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Desemprego é a principal ameaça à popularidade de Bolsonaro

Fonte: Correio Braziliense
 
Apoio à administração Bolsonaro tende a diminuir se milhões de trabalhadores continuarem sem encontrar vaga no mercado

 
 
O sucesso do governo Jair Bolsonaro depende da melhora na economia, mas, completados quatro meses da nova gestão, o otimismo diminuiu, após vários resultados desanimadores. O desemprego, em especial, é a maior ameaça à popularidade do governo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há 13,4 milhões de pessoas sem trabalho no país, número que aumentou 10,2% no primeiro trimestre, em comparação com os três últimos meses de 2018. A baixa oferta de empregos está associada à baixa confiança de empresários e consumidores e à atividade econômica fraca, situação que só será possível reverter com aprovação da reforma da Previdência.
 
Apesar de dramático, o quadro não foi mencionado por Bolsonaro no pronunciamento que fez em cadeia de TV no Dia do Trabalho. O presidente preferiu enfatizar que o governo tem compromisso com a “plena liberdade econômica”, citando a medida provisória, assinada no último dia 30, que facilita a gestão de pequenas empresas e startups, e entre outras medidas, as desobriga de conseguirem alvará de funcionamento para testar novos produtos e serviços.
 
A equipe econômica tem outras ações em estudo, como o chamado “Simplifica”, um conjunto de 50 medidas para reduzir a burocracia para o setor produtivo. Outras iniciativas estão sendo pensadas, mas, para analistas, tais ações não têm impacto significativo a curto prazo, já que o problema fiscal do país gera a crise de confiança. A falta de articulação política do governo não tem contribuído para atrair investimentos e o próprio presidente dá sinais de que a reforma da Previdência poderá se desidratar mais do que a equipe econômica admite.
 
Segundo analistas, enquanto o discurso não convergir e não houver uma atuação mais forte do governo, o impacto positivo na economia será pequeno, o que pode aumentar a insatisfação da população. O Ibope mostrou, em estudo encomendado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que Bolsonaro tem a pior avaliação inicial de um governo eleito desde a redemocratização, com apenas 35% das pessoas considerando a gestão como ótima ou boa.
 
Para o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, as medidas adotadas até agora, como a MP da Liberdade Econômica, vão na direção correta. “Mas não há uma bala de prata para a queda rápida dos índices de desemprego, até porque isso será gradual, já que há pouca capacidade do setor público para estímuar a economia”, afirmou.
 
Cartola
 
O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse, no Dia do Trabalho, que o desemprego é herança dos governos petistas. Mas analistas observam que culpar governos passados não ajuda. Na avaliação do economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, não existe milagre. “Reduzir o desemprego depende do crescimento da economia, que está estagnada há muitos anos”, explicou. Para ele, o mercado de trabalho não vai se recuperar em 2019. “Talvez no ano que vem, mas isso dependerá da capacidade do governo de aprovar as reformas”, frisou.
 
“Não há uma bala de prata para a queda rápida dos índices de desemprego, já que há pouca capacidade do setor público para promover estímulos na economia”
Silvio Campos Neto, analista da Tendências Consultoria
 

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