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Praticagem pede que inspeção em navios chineses seja realizada antes da entrada do prático

Fonte: G1 Santos
 
Inspeção realizada pela Anvisa poderá avaliar se tripulação tem ou não suspeita do novo coronavírus. Agência diz que não é possível entrar antes do prático.
 
 
O presidente da Praticagem do Estado de São Paulo, Carlos Alberto de Souza Filho, afirmou em entrevista coletiva realizada na tarde desta terça-feira (18) em Santos, no litoral de São Paulo, que tem medo que os práticos, responsáveis por orientar manobras de atracação e desatracação nos portos, se tornem vetores do novo coronavírus sendo os primeiros a terem contato com a tripulação dos navios que chegam ao país. Por isso, ele sugere que a inspeção da Anvisa seja realizada antes nos casos dos navios vindos da China.
 
O navio Kota Pemimpin, que está na Barra de Santos, no litoral de São Paulo, levantou a discussão após chamar a atenção das autoridades com a notificação de dois possíveis casos suspeitos da doença, que já foram descartados pela Anvisa. A previsão é que ele atraque nesta quarta-feira (19), de acordo com a praticagem.
 
O navio com bandeira de Hong Kong, que passou quatro portos chineses em janeiro, aguarda boas condições da maré para atracação na baía de Santos. Segundo o presidente da Praticagem, a altura da maré deve ser superior a 0,90 cm acima do calado do navio (distância entre o nível da água e a base da embarcação) para que a manobra possa ser feita. Neste caso, é de 14,4 metros.
 
Com a maré baixa e o navio lotado de mercadoria, as condições atuais não são compatíveis para a atracação. A previsão é que a maré aumente a partir da madrugada desta quarta-feira, permitindo, assim, a atracação do navio.
 
Durante entrevista coletiva, o presidente da Praticagem disse que teme que os práticos se tornem vetores da doença na comunidade. Os casos levantados como suspeitos na tripulação dessa embarcação já foram descartados pela Agência Nacional de Viligância Sanitária (Anvisa), mas o comandante lembra que a China é o maior parceiro comercial do Brasil e outros navios chegarão ao Porto.
 
Os práticos são os primeiros a entrarem no navio, ainda na Barra de Santos, para fazer a atracação. A inspeção da Anvisa, se houver suspeita, acontece somente com o navio atracado. Por isso, ele pede que os protocolos sejam revistos.
 
"Se a Anvisa vai a bordo antes [ainda na Barra], com pessoas qualificadas, pode mandar reunir toda a tripulação no convés aberto do navio e examinar. Nós não. Vamos ter que entrar no local fechado. Temos medo de sermos vetores da doença para a nossa comunidade. Se eles [técnicos da Anvisa] julgarem que há risco, o navio permanece em quarentena. Se não houver risco, ele atraca", disse.
 
Ele mencionou ainda que foram adquiridos equipamentos de segurança, como máscaras e roupas especiais, para evitar a contaminação, mas destaca que o prático não é especialista em saúde. "Por mais que tenhamos adquirido no mercado esses equipamentos, podemos cometer falhas de procedimento ao longo do período de praticagem, e nos contaminarmos se houver alguém contaminado."
 
Em nota, a Anvisa disse que o Plano de Contingência do Porto de Santos prevê que as inspeções sejam feitas com o navio atracado. Sendo assim, não há como a Anvisa entrar antes do prático no navio.
 
Prefeitura de Santos
 
Equipes da Anvisa e das Secretarias de Saúde de Santos e do Estado de São Paulo farão uma grande avaliação nos tripulantes do navio assim que ele aportar no cais santista. A medida segue o protocolo de investigação epidemiológica.
 
O Secretário de Saúde de Santos, Fábio Ferraz, afirmou que diários de bordo do navio indicaram melhora nos pacientes que apresentavam sintomas associados ao coronavírus. Já a Anvisa disse que descartou a existência de casos suspeitos na embarcação.
 
Coronavírus
 
O número de mortos na China por Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, chegou a 1.770 neste domingo (16), informaram autoridades de saúde locais. O total de casos confirmados ficou em 70.548, aumento de 2.048 em um dia.
 
No Brasil, há três pessoas que ainda passam por exames por causa da suspeita de coronavírus, sendo dois em São Paulo e um no Rio Grande do Sul, segundo informações deste domingo (16) do Ministério da Saúde.
 
Até agora, houve 45 suspeitas de casos do vírus que foram descartadas depois das análises. Não há nenhum paciente com a doença no país.


 

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