Artigos e Entrevistas
24/05/2023 - 11h11

Marujos, portas em automático?


Fonte: A Tribuna On-line / Maxwell Rodrigues*
 
Viagem a Israel ajudará a trazer para o Brasil propostas de evolução e inovação na bagagem
 
A missão internacional do Grupo Tribuna parte nesta semana em direção a Israel. Quarenta integrantes do setor portuário irão cumprir uma agenda repleta de atividades focada em tecnologia e inovação. A proposta vai ao encontro de um mundo moderno, sendo que grande maioria dos executivos brasileiros já conhece operações portuárias e seus desafios pelo mundo. A globalização permitiu essa troca imensa do conhecimento entre os países e os portos.
 
O que interessa hoje é a tecnologia que podemos implantar nas operações, para que sejamos mais eficientes e consequentemente mais produtivos. A tecnologia que está por vir é estratégica e impactará nos investimentos que serão feitos hoje. As empresas não podem mais buscar soluções e produtos sem que exista uma escala de desenvolvimento. Em outras palavras, é importante que os investimentos em automação e tecnologia tenham aderência com as inovações que estão por vir. Assim, preserva-se não só o investimento, mas também o tempo de colaboradores e do negócio para implantação.
 
Israel possui apenas 8,5 milhões de habitantes e é considerado o país mais inovador do mundo. Apresenta mais empresas listadas na Nasdaq do que qualquer outra nação, excluindo-se EUA e China. Possui também o maior índice em pesquisa e desenvolvimento em relação ao PIB e o maior número de cientistas, engenheiros, patentes médicas, profissionais de tecnologia e startups per capita. Tem o mais expressivo mercado mundial de capital de risco em relação ao PIB, superando até os EUA.
 
Israel conta com um território equivalente ao estado de Sergipe, com vegetação desértica, sem fontes de água suficientes para sua população e se vê envolvido em contínuos conflitos territoriais. O que torna Israel um país com tamanha performance em inovação? Tanto eu quanto os demais executivos já estamos de malas prontas para descobrir.
 
As dificuldades trazem oportunidades e existem para nos mostrar as possibilidades de evolução. Essa premissa fez com que Israel se tornasse líder mundial nas tecnologias de dessalinização. Hoje, 60% da água potável do país vem do Mar Mediterrâneo. Contudo, a preocupação nos negócios é que a palavra eficiência, que tem por significado “virtude ou característica de (alguém ou algo) ser competente, produtivo, de conseguir o melhor rendimento com o mínimo de erros e/ou dispêndios”, não seja usada somente no discurso. As decisões e os investimentos nos serviços precisam ser prioritariamente definidos para evitar impactos nos serviços portuários.
 
Regular, planejar e executar têm de estar em total sinergia com a velocidade do mundo disruptivo. O segmento é globalizado e o que acontece na Ásia reflete na Europa, que por sua vez reflete nos EUA e na América do sul, não necessariamente nessa ordem. Nossos modelos burocráticos nos impedem de avançarmos com tamanha velocidade e debatemos hoje o que já deveríamos ter feito há 20 anos, enquanto o mundo já fez e debate o que fará daqui a 20 anos.
 
Enquanto discutimos modelos, dragagem, serviços e infraestrutura, não priorizamos ações em pesquisa e desenvolvimento, por exemplo. Por maior que seja o esforço feito até então, não podemos ter gestão presente e de corpo ausente. O mundo não para, os portos também e a burocracia e a política não devem impedir o desenvolvimento. O preço é caro a se pagar no futuro próximo. No passado, modelos de negócio com base em ineficiência eram justificados pela inexistência da produtividade. Agora, somos produtivos e a palavra de ordem é competitividade.
 
Se o Brasil vai se planejar para a competição mundial, deve estar em estado de evolução contínua. Por que não apostar no método de tentativa e erro, que já abordei recentemente em outra coluna? Dessa forma, podemos evitar situações como a do brasileiro que foi para os Estados Unidos aprender inglês, não conseguiu aprender, esqueceu o português e ficou mudo. Estamos indo para Israel, ver, aprender e entender a inovação para que possamos voltar ao Brasil com propostas de evolução na bagagem.
 
Tripulação, preparar para a decolagem!
 
*Maxwell Rodrigues, executivo e apresentador do Porto 360°