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É difícil brigar com os bancos

Fonte: A Tribuna On-line
 
O empréstimo consignado para aposentados e pensionista foi objeto de briga desigual, entre o decreto e o dinheiro
 
Nem preciso repetir que essa história de crédito, empréstimo consignado para os aposentados e pensionistas, nunca me pareceu coisa boa. Em todas as circunstâncias, só quem ganha são os bancos e as financeiras. Crédito para movimentar a economia deveria ser para pequenas e médias empresas, comércio, prestação de serviços ou indústria.
 
A grande exigência do povo nos empréstimos consignados é reflexo das dificuldades, da absurda redução no poder aquisitivo dos beneficiários do INSS. Infelizmente a melhor saída é muito difícil: seria a recomposição dos valores das aposentadorias e pensões, da mesma forma determinada pela Constituição Cidadã de 1988, ocorrendo em abril de 1989.
 
As dívidas consignadas, abatendo-se todos os meses sobre os reduzidos rendimentos de aposentados e pensionistas, na maioria das vezes tiveram como objeto a sobrevivência dos trabalhadores e de seus familiares, o pagamento de alimentos, aluguéis, dívidas, etc.
 
E os bancos continuam cobrando juros escorchantes, arrasando economicamente os devedores. Importante observar que uma boa parte do cobrado pelos bancos serviria para cobrir inadimplências; portanto, com a consignação aos proventos previdenciários garantindo o pagamento, teria que ser bem mais barato, mas não é o que acontece. E, além da sangria oficial dos bancos, ainda ocorrem incontáveis golpes, com empréstimos consignados que nunca foram solicitados pelo trabalhador.
 
Os juros de 2,14%, que os barões do dinheiro querem cobrar nos empréstimos consignados, realmente representam uma vergonha. Ainda alegam que os beneficiários “morrem muito”. Porém, não basta decretar que o limite dos juros passaria a ser 1,7%, mesmo que represente algo absolutamente suportável para bancos e financeiras, sem deixar de ter um lucro assustador. Porém, a resposta bancária, inclusive dos bancos públicos, foi suspender a oferta do crédito. “Não posso cobrar meus juros escorchantes? Tudo bem, não empresto mais, o dinheiro é meu mesmo...”
 
E, com isso, segue a teimosia burra da elite brasileira, sempre preferindo afogar os pobres em dívidas e miséria, ao invés de levantar a economia, com o devido socorro aos mais necessitados. Afinal, quem é obrigado a gastar, mesmo em crises gravíssimas como a pandemia do Covid19?!
 
Reduzir as dívidas, aumentar o salário mínimo, recompor salários e remunerações, principalmente para os que ganham menos, são obrigações da Civilização, vencedora em nosso país da última batalha federal contra a Barbárie.
 
De qualquer forma, entre o decreto e a ganância, abrem-se as negociações. É difícil brigar com os bancos.

*Sergio Pardal Freudenthal, advogado e mestre em Direito Previdenciário
 

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