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Médicos criticam gestão do Hospital Ana Costa, em Santos

Fonte: A Tribuna On-line
 
Situação do hospital teria piorado após venda para grupo americano UnitedHealth Group (UHG)

 
O Hospital Ana Costa (HAC), em Santos, é alvo de críticas de médicos que trabalham no local ou que foram desligados recentemente, além de pacientes. A situação teria piorado após a venda do hospital e do plano de saúde para o grupo americano UnitedHealth Group (UHG), no fim do ano passado. A gestão do HAC foi repassada para a Amil, que também integra o grupo. 
 
A Tribuna apurou que médicos de várias especialidades foram descredenciados e os que ficaram estão sobrecarregados. A Amil teria como estratégia deixar o hospital com uma “cara bonita”, investindo em reformas de ambientes. 
 
Porém, essa despesa seria coberta com a economia na compra de materiais e remédios de qualidade inferior, corte em honorários médicos e aumento de receita com atendimento a pacientes de outros convênios, deixando de lado clientes do plano Ana Costa.
 
A Amil também estaria dificultando a liberação de procedimentos, como exames, consultas e cirurgias para quem tem plano Ana Costa. A triagem no pronto-socorro teria aumentado a espera dos que procuram o serviço.
 
“Aprendi a ser médico no Ana Costa, era uma família. Hoje, não existe mais. Pode ser qualquer coisa, menos um hospital. É o lucro a qualquer custo. Uma grande perda para a Cidade”, afirma um dos médicos procurados pela Reportagem.
 
Outra médica conta que todos os oftalmologistas foram descredenciados, informados por meio de carta, e que os pacientes estão sendo encaminhados a uma clínica terceirizada. “Existem médicos que estavam há 20 anos atendendo o Ana Costa e os pacientes que eles acompanham, com glaucoma e outras doenças para controle, não podem voltar mais porque todo mundo foi descredenciado”.
 
Além da Oftalmologia, a Reportagem apurou mudanças e descredenciamento de médicos nos setores de Infectologia, Gastroenterologia, Ginecologia e Oncologia. “Eles estão largando mão do plano de saúde, querem acabar com consultórios e colocar todos os clientes para atendimento no ambulatório. Deram um número de cirurgias para cada especialidade, passou desse pacote não é para operar mais paciente Ana Costa. Isso vai criar uma fila”, explica um terceiro médico.
 
Segundo o profissional, “eles estão maquiando o hospital, melhoraram o centro cirúrgico, a sala dos médicos. Isso para chamar planos de fora. Só visam o lucro”.
 
Outro lado
 
Pessoalmente, o gerente médico do HAC, Ronald Maia Filho, e a diretora médica, Isabelle Mayuri Tatsui Tarquínio, rebateram as críticas, informando que o hospital já investiu R$ 11,5 milhões em obras em 2017. Mostraram o centro cirúrgico e a maternidade reformados.
 
Os dois disseram que não procedem as reclamações dos médicos e justificaram que alguns não se adaptaram por causa dos novos procedimentos implantados para maior segurança dos pacientes e controle de qualidade. Negaram, ainda, que estão trocando médicos antigos por recém-formados e que, por um critério de gestão, centralizaram os atendimentos oncológico e oftalmológico no Hospital Vitória, em Santos, que também é da Amil.
 
Ronald e Isabelle negaram que usem medicamentos ou materiais de baixa qualidade.“Pelo contrário, a nossa despesa com material do brou”, diz ela.
 
Clientes relatam piora no atendimento nos últimos meses
 
O número de pacientes do plano Ana Costa Saúde que reclama do atendimento no hospital aumentou nos últimos meses. A Reportagem recebeu muitas queixas e essa realidade pode ser vista também no perfil da empresa no Facebook: a quantidade de depoimentos negativos cresceu. Entre as principais reclamações estão a demora para atendimento no pronto-socorro e para liberação de exames e o descredenciamento de médicos.
 
A publicitária Alzira Carvalho paga mais de R$ 1.100,00 por mês para o plano e ficou indignada com o desligamento da médica gastroenterologista com quem ela se tratava há 10 anos. “Me ligaram dizendo que minha consulta foi transferida para outro médico, porque ela foi descredenciada. Fiquei frustrada, a médica já conhecia o meu problema. Depois que a Amil assumiu, ficou mil vezes pior, até para exames. Ouvi enfermeiras reclamando”.
 
O policial militar Marco Antônio Fajardo é cliente do Ana Costa há 20 anos, paga R$ 1 mil mensais, e diz que houve queda na qualidade após o início da gestão da Amil. “Muita burocracia para liberação de procedimentos. Minha esposa tem câncer e o atendimento era 100%, já caiu para 70%. Fizeram mudanças sem preocupação de comunicar os conveniados. Minha mulher também perdeu uma ótima ginecologista, que foi descredenciada”.
 
A professora Carla Bassan, cliente há 25 anos, percebeu a piora no atendimento. “Os profissionais estão descontentes, há demora, falta de atenção. Fui no pronto-socorro e cometeram uma série de erros, são poucas pessoas para atender. Piorou drasticamente nos últimos meses”.
 
A diretoria do hospital afirma que pesquisas internas mostram que a satisfação dos clientes aumentou. O gerente médico, Ronald Maia Filho, diz que todos os pacientes são tratados da mesma maneira. “Não fazemos distinção entre pacientes do Ana Costa ou outros planos. A prática é única. Quando você chega ao PS, ninguém pergunta de que plano é, já encaminha para a classificação de risco antes de abrir a ficha”.
 

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