Notícias

Acordos de redução de salário e jornada já envolvem 2,5 milhões de trabalhadores

Fonte: O Globo
 
 
Segundo o governo, já foram registrados quase 2,5 milhões de acordos para redução de jornada de trabalho e salário a fim de preservar empregos, com a adesão de montadoras e varejistas. Falha no sistema de videoconferência adiou sessão do STF para analisar MP que flexibiliza normas trabalhistas.
 
Opaís já tem 2,473 milhões de trabalhadores que aceitaram aderira acordos de suspensão do contrato de trabalho ou redução de jornada e salário com contrapartidas do governo, conforme o previsto na medida provisória (MP) 936. Diante do tamanho da crise, as negociações entre patrõese empregados têm sido o caminho para evitar demissões durante a pandemia. A estratégia tem sido adotada por empresas dos ramos mais diversos: da fabricante de aeronaves Embraer, passando por montadoras, a segmentos do varejo e redes hoteleiras.
 
Com férias coletivas para mais de 100 mil trabalhadores, desde março, as montadoras de veículos decidiram estender o período de paralisação para maio e junho.
 
Todas as negociações feitas até o momento tiveram a participação dos sindicatos de metalúrgicos.
 
A General Motors promoveu assembleias digitais nas sete regiões onde atua. Em todas, a proposta de redução salarial e de jornada foi aceita pelos trabalhadores.
 
O pacote prevê para empregados até nível de gerência uma hora a menos na jornada diária com 12,5% de corte no salário. Para executivos da diretoria, a redução salarial será de 25%. Para os chamados horistas e mensalistas, a empresa adotou um programa de lay-off (suspensão temporária do contrato) com redução salarial que varia de 5% até 25%.
 
“Estas medidas terão duração inicial de dois meses com possibilidade de extensão, podendo ser canceladas em caso de retorno da demanda do mercado a uma situação de normalidade. Importante ressaltar que essas medidas são emergenciais e temporárias, tendo como objetivo a preservação dos emprego”, disse a GM.
 
Hyundai, Ford e Volkswagen ainda mantêm seus empregados em férias coletivas. Na Toyota, a suspensão temporária do contrato de parte dos empregados começa no próximo dia 22.
 
A Nissan também acertou com o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense um programa de redução de salários e jornada que vai de 22 de abril até 21 de maio.
 
A Renault fez uma proposta de lay-off, mas ela não foi aceita. As negociações continuam. A montadora prorrogou a paralisação das quatro fábricas na Região Metropolitana de Curitiba, onde emprega 7 mil trabalhadores, até o dia 3 de maio.
 
CORTE SÓ PARA EXECUTIVOS
 
No setor de varejo, a primeira grande rede que aderiu à MP 936 foi o Magazine Luiza. Por três meses, o salário do diretor executivo e do vice-presidente de operações será reduzido em 80%.
 
Os vencimentos dos 12 diretores executivos serão cortados em 50%, mesmo percentual de redução aplicado para os sete membros do Conselho de Administração. Para os demais diretores, o corte será de 25%. Não haverá corte para os demais funcionários agora.
 
Em comunicado, a companhia garante ter “reservas de segurança para atravessara tempestade ”, já que terminou 2019 com cerca de R$ 7 bilhões em caixa.
 
O presidente do sindicato dos comerciários de São Paulo, Ricardo Patah, já negociou pelo menos dez convenções coletivas, e pelo menos 5 mil empresas aderiram à redução de salário. Na média, os cortes ficaram em 50%, mas existem caso sem que a taxa foi de 70%, como na negociação dos trabalhadores de joalherias.
 
A fabricante de aviões Embraer finalizou as negociações com as entidades sindicais de 92% dos seus 17 mil empregados no Brasil.
 
Os funcionários, de executivos a operários da linha de produção, foram divididos em três grupos.
 
O primeiro é o dos que ficarão sem trabalhar por dois meses em virtude da queda na demanda. A empresa dará quatro meses de estabilidade em troca de cortes salariais entre 17% e 36%.
 
O segundo grupo é o dos que vão trabalhar de casa. Neste caso, a redução salarial e de jornada será de 25% por três meses. Quem seguir com o trabalho presencial receberá o salário normalmente. Estarão neste grupo apenas os responsáveis por funções essenciais, como a manutenção de aeronaves militares.
 
BENEFÍCIOS MANTIDOS
 
Um dos setores mais afetados pela pandemia, a aviação comercial negociou reduções de salário e jornada com sindicatos antes da edição da MP 936.
 
A Latam implantou licença não remunerada a partir de 1º de abril e cortou salários acima de R$ 2 mil. Em nota, a empresa disse estar mantendo benefícios como plano de saúde, vale refeição e alimentação.
 
A Gol reduziu em 40% os salários do presidente, Paulo Kakinoff, e de diretores e executivos por três meses. Para os demais funcionários, a redução de jornada e salário foi de 35%, em negociações diretas com os sindicatos.
 
A Azul implantou um programa voluntário de licença não remunerada de até seis meses, cortou em 50% a remuneração de diretores executivos e 25% de gerentes. Agora, a companhia diz estar “estudando as diretrizes da MP 936” e que vai dialogar com sindicatos para desenhar uma proposta aos tripulantes.
 
A diretora geral do resort Le Canton, Mônica Paixão, conta que suspendeu 93% dos contratos de 400 colaboradores do hotel em Teresópolis, região serrana do Rio, por 60 dias.
 
Antes da aprovação da MP 936, a executiva negociara a redução de jornada dos funcionários em 50%, mas, com o anúncio do governo sobre o plano trabalhista, refez os acordos em diálogo com o sindicato da categoria.
 

Imprimir Indicar Comentar

Comentários (0)

Compartilhe