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17/09/2024 - 11h37

Setembro Amarelo: Brasil registra 14 mil suicídios por ano


Fonte: AssCom Sindaport
 
O ‘Setembro Amarelo’ é uma campanha anual no Brasil dedicada à conscientização e prevenção ao suicídio, que ocorre durante todo o mês de setembro. Criada em 2015 pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a iniciativa busca promover o diálogo sobre saúde mental e q uebrar o estigma associado ao suicídio.
 
O lema escolhido para este ano é “Atenção aproximada às pessoas”. O objetivo é conscientizar e promover um olhar atento, acolhedor e solidário.
 
Segundo relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde), anualmente são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média, 38 pessoas cometem suicídio por dia, com maior incidência entre jovens de 15 a 29 anos.
 
Muitas vezes, a correria do dia-a-dia não nos permite olhar para o lado, identificar que um colega de trabalho, um familiar, um amigo precisa de atenção, precisa ser ouvido, precisa ser acolhido. Os dados da rede municipal de Santos, de acordo com o site da Prefeitura, apontam que, no Município, foram registrados 22 suicídios em 2019; 31, em 2020; 13 em 2021.
 
Na rede pública de Santos, o atendimento em saúde mental se estrutura na Rede de Atenção Psicossocial, que tem como objetivo o atendimento mais próximo da casa do usuário. Segundo orientação da Secretaria de Saúde de Santos, a policlínica do bairro em que a pessoa reside pode fazer o primeiro atendimento, avaliar o nível de gravidade e iniciar o cuidado de casos de ansiedade, melancolia, tristeza e depressão considerados leves (quando a causa é conhecida, geralmente relacionada a um luto, como perda de alguém ou do emprego, por exemplo).
 
Quando não há explicação clara para a melancolia e tristeza, com sofrimento para a pessoa e para a sua família, e o caso for considerado grave, a melhor opção são os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), que atendem a transtornos mentais mais graves. Nesses locais, as pessoas podem ir espontaneamente ou por encaminhamento. Deve-se buscar sempre a unidade mais próxima da sua residência.
 
Já nos casos de crise aguda, quando um paciente de saúde mental está em crise, colocando em risco a própria vida ou de outra pessoa, deve-se acionar o Samu pelo telefone 192, cuja equipe está preparada para o atendimento de crises agudas ou por uso abusivo de substâncias psicoativas, destaca o coordenador. O paciente é encaminhado a uma UPA para estabilização clínica. Havendo necessidade, o paciente é encaminhado para o Complexo Hospitalar da Zona Noroeste, que realiza avaliação psiquiátrica em situação de crise.
 
Endereços dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps)
 
Atendimento infantojuvenil
 
• Caps Infantojuvenil Tô Ligado - Rua Campos Melo, 298, Encruzilhada
 
• Caps Infantojuvenil Entrementes da Zona Noroeste - Praça Maria Coelho Lopes, 395, Santa Maria
 
• Caps Infantojuvenil #tamojunto - Av. Pinheiro Machado, 769, Campo Grande
 
Atendimento adulto
 
• Centro de Atenção Psicossocial da Zona Noroeste - Rua Bulcão Viana, 853, Bom Retiro
 
• Centro de Atenção Psicossocial Centro - Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, 236, Macuco
 
• Centro de Atenção Psicossocial Praia - Av. Cel. Joaquim Montenegro, 329, Ponta da Praia
 
• Centro de Atenção Psicossocial da Vila - Av. Pinheiro Machado, 718, Marapé
 
• Centro de Atenção Psicossocial Orquidário - Avenida Francisco Glicério, 661, José Menino
 
• Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas - Rua Silva Jardim, 354, Macuco
 
A Secretaria de Saúde, da Prefeitura de Santos, esclarece algumas dúvidas:
 
1. Que sinais uma pessoa com ideias suicidas emite?
 
A pessoa passa a falar bastante sobre questões negativas, de desvalorização da própria vida e autodepreciação. Frases como ‘a vida não vale a pena’, ‘não estou feliz’, ‘não sirvo para nada’, ‘ninguém gosta de mim’ passam a ser frequentes. É preciso prestar mais atenção a esta pessoa. Mas vale lembrar que nem todas que pensam em se matar demonstram algum tipo de insatisfação. Podem se recolher em silêncio, em comportamentos que não são habituais, como isolamento ou até mesmo agressividade e choro fácil.
 
2. Como ajudar?
 
Deve-se conversar em local reservado, de forma franca, mostrar-se preocupado, perguntar se está tudo bem. E ouvir, sem fazer julgamentos. Em alguns casos, pode se tratar de um descontentamento pontual, mas há quem realmente necessite de tratamento. Se a pessoa não quiser conversar, alguém mais próximo a ela deve ser acionado para que possa acontecer esse diálogo. Importante não ser uma conversa de pura curiosidade, mas que demonstre que pode haver confiança a nesse diálogo.
 
3. Quais são os fatores de risco que podem levar uma pessoa ao suicídio?
 
Depressão, ansiedade, ser vítima de abuso ou violência, história de vida traumática e uso abusivo de drogas. Não significa que quem tem essas doenças ou características necessariamente vai se matar, mas geralmente quem atenta contra a própria vida possui histórico de algum tipo de transtorno mental. 
 
4. Pode-se obrigar uma pessoa a buscar tratamento?
 
É importante avaliar o risco de ela atentar contra a si mesma ou contra outra pessoa e buscar convencê-la através de conversa, mostrando os perigos que ela corre.
 
5. Que atividades podem ajudar a afastar as ideias suicidas?
 
Todas as práticas que tragam bem-estar e que ocupem a mente da pessoa: atividades de lazer (passeios, esportes), artesanato e atividades culturais (cinema, teatro), por exemplo. Profissionais da área da saúde mental chamam essas práticas de ‘Produção de Vida’.
 
6. No Brasil, cerca 1.200 idosos cometem suicídio todos os anos. Entre 2006 e 2015, a prática aumentou 24% entre a população adolescente (10 a 19 anos). Por que essas pessoas estão mais vulneráveis?
 
Indicadores socioeconômicos como desigualdade social e desemprego foram determinantes para o risco de suicídio entre adolescentes no Brasil. Entre os fatores de risco para o suicídio de idosos, além dos transtornos mentais como depressão, esquizofrenia e uso abusivo de álcool e drogas, há questões como isolamento social, outros fatores psicológicos como perdas recentes, condições de saúde importantes como lesões desfigurantes, dor crônica e câncer. As “duas pontas” das fases de nossa vida crianças/jovens e os idosos precisam ser protegidos.
 
7. O suicídio ainda é um tema tabu. Como abordá-lo junto aos jovens?
 
Destacar a importância de não julgamento de condições sociais e de comportamentos para que possamos ajudar as pessoas em situação de sofrimento. Infelizmente, muitos julgam as pessoas que tentam o suicídio, culpando-os, criminalizando-os pelo ato. Elas precisam de ajuda.
 
8. Como proteger os mais jovens?
 
É importante ter um espaço de fala, de manifestação de seus desejos, de sua criatividade. Crianças e adolescentes são criativos, estão em fase de descoberta. Descoberta do corpo e das suas possibilidades de vida. Com o aumento da crise social na qual o Brasil se encontra, as possibilidades de vida e de sucesso parecem inatingíveis para os jovens. Eles precisam de espaços de escuta e de prática de criatividade. Os locais de convivência desse grupo populacional precisam proporcionar possibilidades de expressão.