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Ou vai ou racha?

Fonte: A Tribuna On-line / Maxwell Rodrigues*
 
O ambiente nunca foi tão favorável para as iniciativas pública e privada
 
A temporada de cruzeiros 2022/2023 termina neste mês como a maior dos últimos tempos e a expectativa para a próxima é que tenhamos um acréscimo considerável na quantidade de viajantes e novas embarcações atracando no Porto de Santos. De um lado, podemos e devemos comemorar os números expressivos alcançados no atual ciclo, que ocorreram logo após o fim do período mais crítico de restrições impostas pela pandemia, com maior volume de viajantes e graças à eficiência e à modernidade do terminal de passageiros no complexo portuário santista.
 
Contudo, o que ainda não podemos comemorar é a maneira como os passageiros são transportados do terminal para os navios de cruzeiro. Quem já experimentou, sabe que os ônibus passam por locais esburacados, muitas vezes sujos, com péssimo aspecto e em meio às operações portuárias. Já do lado de fora, ainda é preciso atravessar a Avenida Perimetral com malas nas mãos e trilhos no chão, um verdadeiro exercício de sobrevivência para chegar ou sair do terminal. Quem passa pela Perimetral já presenciou os passageiros nessa empreitada e, assim como eu, santista que sou, talvez fique até envergonhado em receber pessoas dessa forma em nossa Cidade.
 
As autoridades já falaram sobre a construção de um novo terminal no Valongo, tentaram colocar fertilizantes do lado do terminal existente e citaram projetos de melhoria do receptivo, fomento ao turismo e tantas outras necessidades. Nada avançou. O que avança é o aumento das operações de cruzeiros, acompanhado de perda de oportunidade em aumentar a arrecadação em nossa região com a atratividade desses passageiros. Atratividade com turismo de verdade, não o que conhecemos como “turismo”.
 
É preciso proporcionar liberdade para empreender nessa área à iniciativa privada, evitando que isso fique restrito ao setor público, com incentivos reais para operadores do turismo fincarem suas atividades em nossa Cidade e na Baixada Santista.
 
O prefeito de Santos, Rogério Santos, tem como bandeira a revitalização do Centro Histórico, que deve ser feito com turismo e segurança pública. Além dele, temos o secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Fabrízio Pierdomenico, que é da nossa cidade e conhece muito bem a atividade de cruzeiros - arrisco-me a dizer que é um dos maiores conhecedores do tema no País. Por fim, nosso ministro de Portos e Aeroportos, Márcio Franca, que fez um cruzeiro no fim do ano passado e, conforme apurei, ficou impressionado positivamente com o terminal de passageiros, mas decepcionado com os acessos fora do terminal e o processo de chegada às embarcações.
 
Outras cidades brasileiras estão aumentando suas operações envolvendo os cruzeiros marítimos e o número de paradas. Deixo aqui um ponto de atenção especial para os portos do Sul do Brasil, que elevaram suas operações significativamente. Assim como ocorreu com as cargas, eles já roubam uma boa fatia do que era antes operado por Santos.
 
O aumento de capacidade está associado a fatores como infraestrutura e velocidade nos investimentos. Costumo lembrar que sonhar grande ou pequeno dá o mesmo trabalho e espero acordar no início da temporada 2023/2024 com esses pontos resolvidos, em vez de ter tido outro pesadelo. O ambiente nunca foi tão favorável, tanto do lado do poder público quanto da iniciativa privada. Por isso, digo: agora vai ou racha!
 
*Maxwell Rodrigues, executivo e apresentador do Porto 360°
 

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