Notícias

Atraso para abastecimento de navios no Porto de Santos gera prejuízo de R$ 27 milhões

Fonte: A Tribuna On-line
 
Esse é o total que os armadores já perderam com o problema nos últimos três anos em Santos, afirma Sindamar
 
Atrasos no abastecimento de navios cargueiros se tornaram um problema crônico no Porto de Santos, gerando prejuízos aos armadores que ultrapassam US$ 5 milhões (cerca de R$ 27 milhões). O problema se arrasta desde 2021.
 
No último dia 9, um navio esperou 27 horas pela conclusão do fornecimento de combustível, arcando com um gasto total de US$ 36 mil (cerca de R$ 196 mil), sendo US$ 30 mil (R$ 162 mil) somente de custo de atracação em dobro. As informações são do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar).
 
O diretor-executivo do sindicato, José Roque, disse que o custo engloba “desvio de rotas (escalas em outros portos somente para abastecimento), mudanças de berço em Santos, redução de tonelagem fornecida, despesas adicionais com infraestrutura portuária, rebocadores, praticagem etc”.
 
Roque exemplificou: “o custo de um navio Tramp, que descarrega ou embarca commodities é de US$ 35 a 45 mil dólares por dia, além dos custos com o combustível quando o navio, para não perder a atracação em um próximo porto, desenvolve velocidade que chamamos de full speed, com queima de combustível três vezes superior à navegação normal. Esse procedimento se iguala ao navio de contêineres, com custo diário de US$ 80 mil a US$ 100 mil”.
 
O diretor-executivo do Sindamar acrescentou que a situação se agrava com “a redução de barcaças quando são retiradas de operação para manutenção”.
 
Situação lamentável
 
Roque contou que um único navio, atracado na Ilha Barnabé, no último dia 9, aguardou 27 horas pelo fornecimento completo do combustível, acumulando um gasto em torno de US$ 36 mil, somando o preço do combustível (US$ 6 mil) mais o custo do período de atracação em dobro (US$ 30 mil).
 
“O navio estava pronto para receber combustível às 2 horas de terça-feira, mas só começou a ser abastecido pela primeira barcaça 11 horas depois, recebendo 100 toneladas. A segunda barcaça concluiu o fornecimento de 350 toneladas de combustível somente às 5 horas de quarta-feira”.
 
Segundo Roque, “a situação de deficiência de abastecimento no Porto de Santos é uma realidade triste e recorrente, fazendo com que as nossas associadas relatem atrasos costumeiros na programação. A pressão é constante em contatos com a Transpetro e Navemestra, porém o desafio se tornou uma rotina, embora em alguns momentos surja uma melhora na pontualidade e comunicação, mas, não é frequente”.
 
Mudança de rota
 
Ainda de acordo com Roque, as associadas “revelam, também, que alguns clientes não conseguem fechar o bunker (abastecimento) em Santos devido à falta de agenda ou produto da Petrobras e estão atendendo navios com escalas nos portos do Rio de Janeiro (RJ) e Salvador (BA)”.
 
ANP afirma que “não tem constatado” problemas no Porto
 
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) afirma, em nota, que o Sindamar já havia procurado a agência para tratar do fornecimento de óleo combustível marítimo no Porto de Santos. “Desde então, a ANP tem intensificado o contato com a Petrobras, que é o fornecedor que opera no local, e não tem constatado problemas no abastecimento”, afirma.
 
Até o momento, diz a ANP, não há conhecimento de qualquer dificuldade relacionada à disponibilidade de produtos em Santos para abastecimento das embarcações.
 
A agência garante que segue em contato com a Petrobras que, “por ser produtora de combustíveis, é obrigada a informar à ANP quaisquer intercorrências que possam impactar a disponibilidade de produto”.
 
Sem resposta
 
A Transpetro foi procurada, mas informou que os esclarecimentos competem à Petrobras. A Reportagem também acionou a Petrobras, que não responderam até o fechamento desta edição. O Ministério de Minas e Energia também foi contatado, mas também não deu retorno.
 
Audiência pública
 
A Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados realizaria uma audiência pública para debater as condições de abastecimento de combustíveis marítimos no Porto de Santos na quarta-feira (10), mas foi adiada.
 
Segundo a deputada federal Rosana Valle (PL), que convocou o encontro, o motivo do adiamento foi a marcação de uma visita do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, à comissão. Porém, ele também não foi no dia. Uma nova data deverá ser agendada ainda neste “segundo semestre”, diz a parlamentar.
 
Foram convidados para participar da audiência representantes das empresas Transpetro e Petrobras, do Ministério de Minas e Energia; do Sindamar; da Autoridade Portuária de Santos (APS); e parlamentares.
 
A deputada destacou que o prejuízo causado “diminui a competitividade do Porto de Santos, encarece produtos e prejudica a economia do País”.
 
Ela acredita, porém, que é possível solucionar o problema. “A falta de logística operacional no abastecimento de combustível no complexo portuário pode ser perfeitamente superada com a colaboração e entendimento entre as autoridades portuárias, empresas do Governo Federal e as agências marítimas que atuam no Porto. Encontrar soluções é o objetivo da audiência na Comissão de Viação e Transportes”, finalizou.
 

Imprimir Indicar Comentar

Comentários (0)



Compartilhe



Voltar