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Trabalhadores portuários brasileiros denunciam ataques a direitos em encontro internacional nos Estados Unidos
Fonte: Portal Ilha do Mel FM
Na última semana de junho, entre os dias 24 e 26, a cidade de Charleston, na Carolina do Sul (EUA), sediou um dos encontros mais importantes do sindicalismo portuário internacional. O local recebeu simultaneamente dois eventos históricos: a celebração dos 25 anos do IDC (Conselho Internacional de Trabalhadores Portuários) e os 25 anos do “Charleston Five”, episódio emblemático da luta sindical que uniu estivadores norte-americanos e de outros países contra a contratação de trabalhadores não sindicalizados.
A programação reuniu cerca de 350 delegadas e delegados de diferentes partes do mundo, inclusive, de Paranaguá, com o objetivo de fortalecer os laços de solidariedade internacional entre os trabalhadores e discutir os desafios enfrentados pelo setor portuário. A delegação brasileira representou as três federações portuárias (FNE, FENCCOVIB E FNP) e teve papel de destaque ao denunciar os riscos contidos no Projeto de Lei 733/2025, atualmente em tramitação na Câmara dos Deputados.
Participaram do encontro, pela comitiva do Brasil, os dirigentes sindicais José Adilson Pereira (presidente da Federação Nacional dos Estivadores/FNE, vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviário e Aéreo, na Pesca e nos Portos (CONTTMAF) e vice-presidente nacional da CTB), José Eduardo Antunes (presidente do Sindicato dos Conferentes de Carga e Descarga nos Portos do Estado do Paraná, diretor da Federação Nacional dos Conferentes e Consertadores de Carga e Descarga, Vigias Portuários, Trabalhadores de Bloco, Arrumadores e Amarradores de Navios, nas Atividades Portuárias/FENCCOVIB e vice-presidente da Frente Intersindical de Paranaguá e da CTB-PR), Marcos Ventura Alves (presidente do Sindicato dos Vigias Portuários de Paranaguá e diretor da FENCCOVIB) e Robson Wilson Santos (presidente do Sindicato dos Estivadores de São Sebastião e diretor da FNE).
PL 733/2025 no centro das preocupações
A delegação brasileira utilizou o espaço internacional para denunciar, com veemência, o PL 733/2025, que, segundo os sindicalistas, ameaça a estabilidade e os direitos históricos dos trabalhadores portuários brasileiros. “Nossa presença aqui teve como principal objetivo alertar sobre o perigoso PL 733, que ataca direitos duramente conquistados ao longo das décadas. Também reafirmamos o compromisso do IDC com os trabalhadores portuários do mundo, com base nos princípios da solidariedade internacional”, afirmou José Eduardo Antunes.
Ainda segundo ele, a delegação distribuiu panfletos em inglês e espanhol explicando as ameaças contidas no projeto de lei e reforçou o apelo por articulações internacionais de apoio à causa brasileira. “O que se confirma é o reforço da solidariedade internacional do IDC, do ILA e de todas as entidades representadas nesse congresso com os trabalhadores portuários brasileiros”, concluiu.
Apoio internacional e articulação política
Jordi Aragunde, coordenador laboral internacional do IDC, manifestou apoio incondicional à luta dos trabalhadores brasileiros. Em discurso firme, ele denunciou o que chamou de “ataque brutal” do governo contra a categoria. “Estamos colaborando na preparação de uma estratégia que caminhará em paralelo à estratégia sindical, coordenada pelas três federações, FNE, FENCCOVIB e FNP, para defender os trabalhadores brasileiros em sua luta por dignidade, justiça e pelo futuro da profissão”, disse.
Jordi também alertou empresas e autoridades: “Se atacarem um trabalhador brasileiro, estarão nos atacando a todos. E, nesse caso, iremos atrás delas. Nem um passo atrás até a vitória”.
Memória e resistência: os 25 anos do Charleston Five
Além do debate político e sindical, os representantes brasileiros também participaram das homenagens aos 25 anos do episódio que ficou conhecido como “Charleston Five”, quando cinco estivadores foram presos em 2000 por protestarem contra práticas que fragilizavam a sindicalização nos portos. O caso se tornou símbolo da resistência dos trabalhadores e foi determinante para o fortalecimento do IDC.
José Adilson, da FNE, destacou a importância do momento. “Reviver essa história nos fortalece. A luta do Charleston Five é exemplo do que conseguimos conquistar com mobilização e solidariedade. O mundo está atento ao que ocorre no Brasil e está disposto a nos apoiar”, afirmou.
Durante a programação, os brasileiros também visitaram a sede do sindicato ILA 1422 (International Longshoremen’s Association), em Charleston, onde puderam conhecer as escalas de trabalho locais e identificar semelhanças com o modelo adotado nos portos públicos brasileiros. “Essa participação reforça relações internacionais que são estratégicas para buscarmos apoio às nossas lutas aqui no Brasil”, avaliou Adilson.
Próximos passos
A delegação brasileira retorna ao país com o compromisso de ampliar a mobilização contra o PL 733/2025 e de manter ativa a rede internacional de solidariedade construída em Charleston. Uma das frentes será a articulação junto ao Governo Federal, ao Congresso Nacional e às empresas, com o apoio político das organizações filiadas ao IDC.
“Vamos seguir firmes na defesa de um porto público, de qualidade, com direitos garantidos e com respeito à dignidade dos trabalhadores”, concluiu Antunes.



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