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DP World planeja diversificar sua operação no Brasil

Fonte: Valor Econômico
 
 
A DP World, gigante de operações portuárias sediado em Dubai, planeja expandir sua atuação no Brasil com investimentos em outros segmentos, que podem ir desde operação logística até parques industriais, afirmou o presidente global da companhia, o sultão Ahmed Bin Sulayem, em entrevista exclusiva ao Valor.
 
A empresa opera 80 terminais em 40 países. No Brasil, o grupo atua no porto de Santos, no terminal da antiga Embraport (hoje, DP World Santos). A companhia já era acionista desde 2009, mas passou a ter controle completo da operação no fim de 2017, quando adquiriu a fatia de 66,7% da Odebrecht no negócio.
 
Em viagem rápida ao Brasil durante esta semana, o executivo foi recebido por diversos ministros - Paulo Guedes (Economia), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Ernesto Araújo (Itamaraty), Santos Cruz (Secretaria de Governo) - além do próprio presidente Jair Bolsonaro.
 
As conversas deixaram o sultão extremamente otimista. "Conhecemos os ministros e estamos muito impressionados como são eficientes. Vimos um governo que está funcionando, que toma decisões e que dá clareza do que quer fazer. Quando isso acontece, é possível planejar", afirmou Bin Sulayem.
 
Se as perspectivas são positivas, os resultados seguem no vermelho. Em 2018, a DP World Santos aprofundou seu prejuízo, que subiu de R$ 282,6 milhões no ano anterior para R$ 373,9 milhões. O valor total dos financiamentos, que passaram por uma renegociação após saída da Odebrecht, aumentou de R$ 1,9 bilhão, em 2017, para cerca de R$ 2,2 bilhões no ano passado.
 
"O negócio não está bem, ainda está sofrendo. Mas estamos otimistas, temos capacidade de inverter o resultado, fizemos isso em diversos lugares do mundo", afirma o presidente.
 
"Nós decidimos ficar no Brasil quando todos nossos sócios queriam sair porque acreditamos no país. Estamos aqui com uma visão de longo prazo. Já vimos o pior. Hoje, não vejo nada além de oportunidades", diz ele.
 
Nem mesmo as projeções menos otimistas em relação à retomada da economia desanimam o executivo. "Não olhamos para isso, não olhamos para o que os jornais estão escrevendo. Nós sabemos bem do nosso negócio. Não fazemos um plano apenas porque lemos algo no jornal ou porque um analista escreveu algo. Eles não sabem tanto quanto nós. Sabemos o que está acontecendo no mundo e sabemos o que precisa ser feito no Brasil."
 
Em seu retorno à Dubai, Bin Sulayem afirma que o grupo irá "digerir e estudar" as oportunidades no país para, então, traçar um plano de expansão da operação brasileira, que poderá ir muito além da atuação no Porto de Santos, segundo ele.
 
"Os investimentos poderiam ser em outros setores, como em parques industriais, logística, armazenagem e distribuição, navegação local, transporte marítimo de curta distância. Poderia ser em qualquer parte do Brasil. Nós estaremos onde houver carga. Onde houver ineficiência no transporte queremos investir", afirma o executivo.
 
Ele dá como exemplo operações que o grupo construiu em outros países, que poderiam servir como modelos. Um deles é a zona franca de Jebel Ali, construída em Dubai em 1985 pela DP World e que abriga mais de 7.500 empresas. Outros casos mencionados são a operação de armazenagem e distribuição na República Dominicana e os investimentos em ferrovias na Índia.
 
"Teremos informações nos próximos meses. Vamos fazer um plano para o Brasil, que precisa ser bem avaliado. Há dois anos, acho que te diria 'não vou fazer nada no país'. Mas essas pessoas [membros do novo governo] são sérias, vão fazer uma mudança muito positiva", completa.
 
Uma das oportunidades no radar do grupo é a relicitação da área do terminal Libra, no Porto de Santos. O atual controlador está em recuperação judicial e deixará de operar o terminal de contêineres. O local, que poderá dar lugar à operação de outras cargas, como celulose, será levado a leilão em abril de 2020, segundo o calendário do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos).
 
"Vamos estudar. É um terminal muito próximo de nós", disse o presidente, sem dar detalhes.
 
A companhia também tem outros planos no Porto de Santos, como a diversificação das cargas movimentadas no terminal, hoje focado em contêineres. Desde 2017, quando foi firmado um contrato com a Suzano, estão sendo investidos R$ 700 milhões em estruturas para a operação de celulose no terminal. O grupo, não revela o valor total de investimentos previstos nos próximos anos no porto.
 
A companhia também criou um braço de serviços rodoviários para transportar carga do terminal, em Santos, até seus clientes. A empresa, que passou a operar em janeiro deste ano, trabalha com frota terceirizada.
 
Para Bin Sulayem, a saída da Odebrecht trouxe vantagens operacionais à empresa. "Quando se tem outros sócios, não é tão fácil convencer a esperar, não pagar dividendos e investir. Temos uma visão de longo prazo no Brasil e, hoje, podemos tomar decisões mais facilmente."

 

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