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O amanhã tem que ser hoje!

Fonte: A Tribuna On-line / Maxwell Rodrigues*
 
Equipamentos e sistemas inteligentes são parte integrante dos pilares da estratégia digital
 
 
O setor portuário está em constante transformação de suas operações o que possibilitou recordes de operação ao longo dos anos de 2020 e 2021. Um fator impulsionado pela capacidade dos terminais privados em escoar toda a safra brasileira de commodities.
 
Equipamentos automatizados operando 24 horas por dia e altos índices de movimentação, ajudaram neste processo que atingiu um ritmo impressionante.
 
Apesar de tamanha dificuldade e altos custos para investimentos em tecnologia, o agronegócio e os portos fizeram a sua lição de casa. Sabemos que o Brasil de 2020 passou uma verdadeira revolução e impulsionou a chamada transformação digital. Transformação essa que já estava muito atrasada, mas que a pandemia empurrou fortemente.
 
O agro e os terminais foram forçados a reduzir a mão de obra para conter o avanço da pandemia, e ao mesmo tempo, encontrar uma maneira de continuar com a produtividade.
 
Equipamentos e sistemas inteligentes são parte integrante dos pilares da estratégia digital, transformando a mecanização da agricultura brasileira e as operações portuárias numa velocidade nunca antes vista.
 
Desde o planejamento do plantio à colheita, passando pelas diferentes etapas de produção, transporte, movimentação até o atendimento aos clientes nacionais e internacionais.
 
O resultado já conhecemos, mas ainda não entendemos o que isso poderá causar a curto e médio prazo.
 
Não foi um privilégio do agronegócio e dos portos o investimento em tecnologia desencadeado pela pandemia e devido ao avanço natural das coisas. Contudo existe um ponto que poderá colapsar todo esse sistema, a falta de mão de obra qualificada. Em nenhum momento afirma-se que não existe mão de obra qualificada no que se faz hoje, mas sim no que precisará ser feito amanhã.
 
Outros setores estão demandando essa mão de obra especializada em tecnologia e fazendo com que os salários fiquem supervalorizados. Além disso essa nova geração aprendeu que se fatura muito mais com projetos aqui e acolá do que com aquele tão sonhado emprego e registro em carteira. Essa geração não tem apego por este benefício, se podemos chamar de benefício.
 
Muitos investidores querem colocar seu dinheiro em startup para fomentar o avanço da tecnologia e também seus rendimentos, mas o mercado está míope e ainda não entendeu que assim como no agronegócio, onde primeiro você planta para depois colher, o mesmo deve ser feito no “plantio” desta nova mão de obra. Não dá para colher esse novo profissional sem antes plantar.
 
Precisamos de centros de capacitação específicos para a nova geração, aliados ao idioma inglês, e com empresas internacionais incubadas para dar todo o apoio no aprimoramento de suas tecnologias já comercializadas e também no suporte e manutenção do que ora está implementado.
 
Sem isso andaremos em círculos, disputando mão de obra com outros setores que estão demandando o mesmo tipo de profissional que o agro e os portos estão. Este ciclo está gerando uma expectativa nessa nova geração sem precedentes, a frente de grandes projetos e com alto nível de responsabilidade.
 
Entendo que existem muitos profissionais que estão no nível junior na área de desenvolvimento, são remunerados como pleno e acreditam seriamente que são seniores. Essa relação deixa claro a distorção no processo e a alta possibilidade de apagão em um futuro próximo.
 
Formar estes profissionais não é algo tão fácil, pois estes setores não exigem formação específica como médicos e engenheiros, por exemplo.
 
Estes profissionais dependem de ‘essencial skills’ (habilidades essenciais) como raciocínio lógico, capacidade de analisar diferentes negócios e processos, estar familiarizado com análise de dados, entendimento para criar e compreender processos eficientes, transformando tudo em sistemas ou integrações.
 
Seja por falta de interesse ou por dificuldade existe um déficit enorme nestas áreas. Podemos entender tudo isso como uma grande oportunidade ou até 2025 estaremos paralisando o desenvolvimento pela falta de atitude em 2021.
 
*Maxwell Rodrigues, executivo e apresentador do Porto 360º. Possui mais de 20 anos de experiência em tecnologia e automação portuária.
 

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