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Vice-presidente da Hyundai destaca Porto de Santos: 'Importante parceiro'

Fonte: A Tribuna On-line
 
Ricardo Augusto Martins participou do Summit Porto-Indústria, promovido pelo Grupo Tribuna
 
O vice-presidente administrativo da Hyundai Motors Brasil, Ricardo Augusto Martins, mostra preocupação com o atual momento da indústria automobilística brasileira e considera como desafiador o ano de 2023. Ele, que também é um dos vice-presidentes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foi um dos convidados da segunda edição do Summit Porto-Indústria, promovido pelo Grupo Tribuna na última quinta-feira. Na entrevista a seguir, entre outros pontos, ele destacou a importância do Porto de Santos para a empresa.
 
Qual o atual momento da indústria automobilística brasileira?
 
O momento é crítico. Em 2012, a indústria automobilística brasileira produziu e vendeu o equivalente a 3,9 milhões de veículos. Em 2016, caiu para 1,9 milhão de veículos e vinha se recuperando. Em 2019, chegou a 2,6 milhões. Devido à pandemia, em 2020, isso tudo caiu completamente. Em 2021, voltou ao patamar de 2 milhões. No ano passado, 2,4 milhões e, agora, retraiu em torno de 1,9 milhão. Isso, sobretudo, devido à falta de estímulos da economia e ainda a possibilidade de ter taxas de juros menores de financiamento, pois 60% do mercado de veículos novos é vendido através de taxas de financiamento com taxas de juros.
 
É possível projetar quando o mercado e a indústria automobilística vão se recuperar, depois desse período tão grande de pandemia?
 
O mercado trabalha da seguinte maneira: nós entendemos que, assim que o Conselho Nacional de Política Monetária (Copom), junto com o Banco Central, começar a ter evidências concretas de que a inflação está caindo e, com isso, os outros fatores micro e macroeconômicos estão sob controle, se conseguirmos voltar a um patamar de algo em torno de 6% a 8% de taxa de juros o mais rápido possível, é nesse momento que retornaremos a um patamar de 3 a 3,9 milhões de veículos.
 
Isso implica, naturalmente, na recuperação do poder de compra do consumidor...
 
Com certeza. Essa recuperação do poder de compra vem, justamente, por controles inflacionários e, sobretudo, pelo que o governo conseguir produzir para atrair mais indústrias e comércio. Com isso, fará a roda da economia girar através de mais empregos.
 
O que a mudança no Governo Federal causou no mercado da indústria automobilística? Ou ainda é muito cedo para chegar a essa conclusão?
 
O setor não considera, em si, um índice de quem teve mais ou menos culpa. A indústria sempre respeita a democracia e quem foi eleito tem a incumbência de fazer uma boa gestão. E a boa gestão vem por meio dos gastos públicos e, sobretudo, de programas de incentivo à economia.
 
Ainda sobre medidas do Governo Federal, o que a Hyundai achou a respeito da redução dos preços de carros? Foi algo realmente interessante como estímulo à indústria ou é apenas uma pontinha desse iceberg de recuperação?
 
Você falou corretamente: ela é uma ponta de uma tentativa de recuperação. Acho que o Governo fez bem de fazer um teste, para saber se esse novo mecanismo, que é um sistema de bonificação, pode proporcionar uma recuperação. Nós entendemos que é algo de curtíssimo prazo, de três a quatro semanas, não chega a ser mais do que 30 dias, porque existe um limite máximo. Entendemos que, agora, o Governo terá condições de fazer comparativos entre essa medida e as do passado, nas quais reduziram IPI (Imposto sobre Prdoutos Industrializados) e PIS/Cofins. Aí ele poderá tomar a decisão de novos estímulos daqui para frente, se possível.
 
Estímulos até mais longos, não?
 
Correto. A gente gostaria que o Governo fosse um pouco mais audacioso para poder estimular mais rapidamente, tendo em vista a possibilidade de que, se o mercado não atingir rapidamente um volume maior de produção, muitas indústrias vão ser impactadas.
 
Como a indústria automobilística classificaria o ano de 2023 em termos de perspectivas de mercado em uma palavra e por quê?
 
Desafiador. Não tem como não ser. Todos os empresários, executivos e toda a cadeia produtiva estão sendo desafiados a tentar criar um novo modelo econômico sustentável, sobretudo que coloque o mercado automotivo novamente nos eixos.
 

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