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Congresso sindical internacional pede Lula Livre

Fonte: Rede Brasil Atual
 
Evento da Confederação Sindical Internacional (CSI), lê carta enviada pelo ex-presidente e denuncia a perseguição política. STF pode julgar hoje recurso de Lula

 
Sindicalistas reunidos no 4° Congresso da Confederação Sindical Internacional (CSI), realizado em Copenhague, na Dinamarca, se manifestaram nesta terça-feira (4) pela libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eles denunciaram a sua prisão política, que já dura mais de oito meses, e leram uma carta enviada por Lula aos sindicalistas de todo o mundo.
 
"Hoje, mais do que nunca, precisamos de um movimento sindical forte e unido para, juntos, lutar pela democracia, resgatar e fortalecer os direitos trabalhistas e alcançar uma sociedade mais justa e igualitária", escreveu o ex-presidente aos participantes do congresso da CSI. 
 
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou nesta terça pedido de habeas corpus em que a defesa pede a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O pedido é baseado na suspeição do juiz Sérgio Moro, depois de o magistrado ter aceitado ser ministro do governo Jair Bolsonaro (PSL).
 
O ex-presidente denunciou os ataques à democracia brasileira, desde o golpe do impeachment, e a perseguição política que vem sofrendo, que o impediu de disputar as últimas eleições presidenciais em que aparecia como favorito nas pesquisas, a partir de uma condenação sem provas.
 
Lula afirmou que a nomeação do juiz Sérgio Moro como ministro da Justiça do governo de "extrema-direita" de Jair Bolsonaro é "prova clara" da perseguição da qual é vítima, e também lembrou que o Comitê de Direitos Humanos da ONU reconheceu que a sua condenação não decorreu de um julgamento justo. 

 
“Queridos companheiras e companheiros,
 
É com grande alegria que me dirijo aos participantes do Quarto Congresso da Confederação Sindical Internacional. Os temas que serão debatidos por vocês em Copenhagen são fundamentais e estão no centro da batalha que temos que travar no mundo e também aqui no Brasil. Hoje, mais do que nunca, precisamos de um movimento sindical forte e unido para, juntos, lutar pela democracia, resgatar e fortalecer os direitos trabalhistas e alcançar uma sociedade mais justa e igualitária.
 
No Brasil, nossa jovem democracia vem sendo duramente atacada. Dois anos atrás, um golpe de Estado destituiu a presidenta eleita Dilma Rousseff, jogando o país no caos. Direitos sociais foram retirados em benefício do mercado especulativo e de interesses corporativos nacionais e estrangeiros. Este ano, apesar de liderar as pesquisas eleitorais, fui impedido de concorrer à presidência da República.
 
O povo brasileiro não pôde, assim, exercer o direito de eleger livremente seus representantes. Foi para alcançar esse objetivo que fui condenado sem nenhuma prova. Mesmo assim, venho enfrentando todas as acusações infundadas contra mim com base na lei. Recentemente, o Comitê de Direitos Humanos da ONU acatou minhas alegações e reconheceu meus direitos políticos. Poucos dias atrás, como prova clara dessa perseguição política, o juiz que me condenou de maneira ilegal, abandonou a magistratura e aceitou tornar-se ministro do governo de extrema direita que assumirá o poder no Brasil.
 
A verdade é que os nossos adversários nunca aceitaram o legado que deixamos ao país. Mas eles estão muito enganados se pensam que iremos nos render assim tão fácil. O Partido dos Trabalhadores nasceu da resistência à ditadura e, mesmo nos momentos mais difíceis, nunca desistimos. Pelo contrário, lutamos e alcançamos a redemocratização do país. Anos depois, chegamos ao governo, retiramos 36 milhões de pessoas da miséria e geramos 20 milhões de empregos formais. É por isso que seguiremos de cabeça erguida para defender a democracia e os direitos conquistados por nosso povo. 
 
Quero finalizar agradecendo de coração a todas as mensagens de solidariedade que tenho recebido e pelos diversos atos que o movimento sindical internacional realizou ao redor do mundo exigindo o fim das inúmeras arbitrariedades cometidas contra mim e a democracia brasileira. Temos uma grande batalha pela frente, mas saber que podemos contar com a solidariedade incondicional de milhões de trabalhadores e trabalhadoras nos dá ainda mais convicção de que vamos vencer mais essa.
 
Um abraço fraterno,
Luiz Inácio Lula da Silva”
 
 
 
O Congresso
 
Reunidos na capital dinamarquesa desde segunda-feira (3), 1.200 sindicalistas de 132 países discutem estratégias para defender os direitos da classe trabalhadora de todo o planeta. A CSI é a maior confederação de trabalhadores do planeta, e representa 207 milhões de trabalhadores e trabalhadoras de 331 sindicatos nacionais, em 163 países. As informações são de André Accarini, do Portal CUT.
 
O Congresso também elegerá a nova direção da CSI para os próximos quatro anos, hoje comandada pelo brasileiro ex-presidente da CUT João Antonio Felicio. "Estamos vivendo num mundo cujos ataques aos direitos se apresentam fortemente contra os trabalhadores. O sistema capitalista ultrapassa o limite da produção e atinge o campo ideológico fazendo com que os trabalhadores acreditem que ter direitos é algo ultrapassado", declarou o dirigente durante a abertura do 4° Congresso da CSI, cujo lema é "Mudar as Regras".
 
"E se criássemos uma sociedade em que todos os cidadãos tivessem uma chance justa, independentemente de raça ou origem? Um futuro onde a educação e os cuidados de saúde são gratuitos e onde todos têm direito ao apoio econômico e social em caso de perda de emprego, doença ou deficiência? Por que não mudar o mundo?", questionou o primeiro-ministro da Dinamarca, Lars Løkke Rasmussen, que participou do primeiro dia do congresso dos sindicalistas. 
 
Já o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder, alertou para o atual fracasso da economia mundial e criar empregos e melhorar a vida dos trabalhadores. O aumento real de apenas 1,7% nos salários em todo o mundo é o menor desde 2008. 
 

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