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Massa salarial terá alta modesta em 2019, prevê Ibre

Fonte: Valor Econômico
 
Sem uma injeção extra de recursos na renda, como ocorreu via FGTS e PISPasep nos últimos anos, o poder de consumo das famílias deverá crescer lentamente neste ano, acompanhando a recuperação gradual do emprego e da atividade econômica. Projeções do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) mostram que a massa salarial ampliada, que soma a renda do trabalho e benefícios sociais, vai atingir R$ 1,18 trilhão neste ano, 1,1% a mais em relação à do ano passado (R$ 1,17 trilhão). "É um crescimento lento e gradual.
 
Apesar de ser um dado de crescimento, ele reforça que permanecemos saindo da crise, uma das maiores da história, a passo de tartaruga", disse Bruno Ottoni, pesquisador do Ibre/FGV, acrescentando que o indicador havia crescido 1,1% em 2018. Além da massa dos salários, os cálculos do Ibre/FGV englobam os ganhos de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC, concedidos para pessoas com deficiência e idosos de baixa renda), assim como benefícios previdenciário.
 
Também inclui os saques do FGTS em 2017 e os do PIS/Pasep no ano passado. Segundo Ottoni, o mercado de trabalho deverá contribuir para o crescimento da massa salarial, especialmente pela aumento do número de trabalhadores ocupados (empregados, empregadores, informais). Os rendimentos de aposentadoria também devem seguir crescendo. "Com o perfil etário brasileiro, vamos continuar com avanço da população aposentada. A reforma da Previdência Social só vai ter efeito sobre essa renda no longo prazo, na medida em que houver redução do fluxo de entrada da aposentadoria", afirmou o pesquisador. Benefícios como Bolsa Família e BPC são variáveis mais incertas.
 
O governo até anunciou o pagamento de uma espécie de 13º salário para as famílias beneficiadas pelo Bolsa Família, mas sua efetividade pode depender de questões fiscais. "O benefício não é garantido por lei, sujeito a intempéries", lembra. Apesar das projeções não muito animadoras, a massa salarial do trabalho foi positiva no primeiro trimestre deste ano. Conforme dados divulgados pelo IBGE na terça-feira, a massa avançou 3,3% no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 205,289 bilhões no período. Para Ottoni, o desempenho da massa salarial chamou atenção, considerando que a renda habitual do trabalhador cresceu 1,4% por essa base de comparação, para R$ 2.291. "A população ocupada cresceu 1,8% em base interanual no trimestre, foi surpreendente", disse ele. Como divulgado pelo IBGE, a taxa de desemprego nacional atingiu 12,7% no primeiro trimestre de 2019.
 
O resultado ficou ligeiramente abaixo da média das previsões de 25 analistas ouvidos pelo Valor Data, que previam elevação para 12,8%. O país tinha 13,387 milhões de desempregados no trimestre. Retirados os efeitos sazonais do período, marcado tipicamente pela dispensa de temporários, a MCM Consultores calcula que a taxa de desemprego passou de 12,2% no quarto trimestre de 2018 para 12% no primeiro trimestre de 2019. Para a consultoria, existem sinais mais animadores do emprego.
 

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