Fonte: A Tribuna On-line / Maxwell Rodrigues*

 

Caso o debate continue entre qual lado está com a razão, bombordo ou boreste, olharemos apenas para a popa

 

Os lados do navio são chamados de bordos. Assim, temos bombordo, à esquerda do rumo da embarcação, e boreste, à direita. Desde os primórdios da história marítima, o boreste é o mais importante, por ter sido, originalmente, o lado do leme. No início, as embarcações eram simples canoas de madeira, muitas vezes produzidas com um tronco. Mas, assim como nos negócios, tudo se aperfeiçoou e se modernizou.

 

Em paralelo, o Porto de Santos vive um momento único quando nos referimos à representatividade política em Brasília e no Governo do Estado. Temos como ministro de Portos e Aeroportos Márcio França, que foi prefeito de São Vicente, governador e vice-governador do Estado. Ele escolheu o ex-diretor da Codesp, ex-secretário de Planejamento e Desenvolvimento Portuário e consultor portuário de larga experiência Fabrizio Pierdomenico para ocupar a cadeira de secretário de Portos - desde já, o nome é considerado pelos principais players do setor portuário como a pessoa certa, no local certo e no momento certo.

 

Além disso, na Câmara, nossa região contará com quatro deputados federais: Rosana Valle (PL), Delegado Da Cunha (PP), Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) e Alberto Mourão (MDB). Já em São Paulo, temos o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) no Governo e elegemos cinco parlamentares estaduais:

 

Tenente Coimbra (PL), Caio França (PSB), Paulo Mansur (PL), Solange Freitas (União Brasil) e Paulo Corrêa Júnior (PSD).

 

Em um momento tão polarizado entre boreste e bombordo, devemos entender que o mais responsável a se fazer é olhar para a proa do navio e navegar em frente com as pautas estruturantes que o Porto de Santos precisa. Em uma agenda em que capacidade, privatização, dragagem e instabilidade são debatidas, um pilar chama atenção ao impactar diretamente as operações e a vida de quem mora em nossa região: as ligações secas.

 

As notícias são de recordes atrás de recordes e estamos olhando para a expansão do Porto, mas como será a vida sem uma nova ligação com São Paulo e sem a ligação com o Guarujá? Uma nova Rodovia dos Imigrantes é fundamental para não colapsar um sistema que está estrangulado e compromete as operações do maior complexo portuário da América Latina. Motoristas de caminhão utilizam a Via Anchieta para descer ou subir a Serra. Isso afeta o trânsito, os custos e a segurança de todos.

 

Por outro lado, a falta da ligação entre Santos e Guarujá demonstra que a relação Porto-Cidade inexiste ou é bem frágil, pois a mobilidade urbana está bem distante se comparada a outros portos do mundo. Você já tentou sair da Margem Direita e ir para a Margem Esquerda? Em determinados dias, é mais fácil chegar em Campinas do que em Guarujá.

 

França pode acelerar a ligação entre Santos e Guarujá cuidando do rumo a bombordo dessa "embarcação" chamada infraestrutura e Tarcísio deve se preocupar com o curso a boreste do navio, certificando-se da execução de uma nova ligação com o Planalto. Essas obras darão a possibilidade de executar todo e qualquer planejamento futuro, sem impactar na vida das pessoas e na capacidade operacional do Porto. Ambos não podem deixar um legado de expansão do Porto sem que não tenham pensado na infraestrutura adequada, concorda?

 

Com a União cuidando de uma agenda e o Estado de outra, certamente conseguiremos avançar. Caso o debate continue sobre qual lado está com a razão, bombordo ou boreste, continuaremos preocupados com a popa do navio, navegando e olhando para trás e não para frente (proa).

 

Como Paulo Alexandre Barbosa disse recentemente ao programa Porto 360° - Entrevista, “precisamos parar de tocar a bola de lado e começar a fazer gols”. Já que, agora, o Porto de Santos pode ser chamado de Porto Pelé, quem sabe façamos mais de 1.000 gols, como o Rei do Futebol. Aguardaremos, cobraremos e acompanharemos!

*Maxwell Rodrigues, executivo e apresentador do Porto 360°