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23/10/2023 - 11h37

Há seis meses no comando da APS, Anderson Pomini faz balanço de gestão para A Tribuna


Fonte: A Tribuna On-line
 
'O maior desafio do Porto de Santos é o modal rodoviário', afirma
 
Em abril, Anderson Pomini assumiu a presidência da Autoridade Portuária de Santos (APS). Seis meses se passaram e, para A Tribuna, ele fez um balanço sobre o período no comando do Porto de Santos. Na entrevista, Pomini também fez projeções envolvendo o Parque Valongo.
 
São seis meses à frente da Autoridade Portuária de Santos. Qual o balanço das ações feitas? O que poderia ser destacado?
 
Posso destacar a abertura total de diálogo com a população regional, operadores, sindicatos de trabalhadores, autoridades e toda a comunidade portuária. Também cito o acordo com a Marimex, que viabiliza implantação da pera ferroviária; a reabertura do Museu do Porto; a implantação do sistema de visitação permanente ao Porto pelo canal de navegação; a redução de tarifas para navios verdes, de cabotagem e de cruzeiros; as providências e consenso para implantação do túnel Santos-Guarujá, sem necessidade de desapropriações; a reabertura do Porto aos diretores dos sindicatos, que estavam com crachás bloqueados; as obras na Perimetral da Margem Direita; inclusão da Perimetral da Margem Esquerda no PAC do Governo Federal; a parceria com a Prefeitura de Santos para a criação do Parque Valongo; e o início das operações da Ferrovia Interna do Porto de Santos (Fips). Agradeço ao ministro Márcio França pela oportunidade e ao ministro Silvio Costa Filho pelo apoio a todos os projetos que tornarão o Porto de Santos ainda mais eficiente e competitivo.
 
Quais os próximos desafios e o que se pretende implementar até o final do ano?
 
Queremos firmar parceria com o Governo do Estado para PPP do túnel; tomar as providências finais para a Perimetral do Guarujá; iniciar a realocação das famílias da Prainha para conjuntos habitacionais; realizar o concurso público para reforçar nosso quadro de servidores; concluir os estudos para o aprofundamento do canal para 16 metros e, na sequência, buscar os 17 metros.
 
O que a APS pode fazer para diminuir o tempo de espera dos navios na área de fundeio?
 
É preciso entender que muito da permanência de navios nas áreas de fundeio, sobretudo os de cabotagem, se deve à espera dos armadores por novas contratações para operações de transporte de cargas entre os portos brasileiros e da América do Sul. Isso acontece em razão das oportunidades de novos serviços pela proximidade de Santos com o maior polo comercial e industrial do País, bem como das malhas ferroviárias que convergem para o Porto. O ritmo das operações está normal, a não ser em períodos chuvosos, como o atual, que obrigam o fechamento dos porões e que interrompem o embarque de grãos. Além disso, estamos dando andamento a projetos de expansão para novos terminais, que vão ampliar a capacidade de atendimento do maior Porto do Hemisfério Sul. Outra providência é implantar o VTMIS, um sistema de monitoramento on-line por câmeras de todo o complexo, desde a área de fundeio, que vai agilizar a entrada e saída de navios, permitindo aos terminais e a todos os envolvidos neste trabalho mais agilidade nas operações.
 
Santos tem demanda por investimentos e o novo PDZ (Plano de Desenvolvimento e Zoneamento) propõe a expansão do Porto. Como isso está sendo planejado?
 
Os projetos de expansão estão em andamento. Um deles, no Largo Santa Rita, prevê 16 novos berços, o que equivale a um Porto de Paranaguá dentro do Porto de Santos. Temos projetos de adensamentos em preparação e de criação de novas áreas para as atividades portuárias. Hoje, o Porto movimenta mais de 5 milhões de contêineres/ano e dá conta perfeitamente. Mas olhamos para frente e vamos ampliar esta capacidade.
 
Falando em expansão, não podemos esquecer dos recordes de movimentação do Porto. Diante disso, como será resolvida a questão dos acessos ao complexo santista, que estão colapsados?
 
O maior desafio do Porto de Santos é o modal rodoviário, que ainda responde por 70% da nossa movimentação. O Porto de Santos não pode continuar dependendo apenas de uma única faixa de rolamento, na pista de descida da Via Anchieta, para acesso aos caminhões que chegam do Planalto e do Interior para descarregar. Quando a Via Anchieta foi inaugurada, em 1947, o Porto movimentava 3 milhões de toneladas por ano. Hoje, movimentamos 164 milhões de toneladas por ano e ainda contamos com o mesmo acesso de descida Planalto-Baixada. Este clamor regional pela nova pista de descida para caminhões vai dar resultado e teremos a participação do Governo do Estado nesta obra vital. Também vamos investir na melhoria dos acessos à Margem Direita e na conclusão da Perimetral da Margem Esquerda. Isso sem falar no túnel, que vai facilitar a vida de toda a comunidade portuária e ainda da população de toda a Região Metropolitana da Baixada Santista.
 
O Parque Valongo irá permitir que lanchas e motos aquáticas atraquem naquele local? Como isso será feito?
 
Sim. O Parque Valongo, capitaneado pela Prefeitura e que será entregue em junho de 2024, vai se tornar um grande atrativo para o turismo náutico. O calado ao longo dos sete armazéns permite atracação de embarcações de menor porte, embora não comporte mais navios. Todo este sistema será implantado com a orientação da Capitania dos Portos e com ajuda dos nossos especialistas no assunto. Trata-se de uma obra que terá o mérito de criar uma nova atração turística regional e também revitalizar de vez o Centro Histórico de Santos.
 
Ainda sobre o Parque Valongo, como o local será movimentado? O que está sendo previsto para gastronomia, já que, quando o assunto é turismo, tem um papel importante dentro desse processo?
 
Estamos sendo procurados por interessados em abrir restaurantes, bares, espaços para entretenimento e muito mais no espaço do Parque Valongo. A Prefeitura de Santos já estuda tais detalhes com grande empenho e tenho a certeza que será oferecido o melhor para a população da Baixada Santista e para os turistas, inclusive para os que chegarem pelos navios de cruzeiros. E todo o cuidado será tomado para que os estabelecimentos contribuam para tornar o Centro de Santos mais movimentado. Tenho certeza de que haverá opções para todos os gostos e bolsos.