Fonte: A Tribuna On-line / Gesner Oliveira*

 

As mudanças climáticas afetam diretamente o setor portuário. O aumento do nível do mar ou as fortes chuvas podem causar prejuízos bilionários. É imprescindível que o setor busque medidas para mitigação e adaptação a tais mudanças. Além disso, atualmente, boas práticas de governança e sociais são fundamentais para qualquer empresa ou setor atrair investimentos, compondo aquilo que se convencionou chamar de ESG (sigla em inglês para meio ambiente, responsabilidade social e governança).

 

Além de ser uma condição para atrair investimentos, adotar práticas ESG pode reduzir custos. Um exemplo nesse sentido é o projeto de telemetria de água, da empresa Santos Brasil, que ganhou o Prêmio ESG do Grupo Tribuna, reduzindo o consumo de água. O Grupo Tribuna deverá disponibilizar ao público os 51 projetos que concorreram nas categorias pública, privada e em votação popular.

 

Na mesma direção, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) possui iniciativas para incentivar boas práticas de ESG nos portos. O Indicador de Desenvolvimento Ambiental (IDA) e o levantamento sobre equidade de gênero constituem ações dignas de nota. De acordo com a Antaq, apenas 18,4% das vagas no setor aquaviário brasileiro são ocupadas por mulheres e o percentual que cai para 16,1% em se tratando de cargos de gerência.

 

Para atrair novos investimentos, o setor portuário deverá aprofundar as práticas ESG, seguindo uma tendência de outros seguimentos. Outra iniciativa importante foi o Guia de Melhores Práticas de Sustentabilidade Portuária, desenvolvido pelo LabPortos da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) em parceria com a Associação de Terminais Portuários (ATP) e a Associação Brasileira das Entidades Portuárias e Hidroviárias (Abeph).

 

Essa publicação traz recomendações para desenvolvimento e aprimoramento de práticas ambientais, sociais e de governança para as empresas do setor.

 

Boas práticas ESG podem contribuir para melhorar indicadores, atrair investimentos, reduzir o custo de capital mediante melhores linhas de créditos para as empresas e gerar externalidades positivas para a sociedade.

 

Atualmente, a adoção de políticas ESG constitui motivo de destaque para as empresas. Em breve, sua ausência poderá alijar uma companhia na disputa por financiamento, parcerias e clientes. Mais um motivo para ser proativo na agenda ESG, em particular no complexo portuário.

 

*Gesner Oliveira, economista, professor e coordenador do Centro de Infraestrutura e Soluções Ambientais da FGV