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A recessão prossegue para os trabalhadores pouco escolarizados

Fonte: Folha de S. Paulo
 
Desemprego dessa parcela da população subiu mais na recessão e agora resiste a cair
 
A recessão que o Brasil viveu por quase três anos até o fim de 2016 atingiu trabalhadores de todos os níveis educacionais, mas foi particularmente severa com os pouco escolarizados.
 
A taxa de desemprego dos profissionais sem instrução e com ensino fundamental completo saltou cerca de 120% entre o fim de 2014 e o início de 2017, quando a desocupação atingiu seu ápice no país. Entre os trabalhadores com ensino médio e superior completos, o aumento foi de 108%.
 
Desde o segundo trimestre do ano passado, a desocupação tem caído, acompanhando a lenta recuperação da economia. Mas, novamente, o cenário tem sido menos favorável para os brasileiros com formação mais precária.
 
A taxa de desemprego dos profissionais com ensino médio e superior caiu, respectivamente, 5% e 8% desde abril de 2017. No mesmo período, a desocupação dos trabalhadores com ensino fundamental completo recuou 2,6%. Já para aqueles que não possuem instrução formal o desemprego seguiu em alta, ainda que discreta.
 
O entendimento do que está por trás dessa tendência é importante para a formulação de uma série de políticas públicas, como medidas de proteção social, requalificação e orientação educacional.
 
Será que a economia tem se modernizado e gerado vagas mais sofisticadas, por isso os menos qualificados estão ficando de fora?
 
Ou trabalhadores mais educados, por falta de opção, têm aceitado as vagas de baixa especialização que antes eram ocupadas pelos menos escolarizados?
 
Nos dados de geração de vagas no mercado formal, há indicações nas duas direções.
 
Ocupações novas, ligadas ao desenvolvimento de novas tecnologias, têm surgido. Enquanto outras funções repetitivas começam a desaparecer. Mas são tendências que parecem incipientes.
 
Já o aumento da fatia de profissionais com ensino universitário desempenhando cargos menos sofisticados tem ocorrido há alguns anos no Brasil. Na coluna da última quarta-feira, citei alguns exemplos desse movimento.
 
Como comentei na ocasião, há enorme carência de informação que poderia direcionar melhor as decisões tanto de quem oferece quanto de quem procura o ensino superior no Brasil. Há países – inclusive na nossa vizinhança – que têm difundido dados indicando as ocupações e as habilidades mais demandadas pelas empresas.
 
Mais urgente, no entanto, é a situação dos profissionais pouco escolarizados que correm o risco de exclusão permanente do mercado de trabalho. O desemprego persistente agrava sua vulnerabilidade porque os torna ainda mais defasados em relação a práticas e tecnologias usadas no mundo do emprego.
 
Será que a rede de proteção social tem oferecido apoio suficiente a essas pessoas? Elas têm recebido oportunidade de requalificação profissional bem direcionada? Aliás, que fim levou o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego) e qual foi sua eficácia nos anos em que teve forte expansão?
 
Considerando que o desemprego elevado se tornou uma das principais mazelas do país, essas são perguntas para as quais os postulantes à Presidência da República deveriam ter respostas e propostas claras, na ponta da língua.
 

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