Artigos e Entrevistas

Competitividade ganha espaço na agenda portuária

Fonte: A Tribuna On-line / Frederico Bussinger*
 
Não se deve esperar mares calmos para os portos brasileiros no futuro próximo
 
Ainda que a previsão de crescimento econômico do Brasil para 2022 seja apenas 2/3 da estimada para os países americanos, e metade da média mundial (1,8 x 3,6%), segundo o relatório "Trade and Development Report - 2021" da UNCTAD, divulgado nesse 15/SET, não se deve esperar mares calmos para os portos brasileiros no futuro próximo.
 
Os esforços para aproveitamento de oportunidades, geradas pelo "novo superciclo de commodities" (vegetal e mineral), mesmo no contexto da pandemia, e as incertezas e indefinições decorrentes da agenda de desestatização (privatização) estabelecida pelo Governo Federal, afastam definitivamente qualquer hipótese de monotonia nos portos capixabas, catarinenses e paulistas.
 
No caso de Santos, em particular, outra preocupação vem ganhando espaço: competitividade é palavra que tem sido ouvida cada vez com maior frequência, normalmente em tom de preocupação ou até de crítica. Inclusive por executivos de primeiro escalão, normalmente cautelosos quando se manifestam publicamente.
 
A edição 2021 do tradicional seminário "Porto & Mar", promovido pelo Grupo Tribuna para discutir o desenvolvimento do Porto de Santos, por conseguinte, agendada para 21/SET próximo, é uma excelente oportunidade para se mapear os diversos gargalos, variáveis e desafios à frente. E, dai, hierarquizá-los e articulá-los sistematicamente.
 
Desafios do porto e de sua autoridade-administradora. Do porto e das cidades que o abriga. Dos investimentos necessários e das articulações imprescindíveis. Dos planos, da regulação e da governança. Do Porto Organizado e do Complexo Portuário. Ou seja, é uma vasta e multifacetada pauta.
 
Cargill, ADM e Eldorado, por exemplo, em recente debate, mostraram-se bastante preocupadas com as dificuldades para se coordenar e implementar plenamente projetos portuários em Santos. Também com riscos de perda de competitividade em relação à logística que vai se desenvolvendo no Arco Norte (onde também estão presentes). E lembram que "Santos não é a única alternativa" (ou já não é mais).
 
Uma das principais preocupações é com a articulação porto-ferrovia; seja a FIPS, a "Ferradura" ou "Serra Acima". Seja Rumo, seja MRS, seja VLI. A incapacidade de atendimento ferroviário, como planejado, tem levado a que o transporte rodoviário tenha que ser utilizado para substituí-lo. E que cargas, em princípio previstas para serem operadas em Santos, sejam desviadas para outros portos; provocando perdas de emprego, renda e tributos. Por isso chegam até a vaticinar: "se não for competitivo vamos ter que sair" (de Santos... o que, evidentemente, parece longe de acontecer!).
 
A questão está posta: até que ponto a desestatização (privatização) da Autoridade-Administradora Portuária de Santos (SPA) é resposta para tais desafios? Em especial porque alguns deles são de curto prazo: resposta adequada? A melhor Resposta?
 
"Porto & Mar - 2021" é uma excelente oportunidade para uma discussão franca, sistematizada e, desejavelmente, conclusiva desse quegra-cdabeças. Promete!

*Frederico Bussinger, engenheiro, economista e consultor. Foi diretor do Metro/SP, Departamento Hidroviário (SP), e da Codesp. Também foi presidente da SPTrans, CPTM, Docas de São Sebastião e da Confea.
 

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