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Professor do MIT diz que metade dos empregos atuais enfrentará mudanças

Fonte: Folha de S. Paulo
 
Na contramão de tantos estudos pessimistas sobre o impacto da tecnologia na oferta de emprego, o americano Thomas Kochan acredita que a maioria das vagas não desaparecerá no futuro.
 
Especialista em trabalho e emprego, professor do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e codiretor do instituto de pesquisa da instituição, ele afirma, porém, que muitas funções serão alteradas pela inteligência artificial, a automação e a robótica.
 
A saída para garantir trabalho é investir em educação contínua, diz Kochan, um crítico do ensino e da formação profissional em vigor.
 
Segundo o pesquisador, a escola ainda prepara os alunos para funções do século 20 e todos ainda são estimulados a fazer faculdade, em vez de ensino técnico, mesmo sabendo-se que será alta a demanda por funções médias na automação industrial num futuro próximo.
 
Para Kochan, com mudanças na formação profissional e reciclagens constantes, as pessoas não perderão o bonde das tecnologias e poderão usá-las para complementar suas funções, em vez de anulá-las. "As empresas procuram pessoas que, como dizem os japoneses, conseguem dar sabedoria às máquinas."
 
Como evitar que a tecnologia elimine tantas vagas?
 
O desafio é entender como a tecnologia pode oferecer formas mais eficientes de trabalhar sem anular a presença humana. Um exemplo é o médico. Ele recebia o paciente no consultório, o examinava e fazia o diagnóstico. Agora, ele recebe com os exames uma quantidade cada vez maior de dados para auxiliá-lo. Sua avaliação não deixará de ser necessária mesmo com a automação de parte do diagnóstico. Para que as pessoas aprendam a lidar com essas novidades, precisamos mudar a forma como treinamos os profissionais no mundo todo. Calculo que cerca de metade dos empregos vai passar por mudança para incorporar inovações, mas a maioria deles não será extinta.
 
Onde o sistema de educação atual erra?
 
Hoje, a escola ainda prepara os alunos para funções do século 20.
 
Em matemática, ensinamos a decorar tabelas. Em ciências, mostramos os conceitos de forma abstrata, sem contato com a realidade de ninguém. Depois, todos são estimulados a fazer faculdade, quando deveríamos formar parte desses estudantes no ensino técnico, em funções médias na automação industrial, que continuarão tendo alta demanda no futuro. Não mostramos como resolver problemas integrando diferentes disciplinas ou como usar a tecnologia no dia a dia.
 
Quais são as habilidades em falta?
 
Faltam competências analíticas, até mais do que as técnicas e socioemocionais. Esse profissional precisa ter boa capacidade de resolução de problemas e de análise de dados, além de trabalhar bem em equipe, entender as principais novidades tecnológicas e saber incorporá-las no dia a dia do seu trabalho.
 
Há conhecimentos que já são ou serão úteis para todos?
 
Vale aprender um pouco de tudo que envolva análise de dados. Um básico de programação também ajuda.
 
Como treinar esses profissionais?
 
As empresas devem trabalhar em parceria com as escolas, universidades e faculdades técnicas para averiguar quais serão as competências mais demandadas e preparar as pessoas com base nisso. Cada sociedade precisará decidir se quer se inserir nesse universo de tecnologias de ponta. Se quiser, precisará de força de trabalho de ponta. O profissional deve entender que todo mundo, mesmo os mais velhos, precisa se capacitar. Esse modelo em que você só estuda na juventude está no fim.
 
As empresas podem participar mais desse processo?
 
Sim. Nos últimos anos, a maioria das organizações optou por investir em profissionais mais baratos, muitas vezes temporários, e deixou de lado a capacitação de funcionários leais, que já tinham bom tempo de casa. Agora, se queixam da falta de pessoal capacitado.
 

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