Artigos e Entrevistas

50 milhões de motivos para inovar

Fonte: A Tribuna On-line / Maxwell Rodrigues*
 
Não é possível desenvolver um produto ou um serviço para atender somente um terminal ou um porto
 
Já não é de hoje que acompanhamos portos de outros países e a retórica do aprendizado e da troca de conhecimento. A globalização permite que possamos estar em qualquer lugar do mundo em até 18 horas. Um mundo conectado e que compete para empreender, realizar e planejar. Algo que impressiona. Mas por que não surfamos essa onda da inovação e do desenvolvimento?
 
Nos EUA, sabemos que as cidades, os portos e a logística são grandes diferenciais do crescimento. Na Europa temos o mesmo entendimento. O que surpreende esse colunista é saber que, no Oriente Médio, os países crescem e se desenvolvem, apesar de todas as dificuldades. Tel Aviv e Dubai são exemplos dessa realidade. Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, é um monstro de prosperidade. Já Tel Aviv fica em Israel, um país pequeno e cheio de inimigos ao seu lado. Mesmo assim, ambos empreendem, investem e crescem de verdade. Sem a famosa política envolvida que impede tudo, por lá a conhecida política ajuda a construir e desenvolver cada um deles.
 
Em Israel, durante a Missão Internacional Porto & Mar Brasil-Israel 2023, visitamos o Porto de Ashdod. Muitos me perguntaram se Israel tem porto. A resposta é sim: Israel tem porto e muito mais que isso. Possui um complexo portuário que abriga em suas instalações uma área destinada à criação, ao suporte e ao desenvolvimento de startups. Empresas que querem começar um negócio, mas que não possuem capital financeiro para tanto ou até mesmo experiência administrativa e operacional.
 
Em Ashdod, o porto seleciona boas ideias e faz com que startups comecem a estruturar o trabalho com base em provas de conceito dentro do próprio porto. Ajudadas pelos gestores e com aporte de dinheiro quando necessário, as startups priorizam experimentar soluções dentro do próprio porto e criam “musculatura” de seus produtos ou serviços para, depois, colocarem tudo no mercado mundial.
 
Por lá, as startups não desenvolvem soluções para atender ao porto A ou B e sim para atender ao mundo. Isso sim é um bom plano de negócio, pois sem capilaridade as empresas não sobrevivem. Não é possível desenvolver um produto ou serviço para atender somente a um terminal ou um porto. Isso não tem escala e consequentemente não para em pé! As empresas acabam falindo antes mesmo de começar.
 
Talvez seja por isso que temos poucos investimentos nessa área no Brasil. Alguns podem dizer que existem fundos próprios para isso e já disponíveis, mas quem já se aventurou a captar esse recurso? Faça o teste e veja quanto tempo irá perder somente com isso. Talvez um bom negócio seja criar uma startup para captar recursos no Brasil. Ou não? Claro que não, captar recurso a longo prazo e com taxas atrativas é impossível em um país que especula o capital ao invés de investir em infra estrutura e negócios.
 
Investir em novos negócios é aplicar valores significativos e esperar por resultados de longo prazo e muito expressivos. A roda do investimento, por exemplo, deve ser o investimento de milhões de dólares, objetivando o resultado concreto de um ou dois negócios que gerem dividendos de bilhões de dólares. Bons exemplos em Israel são a criação do Waze e do pen drive.
 
Alguns pensam que são negócios únicos e que dificilmente ocorrerão novamente. Um grande equívoco, essa é a fórmula. Por lá, investem em milhares de empresas, sabendo que uma, duas ou três trarão resultado. Por aqui, investimos pouco para resolver problemas pontuais e esperamos que o resultado ocorra no dia seguinte. O perfil do investidor por aqui irá mudar quando o mindset do mercado mudar.
 
Essa mentalidade de um país inovador de forma estruturada e com soluções factíveis de serem realizadas foi o que trouxemos na bagagem de Israel. O Porto de Ashdod está investindo US$ 50 milhões em novos negócios dentro do setor portuário global e a missão internacional do Grupo Tribuna conseguiu firmar um convênio junto a esse investidor.
 
Estamos prontos e com a concreta oportunidade em mãos de realizar. Bons projetos demandam tempo e o resultado só aparece no final. E você, está pronto para surfar nessa onda da inovação? Seja bem-vindo a bordo do mundo moderno!
 
*Maxwell Rodrigues, executivo e apresentador do Porto 360°
 

Imprimir Indicar Comentar

Comentários (0)



Compartilhe


Voltar