Artigos e Entrevistas

Fonte: A Tribuna / Adilson Júnior*

 

O processo de industrialização pelo qual passou nosso país a partir doa anos 40 do século passado foi o responsável por grande parte do desenvolvimento nacional; da urbanização e geração de emprego e renda, milhares de famílias foram beneficiadas nesse processo. Infelizmente, a atualidade é diversa, assistimos a um grande esvaziamento do setor industrial, com graves consequências sociais.

 

Só para termos uma dimensão do problema, segundo o IBGE, entre 2013 e 2019, o Brasil perdeu mais de 30 mil indústrias e em decorrência, 1,4 milhão de postos de trabalho. É claro que muito desse processo se dá como reflexo da situação mundial, onde o setor industrial vive uma profunda transformação, um desafio que precisamos enfrentar.

 

Em nossa região, temos um grande instrumento econômico, o Porto de Santos, que historicamente foi  e continua sendo um grande vetor de desenvolvimento econômico, por onde passa 25% da corrente de comércio do nosso país, representando sem dúvida uma grande oportunidade de articulação de negócios. Isso, se citar a indústria de petróleo e gás, que igualmente possibilita uma grande transformação. Como forma de impulsionar as transformações necessárias, temos a IN da RFB nº 241 e alterada pela IN/SRF nº 1.964/2020, que regulamentam as questões de natureza aduaneira, e na qual estão previstas situações em que as mercadorias poderão dispor de benefícios, com arranjos jurídicos que possibilitem a internalização de itens, nacionalização e agregação de valores à produtos.

 

Uma cadeia enorme de segmentos da indústria, como fármacos, eletrônicos, e outros bens de consumo e até bens de capitais, poderiam utilizar-se dessa possibilidade. Temos em nossa região, e principalmente na área do Porto Organizado, diversas instalações, caracterizadas como zona primária, que se constituíram propícias a essas iniciativas, que além de gerar impostos poderiam alavancar postos de trabalhos, tornando a proposta de Porto Indústria uma realidade, fazendo que o grande fluxo de mercadorias não apenas passe pelo Porto, mas de alguma maneira seja transformada em um novo produto. Temos ainda como elemento de incentivos estarmos localizados junto ao maior mercado consumidor do País, que é a Região Sul-Sudeste.

 

Por outro lado, essa iniciativa, aliada à questão tecnológica, seria um fator a intensificar a formação educacional, visto que temos um grande parque acadêmico na região, tanto público como privado. Recentemente, estivemos presentes em uma apresentação do modelo Porto Indústria no laboratório da ABTRA, oportunidade em que foi possível visualizar a executividade da proposta que, aliás, já é uma realidade em algumas instalações portuárias.

 

Dessa forma, esse esforço deveria ser abraçado por todos os segmentos da sociedade, que em sinergia, possibilitaria a sua implantação e desenvolvimento, revertendo, pelo menos em nossa região, o quadro de desindustrialização e perda de portos de trabalho e, por fim, transformando o Porto de Santos muito maior do que já é.

 

*Adilson Júnior, vereador e presidente da Câmara Municipal de Santos, radialista e gestor público