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FGV: Indicadores de emprego pioram com dúvidas sobre a política

Fonte: Valor Econômico
 
A incerteza na condução da política econômica influenciou a piora dos indicadores de mercado de trabalho calculados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em abril. 
 
Nesta terça-feira, a fundação anunciou recuo de 1 ponto no Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) de abril em relação a março, para 92,5 pontos - menor patamar desde outubro de 2018 (90,8 pontos). No Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), houve avanço de 0,7 ponto na mesma comparação, para 94,8 pontos - maior nível desde dezembro do ano passado (90,8 pontos).
 
Para Rodolpho Tobler, economista da fundação, ocorre uma calibragem das expectativas dos empresários, que subiram muito no início do ano com a perspectiva de um novo governo. No entanto, ele admitiu que há, no momento, frustração com a velocidade da retomada da economia, bem como da demanda interna, ainda muito lentas, notou ele. 
 
A ausência de ações, por parte do governo, que possam reativar tanto a atividade quanto a procura interna também preocupa o setor privado, disse ele.
 
Isso, na prática, eleva cautela e inibe contratações por parte do empresariado, observou Tobler. O especialista não descartou continuidade de trajetória desfavorável nos dois indicadores da FGV no próximo mês.
 
O economista frisou que o mercado de trabalho tem andado "muito devagar" e que os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam isso.
 
A economia brasileira fechou 43.196 empregos com carteira assinada em março deste ano, segundo Caged. Já a taxa de desemprego no trimestre encerrado em março deste ano subiu 1,1 ponto percentual, para 12,7%, o que representa 13,4 milhões de desempregados no país.
 
Tobler comentou, ainda, ser preocupante que o patamar do IAEmp tenha retornado aos níveis de outubro do ano passado, época em que a incerteza política se mantinha em alta devido à não resolução do pleito presidencial - o que levantava, na época, dúvidas sobre condução de política econômica em 2019.
 
Na prática, os sinais de incerteza na condução de política econômica parecem estar voltando, reconhece Tobler. "Com certeza é um dos fatores [que conduziram a piora dos indicadores de trabalho da FGV ]", afirmou.
 
O economista explica que há, no momento, ausência de informações mais claras sobre quando se dará aprovação de reformas, como a da Previdência, além de uma ideia mais clara de quais serão as ações do governo para incrementar a atividade. Isso deixa os empresários novamente em compasso de espera, tanto para alocar investimentos na economia quanto para efetuar novas contratações.
 
"Enquanto não tiver noção clara do que tiver para acontecer, em noções de reforma [da Previdência], isso contribuiu para eles [os empresários] ficarem mais cauteloso ainda", resumiu ele.
 
Ao ser questionado se o IAEmp já se encontra em tendência negativa, Tobler informou ser preciso esperar um número maior de resultados do indicador para que isso configure tendência.
 
O especialista defende medidas mais proativas na recuperação da atividade econômica, por parte do governo, que possam conduzir a uma redução de incerteza entre o empresariado. Ele alertou que a incerteza tornar difícil o mercado tecer projeções positivas. Nesta semana, o boletim Focus, do Banco Central, diminuiu a projeção da variação do PIB em 2019 de 1,70% para 1,49%.
 
"Enquanto não houver redução de incerteza, esse cenário vai persistir", disse Tobler.
 

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