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03/04/2023 - 11h38

Novo terminal de cruzeiros no Porto de Santos vai alavancar turismo, destaca secretário


Fonte: A Tribuna On-line
 
Em entrevista, secretário de Turismo e Viagens de São Paulo, Roberto de Lucena, fala sobre planos para o litoral de SP
 
Durante a 45ª Abav Travel SP, encerrada sexta-feira (31) em Águas de Lindoia (SP), o secretário estadual de Turismo e Viagens, Roberto de Lucena, conversou com A Tribuna sobre a recuperação do setor, após inúmeras dificuldades impostas pela pandemia da covid-19. Ele destacou os resultados positivos de 2022 e a tendência de alta nos números para este ano, gerando novas oportunidades de emprego e movimentando a economia. Quanto à Baixada Santista, um dos trabalhos prioritários da atual gestão é melhorar a infraestrutura portuária para receber os turistas em cruzeiros marítimos. Já no Litoral Norte, o foco é a recuperação após as chuvas que mataram 65 pessoas em fevereiro. Confira a entrevista completa a seguir.
 
Após três meses de sua posse, qual a avaliação do senhor sobre o setor do turismo em São Paulo?
 
O turismo em São Paulo vive a perspectiva de grande crescimento em 2023. Nós temos projeções que apontam para possibilidade de um crescimento de 8% e 9% em relação a 2022. Isso garantirá que nós possamos criar entre 60 e 80 mil novos postos de trabalho. Alavancas precisam ser movidas, incentivando novos eixos de turismo, como turismo rural, náutico, gastrônomo e outros. Organizaremos alguns eixos já consolidados e potencializaremos outros.
 
O setor foi um dos mais afetados na pandemia. Já foi possível voltar ao patamar de 2019, último ano pré-pandemia?
 
O ano de 2022 foi o ano da recuperação, pois 2021 foi difícil, sofrido... Em 2022, posso assegurar que o turismo se recuperou em relação a 2019. Em 2023, nós já estamos falando de expansão, de crescimento, e notamos isso na Abav Travel SP. Pela quantidade de pessoas, agentes de viagens, expositores... O turismo voltou com tudo. Hoje, o turismo de São Paulo tem sido uma descoberta para os paulistas, que vêm procurando por viagens curtas e descobrindo o Interior de São Paulo, o Litoral, a Serra, um cardápio muito diversificado de ofertas de lazer.
 
A Baixada Santista é bastante procurada, mas como reter os turistas por mais tempo na região?
 
Em Santos, especialmente, nós estamos trabalhando e incentivando um número maior de cruzeiros marítimos. Temos pautas em discussão, no sentido de facilitarmos essa indústria, de tirarmos os entraves e os nós que impedem de recebermos mais navios que passam pela nossa costa. Hoje, temos 30 navios passando pela costa brasileira, mas só 13 param. Santos é o principal porto do País, principal terminal de embarque e desembarque de cruzeiros marítimos, mas podemos melhorar, ampliar, buscar alternativas ao terminal. Conversamos com o Ministério de Portos e Aeroportos, com diversas secretarias estaduais, com a indústria de cruzeiros marítimos e estou muito otimista. Isso vai fortalecer o turismo em Santos.
 
Quando a gente fala dos turistas que vêm em cruzeiros, existe uma dificuldade de fazer com que eles permaneçam na cidade. Como mudar isso?
 
Um novo terminal de passageiros no Valongo provocaria uma revitalização imediata do Centro Histórico de Santos. Quando você tem um ambiente revitalizado, seguro e atrativo, você acaba induzindo a permanência do turista. E nossa história, como País, passa por Santos, passa pela Baixada Santista. De forma geral, trabalhamos em parceria com as maiores operadoras de turismo do Brasil para promovermos o Litoral.
 
Quanto ao Litoral Norte, o que está sendo feito para promover o turismo local após a tragédia de fevereiro?
 
Temos um problema de imagem, pois por semanas essa tragédia foi tratada como uma crise geral do Litoral Norte. O município mais afetado foi São Sebastião, mas toda a indústria do turismo daquela região foi afetada e está abalada. Diante disso, fechamos parcerias com a CVC Corp, com a Beeflay, estamos assinando um termo de intenção com a Associação Brasileira de Agências de Viagens de São Paulo (Abav-SP), no sentido de juntos, com Sebrae e outros atores, promovermos esse destino. Esse governo vai trabalhar para qualificar o fluxo turístico.
 
O Governo Federal decidiu retomar a exigência de visto para visitantes dos Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália. Isso pode prejudicar o setor?
 
Isso é uma autossabotagem, pois o turismo é tão forte que conseguiu se tornar uma das maiores indústrias nacionais quase sem participação do poder público. Quando o setor público cria obstáculos, surge um desafio muito maior. Temos feito apelos insistentes ao Governo Federal, no sentido que essa decisão seja revista. O presidente Lula ainda não assinou esse decreto e a minha expectativa é que ele não assine. São Paulo defende a continuidade da liberação de visto para esses países. Até porque se fala em reciprocidade, mas é desconsiderado o fato de que não há simetria. Há muito mais interesse brasileiro em que turistas venham desses países para cá do que o contrário. Na década de 1990, Brasil e México recebiam a mesma quantidade de turistas estrangeiros, 4,5 milhões. Hoje, o Brasil recebe 7 milhões e o México chegou a 45 milhões. Fruto de ações como a não exigência de visto desses países, principalmente dos Estados Unidos.