua modelagem a construção do píer em formato de T.
 

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