Artigos e Entrevistas
07/02/2025 - 11h32

Mais investimentos à infraestrutura


Fonte: A Tribuna On-line - Editorial
 
Regularidade nas contas públicas e fortalecimento das regras das instituições, são fundamentais para atrair um ciclo virtuoso de desenvolvimento
 
Em um contexto de expansão do agronegócio, o governo promete se esforçar pela estratégia de descentralizar o escoamento da safra 2024/2025 nos portos, conforme A Tribuna publicou ontem. Entretanto, essa ideia depende de investimentos em toda a cadeia logística, lembrando que não basta apenas modernizar o sistema portuário, mas também os modais rodoviário, hidroviário e principalmente o ferroviário. Afinal, sem esse avanço, os custos com congestionamentos, viagens demoradas, acidentes e roubos de carga continuarão pesando contra a competitividade do agro brasileiro. O ministro dos Transportes, Renan Filho, divulgou melhorias para os corredores viários (rodo e ferroviário) com R$ 4,5 bilhões para este ano, o que é positivo. Contudo, são conhecidas as restrições orçamentárias do governo para investir em infraestrutura, devido às regras fiscais e ao crescimento dos gastos obrigatórios da Previdência Social. Trata-se de uma grave deficiência do País, do lado das contas públicas, que precisa ser resolvida pelo bem do desenvolvimento econômico. Ao contrário, nas últimas décadas, o Brasil tem intercalado baixo nível de crescimento com fases de estagnação ou recessão. A melhor solução seria reduzir a burocracia, combater a corrupção, ampliar a qualidade das licitações e multiplicar as modalidades de participação da iniciativa privada na infraestrutura. Isso porque o poder público não tem mais condições de investir pesadamente como no passado.
 
Segundo o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, o complexo santista movimentou, entre janeiro e novembro do ano passado, 20,3% do total de grãos e fertilizantes do País, participação que já chegou a 60%. Felizmente, o agronegócio se diversificou e se espalhou pelo País, chegando ao Centro-Oeste e partes do Norte, também no Oeste da Bahia e Tocantins e até no Piauí, estado historicamente marcado pela seca. Esse avanço, tem relação com as pesquisas tecnológicas, principalmente as realizadas pela Embrapa, e pela capacidade dos agropecuaristas de se adaptarem a regiões inóspitas, onde se acreditava que o desenvolvimento dificilmente chegaria.
 
Por isso, respeitando a legislação ambiental e protegendo os biomas, os investimentos em infraestrutura precisam ser feitos em todo o País, o que sobrecarrega a capacidade do poder público de dar conta dessa tarefa. Essas melhorias são estratégicas até para a segurança alimentar dos brasileiros. Com quadros de seca e chuvas simultâneos no País, a expansão do agro é fundamental para mitigar eventuais perdas, além de garantir emprego e renda à baixa renda.
 
Entretanto, os investimentos precisam ser feitos com planos de longo prazo, que não sofram grandes mudanças nas transições de governos, inclusive de diferentes orientações ideológicas. Regularidade nas contas públicas e fortalecimento das regras das instituições, como Banco Central e agências reguladoras, são fundamentais para atrair a confiança dos investidores e um ciclo virtuoso de desenvolvimento.