Artigos e Entrevistas

Caminhos para o Brasil se tornar o país do presente

Fonte: A Tribuna On-line / Gesner Oliveira*
 
Para aproveitar as oportunidades, é preciso que as forças políticas sejam convergentes
 
O Governo Federal anunciou o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) há cerca de um mês. Segundo os números informados, os investimentos previstos são de R$ 1,7 trilhão ao longo dos próximos anos. Para o setor portuário, estão previstos R$ 54,8 bilhões, que serão direcionados para construção, manutenção e aperfeiçoamento da infraestrutura.
 
Os 380 terminais portuários brasileiros, divididos entre portos públicos e Terminais de Uso Privado (TUP), escoam 95% das exportações. Aprimorar e investir na infraestrutura portuária, portanto, significa aumentar a competitividade e a eficiência da economia brasileira.
 
As obras anunciadas são fundamentais, mas, atualmente, a expansão dos investimentos não pode estar dissociada dos princípios ESG. Nesse sentido, vale destacar o projeto de geração de hidrogênio verde anunciado pela Autoridade Portuária de Santos. A proposta, com orçamento previsto de R$ 500 milhões, pretende modernizar a Usina Hidrelétrica de Itatinga, em Bertioga, e produzir hidrogênio verde.
 
Dois aspectos da iniciativa merecem destaque. Primeiro, o projeto aproxima o setor público do privado, já que será feito por meio de uma parceria público-privada (PPP). Segundo, ressaltou a vocação do Porto de Santos para iniciativas ESG, por meio da produção de energia renovável e utilização de água de reúso, por exemplo.
 
Os investimentos em infraestrutura e economia verde são os dois pilares fundamentais para a retomada do crescimento econômico. E o Brasil tem condições de assumir o protagonismo mundial neste sentido. Temos vantagens comparativas inéditas: (i) nossa matriz energética já é relativamente limpa, embora precise aumentar sua diversificação, pois ainda é bastante dependente da energia hidroelétrica; (ii) a produção agrícola brasileira é robusta em um momento de choque de preços dos alimentos; e (iii) o Brasil tem uma tradição pacífica em um momento delicado da geopolítica mundial. Tais características podem colocar o Brasil em uma posição de destaque no próximo período.
 
Para aproveitar as oportunidades, é preciso que as forças políticas sejam convergentes, respeitando as regras e o funcionamento da economia e catalisando as vantagens brasileiras, com iniciativas como a da Autoridade Portuária.
 
Na próxima semana, o ciclo de eventos da Agenda ESG do Grupo Tribuna trará importantes players da economia e pesquisadores para discutir esta importante janela de oportunidades. Serão abordados temas importantes como a transição energética e as mudanças climáticas. O evento, marcado para a próxima terça-feira, ajudará a compreender as vantagens comparativas inéditas do Brasil e como nós poderemos aproveitá-las, deixando de ser o país do futuro e, finalmente, virando o país do presente.

*Gesner Oliveira, economista, professor e coordenador do Centro de Infraestrutura e Soluções Ambientais da FGV
 

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