Notícias
12/09/2024 - 11h09

Navios parados no Porto de Santos por condições climáticas são multados


Fonte: A Tribuna On-line
 
Armadores têm prejuízo com porto fechado
 
Os navios que são obrigados a ficar parados quando o canal de navegação do Porto de Santos é fechado por causa de nevoeiros ou outras condições climáticas adversas pagam aos terminais até R$ 32 mil de multa por período adicional de seis horas. O cálculo foi feito por A Tribuna com base em números repassados pelo Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar).
 
O presidente do Sindamar, José Roque, explica que o valor varia de acordo com o tipo de navio e da metodologia de cálculo usada para aplicação das multas por atraso na saída em cada terminal portuário. “Mas, de uma forma geral, as multas têm ficado em torno de três a quatro vezes o valor da atracação usual por período de seis horas”, afirma.
 
Para se ter uma ideia, uma atracação por esse período custa, normalmente, de R$ 7 mil a R$ 8 mil. Diante disso, a multa giraria de R$ 21 mil a R$ 32 mil.
 
José Roque salienta que as multas são aplicadas por qualquer tipo de atraso na saída do navio, incluindo pelo fechamento do Porto por tempo ruim (neblina, vento ou mar), além de outros fatores. E os prejuízos não atingem somente as embarcações que estão atracadas. “Os navios que permanecem na barra aguardando a atracação também são afetados com essas interdições e a fila aumenta diariamente”, acrescenta.
 
Além disso, Roque afirma que há um custo fixo do navio inoperante, que varia de US$ 25 mil a US$ 100 mil (R$ 141,7 mil a R$ 566,8 mil, ao câmbio de quarta,11) por dia. “São custos diários dos navios que o armador absorve. Gastos com alimentação, salários, combustível, além de redução de escalas no ano ou atrasos nas atracações posteriores. Não deixa de ser um prejuízo”, pontua.
 
Para o Sindamar, a situação é muito pior do que a relatada por A Tribuna na edição desta quarta-feira (11), a partir dos dados e da ótica da Autoridade Portuária de Santos (APS). A APS informou que as operações de cargas no Porto de Santos transcorrem sem impactos significativos em razão da neblina e do nevoeiro.
 
Números diferentes
 
Há diferença, inclusive, no número de horas em que o canal do complexo portuário santista ficou interrompido em 2024. Pelos cálculos da APS, até agosto tinham sido 161 horas e 30 minutos. Nos do Sindamar, são 186 horas e 55 minutos, distribuídas em 33 ocorrências. Caso seja incluído o mês atual, a entidade contabiliza, até o momento, 220 horas e 25 minutos espalhadas em 37 ocasiões de fechamento do Porto.
 
Apesar dos prejuízos de milhares de reais, o presidente do Sindamar afirma entender a necessidade do fechamento do canal. “Evita acidentes no Porto ou mesmo com os navios na barra, durante sua movimentação”, afirma.
 
Acima da normalidade
 
O meteorologista Guilherme Borges, do Instituto Climatempo, credita a constância de neblina e nevoeiro aos vários períodos de temperatura acima da normalidade, sem incluir as seguidas queimadas em diversos pontos do estado de São Paulo.
 
“O inverno teve períodos muito quentes e o escoamento do ar mais quente da região central brasileira sobre a água mais gelada do oceano favorece a ocorrência de neblina e nevoeiro. Se a gente colocar na balança esses eventos de calor mais presentes, como estão acontecendo hoje, são devido à mudança climática. Ela tem um papel, porque esses períodos de temperatura acima da normalidade não eram tão frequentes assim”, detalha.
 
A Autoridade Portuária de Santos disse que deve acompanhar estudos de outros órgãos a respeito do fenômeno, como o do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) é um deles. A APS não opinou sobre a possibilidade de influência das queimadas.