Fonte: A Tribuna On-line / Ricardo Pupo Larguesa*

 

Implementação de tecnologia no sistema portuário tem desafios, mas benefícios potenciais são enormes

 

Em um cenário global onde a agilidade da informação e a eficiência operacional são mais valorizadas do que nunca, a recente colaboração anunciada entre RightShip, NYK e Solverminds representa uma das mais recentes inovações no domínio da gestão de navios e operações portuárias. O lançamento da tecnologia Port State Control (PSC) Submission API, projetada para compartilhar dados entre as plataformas RightShip e NYK, promete revolucionar a forma como os gerentes de navios e proprietários gerenciam suas operações. E pode servir de inspiração.

 

O Brasil, com sua extensa linha costeira e numerosos portos, está em uma posição única para aproveitar as inovações em tecnologia portuária. Os portos brasileiros são vitais para a economia do País, lidando com uma vasta gama de produtos, desde commodities agrícolas até produtos industriais. A eficiência na gestão e operação destes portos tem um impacto direto na economia brasileira. Mas, para contextualizar essa tecnologia no cenário brasileiro, é fundamental entender os benefícios e desafios que ela apresenta.

 

Benefícios potenciais para o Brasil

 

Economia de tempo e eficiência: como este tipo de tecnologia permite a integração direta do sistema ERP do gerente de navios na plataforma, é possível economizar centenas de horas de trabalho manual, tornando os processos mais fluidos e eficientes.

 

Transparência operacional: a visibilidade sobre pendências ajuda os gerentes de navios a tomar decisões rápidas e informadas, potencialmente reduzindo atrasos e falhas operacionais.

 

Proatividade em inspeções: a capacidade de relatar proativamente nas inspeções pode reduzir significativamente o tempo de resposta dos gerentes de navios, tornando as inspeções mais ágeis.

 

Desafios potenciais no contexto brasileiro

 

Infraestrutura tecnológica: a implementação eficaz de sistemas avançados depende de uma infraestrutura tecnológica robusta. Em algumas áreas do Brasil, essa infraestrutura pode ser inadequada ou desatualizada.

 

Formação e capacitação: a adesão a novas tecnologias exige que os trabalhadores sejam treinados. O setor portuário brasileiro precisaria investir em capacitação para garantir que os trabalhadores possam utilizar a tecnologia efetivamente.

 

Integração com sistemas locais: muitos portos e empresas brasileiras utilizam sistemas locais e personalizados. Integrar a nova API a esses sistemas seria um grande desafio.

 

Custos iniciais: embora as economias de longo prazo possam ser significativas, o investimento inicial em tecnologia e treinamento pode ser um obstáculo para alguns operadores portuários.

 

Embora a implementação de uma nova tecnologia no vasto sistema portuário brasileiro possa ter seus desafios, os benefícios potenciais são enormes. A API PSC Submission serve como uma excelente inspiração, mas com adaptação e inovação, o Brasil pode desenvolver uma solução que atenda especificamente às suas necessidades e solidifique sua posição como líder em inovação portuária.

 

*Ricardo Pupo Larguesa, engenheiro de computação, sócio-fundador da T2S, professor e pesquisador na Fatec Rubens Lara