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Mais desigualdade

Fonte: A Tribuna On-line
 
Levantamento do FGV mostrou que a desigualdade na renda dos trabalhadores no País continuou em alta nos primeiros meses deste ano e atingiu seu maior nível em pelo menos sete anos
 
Levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que a desigualdade na renda dos trabalhadores no País continuou em alta nos primeiros meses deste ano e atingiu seu maior nível em pelo menos sete anos. O índice de Gini do rendimento domiciliar per capita do trabalho subiu de 0,625 no quarto trimestre do ano passado para 0,627 no primeiro trimestre de 2019. O indicador mede a desigualdade em escala que vai de zero a um, sendo zero a igualdade perfeita. 
 
Foi o décimo sétimo aumento trimestral consecutivo do índice Gini. Ele havia chegado ao ponto mínimo no quarto trimestre de 2013, registrando 0,598, e desde então vem apresentando crescimento praticamente contínuo. Fica, portanto, evidente que há correlação direta entre a crise econômica (que se instalou no final de 2014) e o aumento da desigualdade, confirmando que a recessão atinge especialmente os mais pobres e vulneráveis.
 
Especialistas apontam que a lenta melhora do mercado de trabalho foi concentrada até aqui nas pessoas mais qualificadas e com experiência profissional, fato que potencializa a desigualdade. Destaque-se ainda que o desalento - pessoas que deixam de procurar emprego ou trabalho - vem crescendo e batendo recordes, e ajuda a explicar o porquê da desigualdade seguir em alta apesar de pequena redução do desemprego. Os desalentados são pessoas de menor qualificação, de menor (ou nenhuma) renda e que desistiram de procurar emprego.
 
A recessão econômica explica o aumento da desigualdade. Ela não é consequência exclusiva da crise - há outros fatores, como diferenças históricas entre brancos e negros, homens e mulheres, e a ausência ou fragilidade de políticas capazes de promover a elevação da renda e da condição de vida das famílias - mas é fora de dúvida que o baixo crescimento agrava o quadro de modo significativo. Daí a importância de mudança do atual cenário brasileiro, que continua ameaçador, com sinais de possível recrudescimento da crise.
 
O crescimento, apenas, não garante a diminuição da desigualdade. Ele pode ser apropriado pela minoria, deixando a maioria de fora, a indicar que é preciso ações compensatórias e iniciativas de curto, médio e longo prazo. Investimentos em educação, por exemplo, não trazem resultados imediatos, mas permitem, no curso de uma geração, que os efeitos sejam percebidos. Indivíduos com maior qualificação profissional ascendem em suas carreiras, aumentam sua renda e o resultado é a diminuição da desigualdade.
 
Há desafios imensos a enfrentar, como distribuir renda por meio de políticas sociais, diminuir privilégios e assegurar oportunidades a todos. Isso dificilmente se dá em ambientes recessivos, a indicar que a superação da crise e a retomada de crescimento interessam a todos, especialmente aos mais pobres.
 

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