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19/01/2023 - 10h43

Como fazer o Porto de Santos um grande porto mundial


Fonte: Editorial Portogente
 
Foi uma demonstração inequívoca de diálogo, a visita que o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, fez ao sindicato dos trabalhadores do Porto de Santos, nesta segunda-feira (16). Anunciou que haverá uma sala no ministério para recebê-los em Brasília. A questão de não privatizar, demonstra que este propósito não é central, tampouco bem entendido, tendo em vista o fracasso portuário que foi a gestão anterior. Portanto, há muito o que solucionar, num porto que não atingiu, ainda, parâmetros para alcançar o patamar dos grandes portos asiáticos. No Brasil polarizado, o governo Lula não pode errar.
 
Somente a análise permite conhecer a realidade dos fatos: o que melhora com a tomada de decisão e como atingir resultados excelentes. No caso do Porto de Santos, o ministro Márcio França tem ao alcance as condições necessárias para construir uma agenda positiva, com excelente desfecho. Não é um desafio complicado, como a transposição do rio São Francisco, mas também é distante de ser trivial. Há muitos interesses comerciais e que competem entre si; entretanto, também dependem de soluções que precisam construir cooperativamente. O secretário de Portos. Pierdomenico, foi uma escolha esplêndida.
 
No processo de decisão do setor portuário, das cargas aos transportes, tem uma complexidade que passa por instâncias e esqueletos em armários. O entendimento distorcido do papel da Agência Nacional de Transportes Aquaviários - ANTAQ, promove sua indesejável transfiguração em agência executiva. Assim, deixa de ter uma atuação de modo um pouco mais próximo aos próprios interessados na atuação estatal: a sociedade, as empresas prestadoras de serviços etc.
 
Atividade portuária e navegação estão passando por importantes mudanças estruturais, impulsionadas pelas novas tecnologias. Assim, intensifica a pressão para reduzir os custos operacionais, do capital e da transição energética. Qual a posição do Porto de Santos em relação ao hidrogênio verde, que já se encontra em nível de projetos nos portos de Suape, Pecém e Açu? Nos portos do hemisfério norte já se implantam rotas de transporte e produção desse novo combustível, junto ao porto. A vida digital vai acelerar a tomada de decisão e inspirar novas visões das cadeias de suprimento. Temas prioritários e exigentes de uma autoridade portuária competente. O protagonismo que o Brasil está tendo no Fórum Econômico Mundial, que acontece em Davos, também exige competência nos portos.
 
Porto de Santos tem história, política e literatura; valores tão promovidos na gestão municipal Davi Capistrano, com preciosas publicações, úteis à inteligência da missão desse poderoso complexo portuário. Com visões indispensáveis: comercial, social e acadêmica; em síntese, o entendimento da inovação, como um estado permanente. A atividade portuária moderna vai além dos limites dos portos. Esse debate está posto na web, remodelando o futuro, as pessoas, as nações e os negócios.
 
O exemplo do projeto Santos 17, em 2015, uma campanha para dragar o canal de acesso ao porto até 17 metros, mostra a importância de uma alavancagem criativa. Empolgada para superar a impossibilidade de receber navios de grandes calados, a comunidade do porto mobilizou-se serra acima. Os ânimos só esfriaram ao ser demonstrado que o projeto carecia de consistência técnica. Entretanto, a limitação nociva à expansão do porto persiste e, esse desafio, pode ser vencido. Há solução adequada e falta projeto.
 
Quando assumiu, o governo anterior promoveu e aqueceu o debate portuário com a proposta de privatização dos portos. No final, isto se mostrou um discurso vazio. Hoje não há mais oportunidade de uma proposta politiqueira. Vive-se uma realidade mundial urgente e uma ameaça nacional, por um dispositivo montado nas redes sociais para manipular a opinião pública e coordenar ações. Decerto, o túnel submerso é necessário e inadiável; sem prejuízo da construção do porto oceânico, urgente. Cabe ao ministério de Portos avançar e aplicar, com êxito, práticas empresariais, para solução de problemas públicos.