Fonte: A Tribuna On-line / Gesner Oliveira*

 

O terceiro evento da Agenda ESG Tribuna, que ocorre nesta quarta (23), trará exemplos concretos de ESG nos portos

 

Os desafios e oportunidades para as políticas de ESG (Environmental, Social and Governance, na sigla em inglês ou ASG em português) nos portos são inúmeras e têm surgido em diferentes regiões do planeta.

 

A última coluna abordou três temas relevantes nessa área para o setor portuário: adaptação à mudança climática, água e energia. O terceiro evento da Agenda ESG Tribuna, que ocorre nesta quarta (23), trará exemplos concretos de ESG nos portos.

 

Um exemplo interessante é o do Porto de Houston (Texas, EUA). Trata-se de um dos maiores do mundo, sendo o primeiro dos EUA e o 13º do mundo em tonelagem, localizado na quarta maior cidade dos Estados Unidos. Foi o primeiro porto a usar 100% de energia renovável em suas operações desde 2020. Além disso, possui projeto de reflorestamento com a meta de plantar 1 milhão de árvores em seu entorno até 2030.

 

No Brasil, merece destaque o Porto do Açu, localizado em São João da Barra (RJ), com área total de 130 km² e nove terminais. O complexo foi inaugurado em 2014 em uma região estratégica para a indústria petrolífera, dada sua proximidade com as bacias de Campos e do Espírito Santo, tendo sido concebido para escoar a produção de minério de ferro.

 

Entre as iniciativas ESG do Porto de Açu está a reserva ambiental de Caruara, o maior espaço remanescente da restinga em área privada do Brasil. Tal reserva foi criada de forma voluntária, na fase de construção do porto, em 2012, buscando preservar a biodiversidade da região próxima ao porto. O projeto contempla iniciativas que vão desde o fomento de atividades turísticas com a população local até a proteção de espaços estratégicos para a reprodução de animais, como as tartarugas marinhas.

 

Mas como avaliar a evolução dessas e de outras inciativas dos portos no Brasil? A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) criou um indicador de desenvolvimento ambiental (IDA) que pode ser útil para que os vários portos estabeleçam benchmarks para suas políticas de ESG.

 

O IDA é um ranking com quatro pilares: econômico-operacional, sociocultural, físico-químico e biológico-ecológico. São 38 indicadores com pesos diferentes. Com dados disponíveis desde 2012, é possível observar uma melhora no IDA que subiu de 57,80 em 2012 para 77,38 em 2021. O líder do último ranking é o Porto de Itajaí (SC), que está em primeiro lugar desde 2017. Por sua vez, o Porto de Santos ocupa a sétima posição, tendo sido quarto em 2019.

 

O Grupo Tribuna irá lançar nesta quarta (23) um prêmio em mais um debate do ciclo Agenda ESG Tribuna. A iniciativa visa reconhecer projetos ESG dos setores público e privado, como os exemplos dos portos de Houston e do Açu.

 

Incentivar as melhores práticas ESG é uma missão de toda empresa e da sociedade. O prêmio é oportuno ao contribuir para a disseminação das melhores práticas ESG, como algumas das ilustradas aqui na atividade portuária. A política e a economia têm tempos próprios. Urge acelerá-los, porque o tempo da natureza é implacável.

 

*Gesner Oliveira, economista, professor e coordenador do Centro de Infraestrutura e Soluções Ambientais da FGV