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91% dos países cresceram mais que o Brasil de 2011 a 2018

Fonte: Valor Econômico
 
Mais de 90% dos países do mundo cresceram mais do que o Brasil entre 2011 e 2018, um sinal eloquente do péssimo desempenho da economia brasileira nesta década. No período, 174 países de uma amostra de 191 - ou 91% - tiveram uma expansão do PIB mais forte que a do Brasil, segundo estudo do economista Marcel Balassiano, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). A comparação tem como base números do Fundo Monetário Internacional (FMI).
 
Para Balassiano, a década de 2011 a 2020 deverá mostrar o pior resultado do Brasil na comparação internacional pelo menos desde 1980, quando começa a série do FMI. Considerando as estimativas do Fundo para 2019 e 2020, 90% dos países terão apresentado "um crescimento real do PIB maior do que o brasileiro", escreve ele. "Nas décadas de 1980 e 1990, por volta de 70% dos países cresceram mais do que o Brasil, e na década dos anos 2000, o número foi de 56%." Balassiano observa que o FMI projeta um crescimento para o Brasil neste ano de 2,1%, acima da estimativa de 1,8% do Ibre e do 1,5% do consenso de mercado. "Para 2020, o Fundo prevê um crescimento de 2,5%", em linha com as expectativas dos analistas.
 
Na recessão, o PIB recuou em 2015 e em 2016, caindo 3,5% e 3,3%, pela ordem. Foi o "o pior biênio de crescimento econômico em mais de cem anos", afirma Balassiano. "A outra vez que o PIB brasileiro recuou por dois anos consecutivos foi em 1930 e 1931, logo após a crise de 29". Além disso, a retomada "pós-recessão tem sida lenta e gradual, com um crescimento de apenas 1,1% tanto em 2017 quanto em 2018", como ressalta o economista do Ibre. "O último quadriênio apresentou uma queda real do PIB de 1,2%, ao ano, em média."
 
Balassiano diz que a crise brasileira foi muito mais doméstica do internacional. Uma evidência da gravidade, segundo ele, é a grande proporção de economias com crescimento superior ao do Brasil desde 2014 - a recessão começou no segundo trimestre daquele ano. Em 2014, 85% dos países avançaram mais que o Brasil. Em 2015, a fatia ficou em 94% e em 2016, em 95%. "Vale frisar que o Brasil é muito mais relevante, em termos econômicos, do que os demais países com desempenho pior desse ranking, que conta com países como Líbia, Guiné Equatorial, Venezuela", diz Balassiano ao comentar o desempenho do biênio.
 
Em 2017 e 2018, a parcela de economias com crescimento superior ao do Brasil ficou em 84%. Balassiano nota que a década atual também deverá ser a pior para o Brasil na comparação do PIB per capita em termos de paridade do poder de compra, que elimina as diferenças de custo de vida. Com base nas projeções do FMI para 2019 e 2020, 84% dos países deverão ter um desempenho melhor do que o brasileiro de 2011 a 2020.
 
O grande problema macroeconômico do Brasil é fiscal, segundo ele. "Após 16 anos de superávit primário, a partir de 2014 o país passou a apresentar déficit primário. Já são cinco anos consecutivos que o país gasta mais do que arrecada, excluindo os juros." Nesse quadro, a dívida bruta cresceu de 51,5% do PIB em 2013 para 78,4% do PIB em março deste ano. Isso mostra a importância da reforma da Previdência, uma vez que as despesas com aposentadorias correspondem a grande parte das despesas primárias da União, também um problema de Estados e municípios, diz Balassiano. 
 

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