Fonte: A Tribuna On-line - Editorial

 

Revitalização dos armazéns do Valongo já é almejada há décadas, mas não saiu do papel

 

As expectativas em relação ao Parque Valongo, com inauguração prevista pela Prefeitura de Santos para julho de 2024, são elevadas devido à possibilidade desse empreendimento se conectar às atrações do Centro Histórico, reforçando sua vocação turística e cultural. Entretanto, o projeto se baseia na revitalização dos armazéns portuários do Valongo, do 4 ao 7 (os armazéns 1 ao 3 estão destinados ao Terminal de Passageiros), um objetivo almejado há muitas décadas – tais tentativas não saíram do papel por falta de recursos ou de entendimento com a União.

 

Desta vez, a cessão de uso dos armazéns já está consagrada, após assinatura na última terça-feira entre a Autoridade Portuária e a Prefeitura. Mas o Parque Valongo ainda depende de dois repasses financeiros, o primeiro de R$ 15 milhões por uma empresa privada - ainda não revelada - que vai reconstruir o Armazém 4 (o 5 e 6 terão áreas abertas ao mar). A segunda fonte de recursos, de R$ 20 milhões, será a própria União. Na terça-feira, o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio Franca, esteve na Associação Comercial de Santos e participou da cerimônia de cessão dos espaços, o que reforça o investimento do Governo Lula no projeto.

 

De acordo com o projeto da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, o Armazém 4 será destinado a atividades culturais sob gestão da Prefeitura. O prefeito Rogério Santos (PSDB) disse que a área poderá receber espaço cultural e artístico, incluindo playground de fontes interativas e roda gigante. O Armazém 7 permanecerá subordinado à Autoridade Portuária, que tem planos para ações educacionais e tecnológicas em parceria com universidades.

 

Também é válida a iniciativa da Prefeitura de realizar uma audiência pública sobre o Parque Valongo ainda neste mês para ouvir a sociedade. Trata-se de uma área de grande tradição em Santos e de imenso potencial turístico. Sua destinação se conecta perfeitamente aos museus do Café e Pelé, às vocações da Rua XV e de seu entorno para bares, restaurantes e comércios. O empreendimento ainda estimula a revitalização e reocupação dos imóveis antigos, que após incentivos nas últimas décadas avançaram muito lentamente. Os resultados com o Parque Valongo dependem da participação da iniciativa privada, não apenas em relação à operação do parque, mas futuros negócios que poderão ser gerados no Centro Histórico. Para isso, é de profunda importância que se trabalhe com seriedade e celeridade, pois há uma tradição dos projetos demorarem a sair do papel na Baixada Santista.

 

Deve-se ressaltar ainda que o ministro Márcio Franca, em entrevista a A Tribuna, disse que espera que a transferência do Terminal de Passageiros aos armazéns 1 a 3, um investimento de R$ 1 bilhão (metade do setor privado e a outra do Governo Federal) ocorra de forma simultânea ao do Parque Valongo, o que, se for confirmado, dará novos rumos ao Centro Histórico.