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Especialistas questionam viabilidade de terminal de cruzeiros no Litoral de SP

Fonte: A Tribuna On-line
 
Projeto foi apresentado pela Prefeitura de São Sebastião; falta de infraestrutura de acesso é um dos problemas
 
A viabilidade do terminal de cruzeiros que a Prefeitura de São Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo, pretende construir na área de Praia Grande, próxima ao Porto da Cidade, é questionada por especialistas portuários. Conforme A Tribuna publicou nesta quarta (7), o projeto, classificado como home port, já foi apresentado ao Governo do Estado. Ele contempla a implantação de um píer com dois berços, sendo que um deles teria capacidade de receber o Icon of the Seas, o maior navio de passageiros do mundo, com 365 metros de extensão.
 
Consultor portuário e diretor da V2PA Engenharia e Consultoria, Marcos Vendramini explica que o conceito de home port engloba fatores como a quantidade de faixas rodoviárias de acesso à cidade e ao terminal, a proximidade com os centros geradores de viagens e com a cadeia de suprimentos de bordo. “Há muitas, complexas e custosas demandas e requerimentos comerciais, econômicos e de infraestrutura que poucas localidades do mundo possuem”, afirma.

O consultor não acredita que São Sebastião possua as características para abrigar um home port. “Um terminal de cruzeiros para embarcações de 6 mil passageiros demandaria uma vazão horária de veículos superior ao que pode ser suportado pela SP-55 (Rodovia Rio-Santos), que cruza a área onde se pretende implantar o terminal. Imagine o Icon of the Seas, com 7,6 mil passageiros mais os 2,5 mil tripulantes”, cita Vendramini.
 
Para o consultor Ivam Jardim, da Agência Porto, o projeto precisa ganhar uma roupagem de terminal, conforme a Lei dos Portos. Além disso, diz ele, propostas grandiosas assim muitas vezes não são viáveis devido ao alto custo para a implementação.
 
“Se a operação exigir tarifas altas para embarque, desembarque e trânsito para garantir retorno, as companhias de cruzeiros podem optar por não operar, já que existem mercados mais lucrativos pelo mundo”, destaca.
 
Jardim também considera improvável que navios como o Icon of the Seas venham ao Brasil em breve. “Esse navio foi projetado para o mercado de Miami (EUA), que é o maior do mundo e opera o ano inteiro em dólar. Portanto, não há razão para a operadora trazê-lo ao Brasil, onde a rentabilidade é menor”.
 
Alternativa
 
Embora os especialistas não vejam viabilidade para um home port em São Sebastião, a ideia de um ponto de trânsito é analisada como mais realista.
 
“Uma alternativa viável seria aprimorar as condições para que São Sebastião e Ilhabela, que são destinos turísticos excepcionais, possam ser utilizados como pontos de trânsito, permitindo que os navios explorem suas belezas naturais”, pontua Jardim.
 
Para Marcos Vendramini , se a finalidade do projeto do terminal de cruzeiros “fosse voltada para a escala simples e não porto de início e fim de viagem, a ideia é aceitável”, complementa.
 

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